Capítulo 58 - Pizza e Plantas

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No interior daquele edifício médico, tudo corria como natural. Pacientes aguardando atendimento em filas quilométricas, uns de pé, outros sentados e até em cadeiras de rodas e macas. Como sempre aquele hospital estava abarrotado de gente. Era um caos. Um terrível furdunço.

Há alguns anos atrás, em campanha politica, a saúde do Estado, havia recebido milhares de Reais em investimento do Governador regente, que por sua vez, após ser eleito em mais um mandato, simplesmente esqueceu e a largou às traças – literalmente ─. 

Mas o pior não fora só isso, nesse mesmo ano bilhões de dólares americanos fora investido em um evento internacional de futebol que seria realizado no ano seguinte em nosso país. Em consequência, a educação e a saúde, a alimentação e a cultura, foram esquecidas e largadas. Um tremendo descaso com a sociedade brasileira, com a sociedade carioca.

Liliel sentia em seu subconsciente a aflição de todos ali presentes. Dor, tristeza, sofrimento e enfermidade. Isso lhe causava um imenso mal, ainda mais sendo a primeira vez que a pequena anjo da guarda vinha à terra dos homens. Mas isso precisava ser resistido e superado, ainda mais após o encontro com a dupla de viajantes temporais onde a mesma, teve completa certeza de que os "Escolhidos" realmente existiam, e pior, uma grande ameaça estava prestes a tomar conta de todos eles, de toda a terra. 

Mais do que nunca ela teria que encontra – los e reportar seu sucesso ao seu mestre, O Arcanjo Rafael, o Bondoso. O príncipe dos Anjos da Guarda.

Por algumas horas, Liliel rodou e procurou por todos os seis andares daquele edifício o homem chamado André. Um homem que segundo Bond, seria capaz de ajuda - la em sua missão a encontrar Derek, um Escolhido segundo a anjinha. Mas não encontrou ninguém.

– Ai gente. – Exclamou como uma criancinha indignada batendo o pé no chão. – Poxa! Já subi e desci uma infinidade de escadas e nada. Acho que aquele homem se enganou. – Sentou – se nos degraus no meio da escada do 4º andar, apoiou o cotovelo nas pernas e segurou o rosto, prestes a cair em prantos, mas algo chamou sua atenção.

Liliel sentiu como se a qualquer momento, seria arrastada pela densidade de 10 bombas nucleares. Por um momento teve que concentrar toda sua energia espiritual para se manter em nosso plano físico. Estava quase sendo arrastada para o plano espiritual, pois sentiu como se seu avatar estivesse a ponto de ser completamente destruído.

De longe, através do tecido, via - se dezenas de dúzias de espíritos sendo arrastados pela poderosa energia que invadia os arredores. Pobres criaturas, acabaram de desencarnar e nem tiveram a chance de salvação. Nem pelos anjos da guarda e nem pelos anciões espiritas. – Os seres humanos tem uma dadiva concebida por Deus chamada de Livre Arbítrio. O sopro de Deus. A alma. O que lhes dão uma segunda chance após a morte da carne, para que possam voltar ao mundo espiritual e então aguardar o dia o Juízo Final. Mas nem a benção de Deus os salvou, aquela misteriosa e poderosa energia destruiu a energia espiritual daqueles infelizes, apagando para sempre sua misera existência humana. Para Sempre.

Os anjos da guarda que rondavam todo o edifício, se viam em uma situação onde eles mesmo, protetores e guias dos seres humanos, não podiam fazer nada. Muitos deles voltavam para os céus temendo aquela forte descarga sobrenatural, que naquele momento já havia findando não só as almas humanas, mas também diversos coros de anjos, fazendo com que voltassem a essência dos cosmos sem mesmo entender o que realmente havia acontecido. 

Se nem mesmo os anjos tinham o poder de resistir aquela força misteriosa e destrutiva, o que seria dos pobres humanos?

– Mas o que é isso gente? – Gritou assustada. – Anteciparam o apocalipse? Nossa, que desgraça meu Senhor, quantos se foram? Dezenas? Não, centenas. Centenas de almas e anjos se foram em um piscar de olhos.

Liliel subia e descia freneticamente as escadas como se não tivesse para onde ir. Mas na verdade estava certa, não havia escapatória, uma força completamente superior a tudo que existia nesse mundo, nesse universo, estava presente naquele hospital. Liliel lembrou - se das palavras de Bond e temeu que sua profecia estivesse a se cumprir, que a força tirana que destruiu seu mundo, estivesse chegado a sua realidade.

