❌NOVA VERSÃO❌
Kiara Bianchi, a italiana conhecida com Dama da Morte. Criada para cumprir e seguir apenas dois objetivos postos em sua vida. Dona de si, um tanto solitária, encontrará em Ethan Petrovsky uma desordem no seu mundo particular.
Em busca...
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As lembranças iam e vinham a todo instante. O cheiro do sangue fresco traz a exata memória de Niko jogado ao chão de bruços, com suas costas banhadas em vermelho pelos ferimentos que não davam para encontrar o começo e o fim. Igor Petrovsky foi um grande desgraçado da tortura, e mesmo que por sua incansável e doentia alegria de nos furar e rasgar até que nossos gritos fossem silenciados pelos desmaios constantes que tínhamos, sei que o homem que sou hoje foi moldado por ele, e mesmo odiando saber disso, gosto de ser quem sou.
A minha raiva, meu ódio, é pelo meu irmão. Niko era bem mais novo do que eu, uma criança, inocente de tudo. Meu irmão não tinha idade para a iniciação, inferno, nem mesmo eu tinha. Ver, lembrar de Nikolai sangrando, gritando, implorando por ajuda, por minha ajuda, e não poder fazer nada, não conseguir fazer nada, ainda me assombra.
Os infernais meses em que nosso tio estava sobre nossa posse foram algo que jamais conseguirei esquecer, por mais que hoje nada do que aquele filho da puta tenha feito comigo me assombre ou me cause medo, lembrar de tudo o que vi ser feito com meu irmão me mata por dentro.
Nossos corpos cheios de cicatrizes, algumas escondidas pelas tintas de nossas tatuagens, ainda são sentidas se tocarmos. A dor de um tiro, uma facada ou até mesmo o calor de um ferro quente em nossas peles, hoje, não nos causa pavor, mas naquela época tudo isso, com a fome, sede, nos causa pavor. Não dormíamos, o tempo em que nossos olhos ficavam fechados era somente quando apagávamos de tanta dor.
Nos alimentavam uma vez por semana, isso se não tivéssemos o aborrecido ou fossemos incorrigíveis com a sua autoridade. Eu mesmo fiquei um mês inteiro sem comer, as ordens de meu tio eram somente dar-me água para não morrer, e essa foi a parte fácil do processo. Igor sempre deixou claro o quanto odiava a minha desobediência, e mesmo eu estando assustado com medo de sua presença, nunca abaixei a minha cabeça, e foi por essa razão que ele fazia seus experimentos de 'castigos' comigo.
Mesmo ao ponto de mentalmente implorar para desistir, fazia questão de receber as punições de bom grado por saber que o cansaria tanto ao ponto de não ter tanta energia para gastar com meu irmão. Mas Igor Petrovsky não era um homem tolo, aquele maldito não demorou muito tempo para perceber o meu jogo e, desde me torturar, cortar, queimar, afogar, rasgar-me ao meio, ele fez pior, ele brincou com a minha cabeça.
Assistir ele destroçando a alma inocente de meu irmão aos poucos todos os dias e noites, foi a pior coisa que me aconteceu. Os gritos preenchem a sala quando Kiara tira o terceiro dedo da mão esquerda de seu prisioneiro. Meus olhos se fecham momentaneamente e por segundos consigo ouvir os gritos de Nikolai quando a ponta da faca de nosso tio rasga seu peito uma, duas, três vezes..
Me forço a não me jogar nessas infernais memórias, nas quais sei que intensifica a minha raiva. Eu sobrevivi àquela merda toda, Nikolai sobreviveu. Ele está vivo, mesmo que uma parte gigantesca dele tenha morrido diante de meus olhos durante aqueles malditos dias intermináveis dentro daquela maldita casa.
