Capítulo 38 - Derrotados

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Fabrica de Papel

A força policial já estava preparada para invadir a fabrica de papel afim de pegar o responsável pelo incêndio e pelas mortes. O corpo de bombeiros estava fazendo seu trabalho a mais de 40 minutos e o fogo parecia não querer cessar, foi quando algo fora do normal aconteceu. O incêndio lentamente ia diminuindo para dentro de alguns segundos desaparecer por completo, algo que parecia normal aos curiosos devido ao trabalho dos bombeiros, porém, um militar sabia que não havia sido o trabalho deles que acabara com o incêndio. Algo muito estranho havia acontecido, mas decidiu não comentar nada.

O incêndio havia cessado. Era isso o que importava.

Estava tudo preparado para a equipe aérea invadir o local. Após o sinal do comandante da policia, um grupo de cinco homens fortemente armados adentraram a fábrica pelo terraço da mesma, e mais sete policiais entraram pela entrada principal. A equipe de reportagem narrava com precisão todo o acontecimento, principalmente a ação agressiva da policia que tentava conter a multidão com tiros de bala de borracha e gás de pimenta. Estava um verdadeiro caos.

O comandante da operação falava em seu rádio transmissor com um dos soldados que já estavam no interior da fabrica. Estava tudo calmo, a não ser pela quantidade de corpos carbonizados que se encontravam la dentro. Todos os soldados tinham ordem de atirar para matar assim que se deparassem com Derek, que acreditavam ser o responsável por tais atos.

O sol voltava a aparecer no firmamento, as nuvens negras carregadas se dissipavam lentamente e Chuviscava timidamente, o que não impedia os curiosos de continuarem ali. Muitos se protegiam com guarda chuvas ou capas de plástico, todos queriam estar presente para terem certeza se era realmente Derek. Muitos tinham tomado uma distancia segura para não entrar novamente em conflito com a policia. A confusão havia sido controlada e os policiais estavam convictos com o sucesso da operação.

Dentro da fabrica, Charlie havia se mostrado outra pessoa, outro ser, surpreendendo até Derek, que por esse motivo acabou sendo nocauteado misteriosamente por uma tipo de fumaça criada por ele. Ifrit havia desaparecido. Lohraine ainda estava em transe caída ao chão, e Kate também fora colocada para dormir pela misteriosa névoa negra de Charlie.

─ Foi fácil até demais. Porém esse Derek não aparenta ser nada mais que um valentão metido a herói. Não creio que seja "especial" como aquela aquela anjo me contara. ─ Charlie falava consigo mesmo analisando os que estavam ali. ─ Porém essas duas meninas me chamaram bastante a atenção. Manipuladoras dos espíritos da natureza, interessante. Mas agora Escolhidas? Não tenho certeza.

Charlie segurava as gemas como se fossem tesouros valiosos. Revistou o corpo de Derek e de Kate mas não encontrou nada interessante, a não ser uma pena branca de tamanho incomum no bolso de Derek. Deu de ombros e a largou no chão sem nenhuma importância. Olhou em volta e ouviu passos, possivelmente dos policiais que adentraram o recinto.

─ Mãos para o alto. ─ Disse um dos policiais armado de um fuzil.

Charlie não obedeceu.

─ Esta tudo sob controle ─ Charlie agora com a aparência normal se virava lentamente para os policiais que não o reconheceram ─ Também sou policial e recebi ordens para verificar a situação. Mas quando cheguei essas pessoas estavam caídas, por milagre ainda estão vivas. Isso já não posso dizer dos outros que encontrei pelo caminho. ─ Charlie caminhava até eles e no trajeto retirava sua identificação de policial.

─ Então você é da civil. ─ Disse o militar ─ Por que não relatou a situação a seu superior?

─ Como disse, estava avaliando a situação. Agora tratem de fazer o serviço de vocês e prendam Derek. Ele é o único a ser interrogado aqui. Soldado. Ordenou Charlie com desdém e superioridade.

─ Vocês dois. Algemem Derek e o levem para fora. ─ Ordenou o policial ─ O restante, verifiquem o estado daquelas garotas e se for preciso chamem os paramédicos. ─ Disse aos outros três.

Com muito cuidado e temor, os dois policiais revistaram Derek e o algemaram. Mesmo estando desacordado ele causava medo aos policiais que conheciam bem a sua fama. Os outros três policiais verificavam o estado de saúde de Kate e Lohraine e confirmaram que estavam apenas desmaiadas. Sargento da Silva relatava os fatos ao seu superior e com um tom de suspeita falou também sobre o detetive Charlie que já estava presente quando chegaram.