– Tá bom. – Se recompôs e limpou as lágrimas. – Esta na hora da "Super – Liliel" entrar em ação.

Liliel desatou a correr pelas escadas, venceu os andares, procurou em todos os quartos. Mais e mais a energia sinistra e destrutiva estava próxima ao seu alcance. Sabia que seria um suicídio ir de frente a tal poder, mas não poderia ficar de braços cruzados e ver seus irmãos e protegidos serem simplesmente dizimados. Não poderia deixar aquela força ameaçar a natureza criada por Deus.

No quarto da enfermaria, André e o espirito de Eliza temiam por sua existência, aquele ser misterioso, pulverizo em segundos aquela enfermeira que acabara de entrar, sem ao menos encostar um dedo nela. Estava completamente fora da imaginação de qualquer ser, alguém com tais capacidades e poder. Um ser que com certeza, não pertencia aquele mundo e que ameaçava a vida de André sem motivo algum.

─ Seja la quem for, se afaste de meu homem. – Eliza saltou a cama e ficou entre os dois, suas pernas tremiam e sem se dar conta, seu corpo espiritual ia desaparecendo lentamente. – Eu não sei de qual festa a fantasia você saiu mas... – Eliza sentiu um formigamento percorrer seu espirito e notou que suas pernas já não existiam mais e seus braços, iam desaparecendo também. – Mas...Mas o que esta acontecendo?

Desapareceu. Desapareceu completamente ao fechar de punhos da criatura dourada.

Explosão.

De dentro do corpo de André, irradiava uma forte energia bicolor – uma mistura de vermelho e azul, como fogo e gelo. As amarras que o prendiam a cama se desintegraram e seu corpo começou a levitar uns trinta centímetros acima de onde estava deitado. Aquela estranha energia que emanava de seu corpo ia tomando uma forma cilíndrica em espiral, contornando seu corpo em movimentos aleatórios e repetitivos.

Um mini tornado, se formava com aquela energia o levando a ficar na posição de pé, mas ainda levitando. O ser dourado apenas assistia sem fazer completamente nada, era como se tivesse esperando alguma reação daquele homem, como se já soubesse o que esperava. André finalmente estava de pé no chão e após alguns segundos, toda aquela energia voltava para dentro do corpo do rapaz, como o oxigênio ao ser inspirado para dentro dos pulmões.

Seus olhos se abriram.

Algo semelhante a uma gargalhada, era ouvida por dentro daquele capacete sinistro enquanto o cavaleiro de ouro erguia sua mão direita contra André, que pelo visto, mesmo com os olhos abertos ainda permanecia no mesmo estado débil de antes.

Straynovisc havok tragnovis – Uma voz melódica, feminina e suave era ouvida por detrás do cavaleiro de ouro. Mas não era ele. – Travosky ravena sataná.

Um buraco negro de aproximadamente quinze centímetros de circunferência se abria na retaguarda do cavaleiro, e por detrás daquele fenômeno, surgiu em grande velocidade um cipó grosso e verde de dez centímetros de circunferência coberto por espinhos pontiagudos de cinco centímetros, que agarrou o ser dourado pelo punho direito. Outro buraco negro e mais um cipó, desta vez segurando o outro braço pelo punho quando se preparava para ergue – lo contra André novamente.

André permanecia estático.

Mais um, dois e três. Mais três cipós e buracos negros respectivos surgiram em seguida, terminando de prender o cavaleiro pelas pernas e por ultimo onde seria o pescoço. O forasteiro se debatia tentando se soltar mas a força dos cipós o mantinham sob controle – que pelo visto a muito custo e com muita dificuldade, pois os chicotes de planta parecia que iam se romper a qualquer momento.

No teto do aposento, começava a cair poeira e pequenos pedaços de cascalhos, para finalmente se quebrar por completo, desabando uma grande quantidade de entulho de gesso entre André e o cavaleiro. 

Do meio dos escombros, um homem de pele negra e armadura prateada ornamentada com a face de um lobo se erguia limpando o excesso de poeira de sua vestimenta. 

Era Bond, o guerreiro do futuro. – Alguém pediu pizza?

Os Escolhidos - A Missão do Anjo LilielOnde histórias criam vida. Descubra agora