Os Escolhidos - A Missão do Anjo Liliel

Capítulo 2 - Noite de Carnificina 2 - Que o Show Comece.

          As luzes se acenderam novamente e após alguns segundos já se podia enxergar com perfeição, sem aquela fumaça toda ao redor da Gaiola da Morte, como era chamado o ringue, devido as enormes grades em forma de uma gaiola que cercava o local da luta.

          Um compartimento no chão começava a se abrir lentamente e já se podia avistar uma face de tez morena, cheia de cicatrizes e com um semblante, que mais lembrava um cachorro raivoso mostrando suas presas e babando de tanto ódio. Seus cabelos eram vermelhos feito o fogo, com um penteado que mais lembrava a crista de um galo. Um estilo conhecido como corte moicano, onde seus fios capilares apenas no centro, se desenhavam por cima da testa ate o final de sua nuca com aproximadamente 12 centímetros de comprimento, espetados para o alto como se tivesse acabado de levar uma carga elétrica como nos desenhos animados. Vestia apenas uma bermuda jeans cinza surrada e manchada de sangue, com vários rasgos na região de suas coxas.

          Antes mesmo da luta ter inicio,Cicatriz já começara seu show de horrores ao estender sua mão direita cobertade sangue feminino, mostrando ao publico a cabeça de uma jovem garota decabelos escuros e de pele morena, onde jorrava sangue aos litros. O queindicava que tinha acabado de ser decepada. Onde outrora pertencia a uma criança que deixava de existir no mundo dos vivos aos onze anos de idade. Essa era a natureza daquela besta predatória. Um terrível maníaco que não poupava ninguém. Homens. Mulheres. Crianças e Idosos. Todos eram vitimas de sua terrível carnificina que não estava nem longe de acabar.

          — AHHHH!! — Urrou de forma feroz ao lançar a cabeça da menina ao solo, bem encima da poça de sangue que acabara de se formar. Para então demonstrar ainda mais sua brutalidade e insanidade, pisando de forma agressiva na face morta daquela pobre criança, que estourou como um ovo de galinha. Olhos saltaram. Ossos se partiram. Sobrando apenas uma pasta de sangue e massa cefálica. O publico adorou. Fato demonstrado com gritos de euforia. Gritos sádicos. Se o inferno realmente existe. É aqui que o diabo mora. Um diabo chamado Cicatriz.

          Em meio aquela multidão alucinada.Alguém parecia não estar gostando muito do ato covarde daquele lunático. Pordebaixo de um capuz branco que tornava grande parte de sua face enegrecida pelasombra de seu pano, via -se olhos de raiva e ódio. Não. Compaixão. Era o quedescreveria melhor a expressão de seus olhos de cor escura. Sua mandíbularaspava em seu maxilar superior e bufava em ritmos desenfreados. Mas preferiuse acalmar. Não poderia estragar tudo. Ele vingaria aquela pobre criança e todas as outras que foram violentadas e mortas por aquela criatura vil e desprezível. Só aguardava uma ligação. Porém, ainda temia que mais alguma criança padecesse.

          Ele não se importava se Cicatriz matasse os condenados que estavam para ser jogados na Gaiola. Eram assassinos. Pedófilos e estupradores. Seria ate um favor para a sociedade. Mas a morte daquelas crianças não seriam perdoadas. Ele iria pagar com a própria vida por tal crueldade. Sentiria o fio de sua grande navalha. Iria pagar com sofrimento e dor. MUITA DOR.

          Enfim a tão esperada luta iria começar. Na ala norte do clube, uma escolta armada conduzia os condenados por um corredor iluminado por centelhas incandescentes, que brotavam do chão afim de conceder uma entrada impactante dos três homens. Vestiam um tipo de macacão acinzentado com um numero de série, que os identificavam. Suas cabeças estavam cobertas com um saco de pano encardido, que os impossibilitavam de ver o caminho que estavam trilhando. Estavam algemados com as mãos para traz e seus passos eram dificultados devido as correntes presas em seus tornozelos.

          O locutor fazia as apresentaçõesfinais e anunciava o inicio do combate. Os nomes dos prisioneiros foramapresentados apenas pelos números discriminados em seus uniformes -  0028. 0126 e 0023. O público ia ao delírio. E o nome de Cicatriz era clamado de todas as formas. Incitando ainda mais o predador. Por fim, os três desafiantes foram soltos de suas amarras metálicas e tiveram os sacos de panos removidos de suas cabeças.

