Os Escolhidos - A Missão do Anjo Liliel

Capítulo 36 - A traição de Morgana

Tudo parecia sem sentido para Morgana. Havia descido dos céus sem permissão e ainda enganando um poderoso Anjo Guerreiro. Seria severamente punida, seria condenada a viver como um renegada na terra, ou algo pior, não sabia. Porém era ardilosa, depois que aquele demônio desse um fim em Liliel, ela de uma forma ou de outra iria manda – lo de volta para as profundezas do inferno e sairia como heroína por ter achado o Escolhido. Estava tudo conspirando a seu favor.

─ Liliel. É muito perigoso. ─ Argumentou ─ Nós duas não somos páreas para um demônio. Seremos destruídas. Façamos o seguinte, ambas sabemos que sou mais experiente que você, ─ Morgana fazia questão de enfatizar sua superioridade ─, há alguns minutos atrás eu senti uma forte energia maligna não muito longe daqui. É ele, Eu tenho certeza. Você vai na frente e me espera, eu tenho mais facilidade em me desmaterializar e voar. Irei procurar pelo Anjo Guerreiro Absalon, com ele com certeza iremos colocar um fim nisso tudo. Por favor não faça nenhuma besteira até nós chegarmos tudo bem irmã?

Liliel sabia que era arriscado ir de encontro ao demônio sozinha, mas sabia que se fosse com Morgana procurar Absalon só iria atrapalhar, só podia se desmaterializar uma vez por dia pois exigia bastante energia que ela não tinha. Também não sabia voar direito e só iria atrasar – los, não poderia deixar Derek sozinho com aquele demônio. No máximo poderia atrasa – lo até que a ajuda chegasse. 

Sim. Era isso que iria fazer. Com um movimento positivo de cabeça concordou com Morgana que em forma de agradecimento pela sua compreensão lhe beijou a face. O beijo de Judas.

Morgana antes de partir criou um rápido vinculo com Liliel para ajuda – la a sentir a energia do Escolhido, que embora ter tido bastante dificuldade, conseguiu sentir a energia de Derek bastante enfraquecida e a do demônio que estava com ele, mas eles não estavam sozinhos. Sentiu também duas presenças humanas e outras duas desconhecidas por ela, também bastante enfraquecidas. Notou também que Morgana parecia não saber sobre elas e resolveu não lhe contar.

Liliel fechou os olhos por alguns segundos e se desmaterializou com ajuda de Morgana, que lhe cedeu um pouco de energia. Não poderia deixar que Liliel demorasse uma eternidade para conseguir usar sua divindade e tinha pressa em ver sua desgraça.

Liliel bastante animada e tensa, pulou pela janela adentrando no plano espiritual.

─ É a ultima vez que tenho que lhe ajudar a fazer alguma coisa. ─ Morgana limpava suas lágrimas de crocodilo e gargalhava, comemorando o sucesso de suas artimanhas. ─ Será seu fim pirralha. Agora preciso verificar que droga de energia de dor é essa que to sentindo aqui dentro. Odeio ser anjo da guarda. ─ Morgana apesar de tudo ainda era um Protetor. Sentia a energia de tristeza e dor dos seres humanos. Algo que estava transbordando naquele apartamento.

Chovia. Eram quase 4 horas da tarde e o movimento de carros pela cidade estava calmo e tranquilo e poucas pessoas caminhavam pelas redondezas. Seria fácil para Patrick despachar os restos mortais da menina. Perto dali havia uma caçamba imensa onde os moradores depositavam seus lixos, seria ideal. Com o pouco movimento aquela hora e com aquela chuva ninguém notaria, e se descobrissem o que havia naquele saco de lixo seria tarde demais para saber quem fora. Já estaria longe.

Patrick pegou um cigarro e um copo de café. Estava tenso mas já estava se acostumando. Temia sim, de alguém descobrir e acabar sendo preso. Pode não ter matado aquela garota mas participara de seu esquartejamento e agora obstruía as provas do assassinato. Seria melhor denunciar o verdadeiro autor daquele crime, mas agora suas digitais estavam por todo o corpo. Era tarde demais. Ja fazia parte. Era cumplice de assassinato.

A televisão agora ligada anunciava o acidente que havia tomado conta de um bairro vizinho. O incêndio que há horas desafiava a capacidade e experiência do corpo de bombeiros. Um helicóptero sobrevoava o local aguardando as ordens de seus superiores para invadir. Relatos diziam ser obra de Derek que voltava a agir como justiceiro fora da lei, assassinando criminosos e desafiando as autoridades. A equipe de reportagem mostrava e narrava todos os detalhes. A multidão agitada gritava o nome do justiceiro. A policia tinha problemas para conter aquela multidão, que mesmo após a chuva ter começado a cair não se retiraram do local. O que estava de certa forma atrapalhando o trabalho da força policial.

Patrick sem cabeça para mais desgraças, desligou o aparelho de televisão.

Sentado no sofá pensava em tudo que estava acontecendo e não acreditava que tanta desgraça pudesse estar acontecendo. Pegou seu aparelho celular e vasculhava sua agenda telefônica. Precisava conversar, desabafar com alguém de confiança o que estava acontecendo, mas não achou nenhum contato interessante ou confiável. Melanie havia desaparecido e as meninas continuavam a dormir mesmo a essa hora da tarde. Foi nessa hora que sentiu como se estivesse sendo observado.

Sem animo e como se fosse desfalecer a qualquer momento, foi ate a cozinha imaginando se tratar das meninas, mas não tinha ninguém e para piorar constatou que Liliel não estava mais no quarto, o que pirou seu estado de aflição. Não conhecia a menina e temia que ela os denunciassem. As coisas estavam deveras complicada e parecia que seu coração iria sair pela boca a qualquer momento.

Morgana se assustou, achou que tivesse sido vista mas seria impossível, estava desmaterializada, estava no plano espiritual. Mesmo assim sentiu que o rapaz havia captado sua presença, mas entendeu que foi apenas uma reação de medo. Quando se esta fazendo algo errado, sempre há a sensação de estar sendo vigiado, e pensando assim, continuou a observar o rapaz.

Algo lhe chamou bastante atenção, algo misterioso irradiava da energia mortal daquele humano. Tentou se aproximar mas parecia que Patrick sentia sua presença pela forma inquietante que olhava para os lados, principalmente em sua direção como se estivesse a vê – la.

Uma energia muito forte e fúnebre estava presente naquela cozinha e isso a inquietava. Tentou se concentrar por alguns segundos e viu que se tratava da energia espiritual da falecida, estava bastante forte. Se aproximou e se ajoelhou perante uma enorme mancha de sangue que ficara no piso mesmo depois de ter sido esfregado. Fechou os olhos e supôs que fora ali que sua vida fora tirada, Porém, nesses casos o espirito recém desencarnado era para estar vagando naquele apartamento. 

Nao sabia como havia morrido mas pela energia que estava a sentir, imaginou que fora de uma forma bastante dolorosa e cruel. Aquela sensação lhe incomodava, era um anjo da guarda e sua missão nesses casos seria guiar o espirito ao caminho certo, lhe dar conforto com palavras de paz e esperança para que a alma não ficasse vagando para sempre em dor e sofrimento. Foi então que decidiu verificar o que realmente havia acontecido.

E na maior parte de sua existencia, odiava bancar a anjo da guarda boazinha.