Charlie, observava o trabalho daqueles homens preocupado, não imaginava que a policia chegaria antes que terminasse seu serviço. Ainda tinha muito o que saber sobre Derek e principalmente sobre as meninas. Fora informado por Morgana o anjo da guarda, que Derek poderia ser um dos lendários Escolhidos de Yahweh porém, encontrou mais do que procurava e imaginou que aquelas meninas poderiam ser bastante úteis para seu mestre. 

Fora alertado também que o anjo da guarda Liliel poderia vir tentar socorrer Derek, algo bastante interessante para ele. Um anjinho protetor inexperiente e sozinho, seria um ótimo presente para seu mestre. Não poderia deixar aqueles homens estragarem seus planos.

─ Sargento. ─ Chamou Charlie. ─ De qual divisão disse que era?

─ Eu não... ─ Antes que o sargento da Silva terminasse de falar, fora surpreendido pela misteriosa névoa negra de Charlie, caindo desacordado sem nenhuma chance de reação.

─ Sargento. ─ Gritou um dos homens, que veio correndo em seu auxilio. ─ O que aconteceu com ele detetive? ─ Perguntou preocupado, e sem perceber fora dominado pela mesma névoa, caindo em seguida.

Dentro de alguns segundos aquele galpão estava completamente tomado por aquela nuvem negra invocada por Charlie, induzindo o restante dos policiais a um sono rápido e profundo. Charlie incorporava sua forma sinistra novamente e de dentro do bolso de sua calça, retirou um objeto que se assemelhava a uma pequena adaga. Media aproximadamente 10 centímetros e sua lamina ao contrário das normais, era negra, seu cabo era no formato de duas serpentes enroladas uma na outra. Agachou – se no centro do galpão e recitando umas palavras em idioma desconhecido fez um pequeno circulo no chão com o misterioso objeto cortante.

─ Abra. ─ Ordenou em voz alta. Sua voz que antes era rouca, soou forte e agressiva. Falhando no final.

Uma forte ventania se formava no interior do circulo criando um pequeno redemoinho de poeira. Sem muita pressa, Charlie arrastou o corpo de Derek e o deixou perto do redemoinho, para em seguida fazer o mesmo com as meninas.

 Finalmente reunidos enfrente aquele fenômeno sobrenatural, Charlie arremessou um de cada vez para dentro do circulo para misteriosamente, desaparecerem em seguida.

─ Droga. Odeio fazer isso. ─ Resmungou Charlie enquanto tomava distancia para em seguida, bastante relutante, se arremessar também para dentro do redemoinho. Assim como os outros, também desapareceu.

O redemoinho misterioso, lentamente ia perdendo a força para finalmente desaparecer completamente.

Por mais de 30 minutos, o comandante esperou uma resposta, além de inutilmente tentar contato pelo rádio transmissor com os soldados que haviam entrado. Nada, nem um sinal. Decidiu então, reunir mais um pequeno grupo de 11 homens para invadir a fábrica.

Foi então, que os mesmos homens que haviam entrado pelo terraço da fabrica, apareceram pelo portão da frente carregando os policiais pelos ombros. Estavam desacordados constatou o comandante, que correu para verificar ele mesmo o relatório da operação e o porquê de Derek não estar com eles.

Com muita luta das forças policiais, os repórteres desligaram suas câmeras. O que revoltou bastante a população que voltara a fazer tumulto. A equipe médica rapidamente carregava em macas os soldados que estavam desacordados para dentro da ambulância. 

O comandante parecia frustrado e com um péssimo estado de humor. Todos os policiais estavam vivos e a noticia de que estavam apenas dormindo, fez com que o comandante pronunciasse em alto som os piores palavrões, reclamando sobre a falta de competência daquela equipe, que fracassara vergonhosamente. Fora confirmado também, que Derek não estava presente no local. Assim como nenhuma outra pessoa viva. De alguma forma, os policiais haviam esquecido o que havia realmente acontecido há minutos atrás.

Só haviam cadáveres. trinta corpos. Homens e mulheres completamente carbonizados misteriosamente.

Voltava a chover.

Os Escolhidos - A Missão do Anjo LilielOnde histórias criam vida. Descubra agora