          Foram jogados dentro da gaiola.

          Ao soar do gongo, os três criminoso se espalharam de forma tática pelo ringue. Afim de encurralar Cicatriz e então dificultar sua movimentação, criando vantagem para um ataque coletivo. O carrasco gargalhava de forma debochada da tática infantil dos adversários, como se não representasse nenhuma ameaça para ele.

          Na posição de frente à Cicatriz, 0023 aparentava ser o mais forte dos três. Era alto e musculoso. Não como Cicatriz, que era alguns quilos mais pesado que ele. Mas isso não o intimidava. Também era um assassino frio e cruel. Penteava um estilo rabo de cavalo preto na altura dos ombros. Sua pele era branca um tanto pálida. Seus olhos castanho claro estavam fixo em seu adversário, com um semblante misto de preocupação e ódio. Foi condenado por assassinar sua própria esposa de forma covarde enquanto dormia, com múltiplas facadas no abdômen.

          0028 era gordo, com aproximadamente100 kg mal distribuídos em sua baixa estatura de 1,65m de altura. Beirava seus 26 anos de idade. Sua pele de tom escuro era coberta de tatuagens indígenas, que mal se distinguiam uma da outra devido a tez de sua pele. Se posicionava na lateral esquerda de Cicatriz. Fora condenado por dirigir bêbado, atropelando e matando 13 pessoas que estavam em um ponto de ônibus em um bairro do subúrbio carioca, quando perdeu o controle de seu Corsa de cor verde. Além de estupros e homicídios do qual era fugitivo.

          Posicionado na retaguarda de Cicatriz estava 0126. Um asiático magricela de 1,76m de altura que beirava seus 42 anos. Apresentava um cabelo grisalho de pouco volume com duas entradas laterais acima da testa. Sua postura era desengonçada e aparentava feições de medo e covardia, onde tentava se distanciar a cada movimento de seu inimigo. Condenado por matar seu parceiro homossexual com um disparo na cabeça feito por um revolver de calibre 0.38, ao descobrir que o mesmo o traíra com outro homem.

          Cicatriz permanecia estático, com a guarda baixa e olhar distante. Costumava subestimar todos os lutadores, isso não era de se estranhar.

          — Estão esperando o que? Venham seuscovardes — Gritava Cicatriz impaciente. Solicitava a iniciativa doscombatentes. Sua voz era bastante estridente e ameaçadora. Também pudera, com a fama que tinha e seu enorme porte físico, qualquer coisa vindo dele se tornava ameaçador.

          0028 tomou a iniciativa.

          Partiu para cima de Cicatriz como um rolo maciço, prestes a esmagar o que tivesse a sua frente. Soltou um grito com toda força que podia, e se lançava com toda velocidade e força afim de colidir com Cicatriz, para então causar uma vantagem para seus companheiros.

          Cicatriz ficara parado sem ao menos tentar se defender. Estava planejando alguma coisa. Mas ele nunca planejava nada. Era só bater e bater. — E matar também.

          0028 se encontrou ao corpo de Cicatriz em um impacto explosivo, arrastando seu adversário de encontro a grade da gaiola. Cicatriz caiu sentado, babando e tossindo, devido ao forte ataque que atingira seu diafragma. O público ia ao delírio.

          O gordo se enchia de gloria, levantando suas mãos para o alto clamando palmas e esperando ouvir seu nome.

          Mas tudo que ouviu, fora a voz do 0023.

          — Seu pançudo idiota! Atrás de você. — Gritava com tom de raiva ao ver o quão pretensioso tinha sido 0028, ao achar que tinha derrotado seu adversário. 

          0028 sentiu um formigamento em seu peito ao mesmo tempo em que sua boca se enchia de sangue, que fora cuspido de forma torrencial se juntando ao liquido vermelho que vazava aos litros de um buraco que surgira no meio de seu tórax.

          O punho direito de Cicatriz acabara de atravessar 0028 na altura do osso esterno — mais ao lado do peito esquerdo —, segurando um músculo que pulsava lentamente. - Seu coração - E em um movimento rápido e brutal, Cicatriz puxava seu braço de volta, abandonando o corpo do adversário, que tombava ao chão sem vida, apresentando contrações típicas de um cadáver fresco.

          — Próximo.