Capítulo 62 - Bond. A última salvação.

5 2 0
                                    


Próximo ao hospital, dezenas de pessoas choravam e gritavam caídas ao chão, sofriam com a perda de entes queridos que estavam no interior do edifício no momento em que o mesmo desabou. Era uma lástima, o clima fúnebre tomava conta dos arredores e com muita tristeza e amargura, os repórteres davam a noticia e filmavam ao vivo o que havia restado do hospital.

Os donos das emissoras comemoravam os índices de audiência que suas emissoras alcançavam, se prevaleciam da tragédia e da desgraça alheia para faturarem seu pão de cada dia. Era assim que funcionava. Que sempre funcionou.

Uma equipe formada por sete homens armados, vasculhavam o local ao comando do tenente. A principio, seria praticamente impossível verificar se haviam sobreviventes, as buscas teriam que ser intensificadas e poderiam levar dias ou até semanas. 

Liliel tentava se concentrar para ver se sentia a energia de Bond que havia saído de cena anteriormente, e até agora não tinha dado sinal de vida. Como a energia de Tay havia desaparecido, Liliel constatou a base de muito sofrimento que a guerreira elfa havia morrido. Só haveria mesmo salvação para eles, caso Derek estivesse ali segundo a anjo. A energia do cavaleiro dourado continuava a pulsar intensa e maleficamente, e não diminuiu nem um pouco se quer durante e após a batalha. 

Seria o fim da raça humana e de todos os planos dimensionais assim como fora no futuro de Tay e Bond?

Gritos e tiros.

Algo mais fora do comum ainda acabara de dar inicio a mais um espetáculo de horror e pânico. O corpo dos sete policiais que vasculhavam o local, estavam suspenso ao ar como marionetes se debatendo feito loucos, gritando desesperadamente. Por sorte, o tenente não havia sido vitima desse fenômeno paranormal e correu para tomar uma distancia supostamente segura segundo ele. 

O caos voltava a tomar conta daquela população ali presente e mais um fato curioso chamava também a atenção. Todas as câmeras de reportagem, pararam de funcionar ao mesmo tempo, inclusive a câmera dos curiosos que estavam a filmar com seus celulares, todos indagavam e praguejavam a mesma coisa.

Mesmo sem as câmeras funcionarem, os repórteres continuavam a narrar o que estava acontecendo, por sorte o microfone ainda estaria funcionando e assim poderiam transmitir o que realmente estava acontecendo, mesmo sem gravação visual. O pânico logo se alastrou quando os corpos de três policiais explodiram por completo, fazendo uma chuva de sangue banhar os destroços do hospital. Foi um alvoroço, a multidão começou a correr desesperadamente de um lado para o outro, nem a policia conseguia conter aquela massa. Mas algo chamou a atenção de todos e o que parecia um ato de normalidade, se transformaria em uma completa cena de terror.

Os quatro policiais restante, retornaram ao chão e estavam um pouco diferente, estavam catatônicos, com os olhares perdidos. O tenente chamou pelo nome dos quatro mas nenhum deles parecia estar ouvindo, era como se estivessem em choque, constatou. O tenente saiu detrás do carro de onde estava, colocou sua pistola no coldre e foi em direção aos rapazes para ver se estavam bem, mas percebeu algo incomum. 

Um deles se armou de sua pistola reserva e disparou três tiros contra seu superior, o derrubando sem chance de defesas. Os outros três repetiram a mesma ação, só que agora contra o restante dos policiais e também, contra a população.

Se já estava um caos, agora havia acabado de piorar ainda mais. Agora a multidão também corria perigo, não por explosões ou destroços que caiam antes do prédio, e sim pelos policiais que perderam a sanidade devido ao evento na qual passaram e agora, alvejavam a população sem motivo algum. 

Por alguma razão bastante incomum, os policiais que estavam em terra e os policiais que estavam sobrevoando o local no "abutre" que eram altamente treinados, não conseguiam acertar um tiro se quer nos policiais descontrolados.

Ao menos trinta baleados.

Liliel gritava e pedia socorro aos policiais que passavam por ela, pedia que alguém a soltasse, mas ninguém lhe dava ouvidos, ou não lhe ouviam. O barulho estava ensurdecedor, tanto fosse pelos tiros ou pela gritaria daquelas pessoas que estavam desesperadas, sem saber para onde fugirem. Era um massacre. Uma chacina. O sangue espirrava sem controle, corpos tombavam ao chão sem vida ou agonizando. Parecia um apocalipse.

Ao menos cinquenta baleados.

Pelo menos três disparos passaram por Liliel lhe atingindo de raspão na perna, no braço e na orelha. Liliel já estava praticamente encharcada de lágrimas e urina, não conseguiu se controlar em meio a tanto desespero e terror. Liliel fechou os olhos e começou a orar a Deus, pedia pelos humanos, pedia pela terra, pelos anjos que foram destruídos e por si mesma. Implorava por um milagre, que Deus mandasse seus anjos para conter aquela crueldade toda que estava acontecendo. Chamou baixinho pelo nome de Absalon e pelo Arcanjo Rafael, as criaturas mais poderosas que conhecia no Paraíso. Clamou pelo príncipe dos anjos, Arcanjo Miguel e amaldiçoou o filho da escuridão, Lúcifer – mesmo sabendo que aquilo não era obra sua.

– Deus. – Gritou em seu subconsciente. – Olhai por nós.

*******

Um milagre ou a ação de Deus, não sabia, mas um dos disparos porventura, partiram a algema que a prendia e rapidamente, a loirinha rolou para debaixo da ambulância que estava parada a sua frente. Desatou a chorar novamente, mas desta vez de alegria. Agradeceu a Deus e aos seus anjos e começou a tecer algum plano. 

Ela como anjo da guarda, tinha o poder de acalmar o espirito humano ou até mesmo, criar sentimentos e emoções artificiais por certo período, mas para isso precisaria tocar um a um, e até chegar nos policiais que estavam descontrolados, poderia ser alvejada pelos disparos e desta vez não sabia se poderia contar com algum milagre. Não, precisava pensar em outra coisa.

Ao menos setenta baleados.

– Bond! – Pensou, e era como se uma lâmpada surgisse encima de sua cabeça como nos desenhos animados lhe sugerindo uma boa ideia. 

– É isso. Preciso me concentrar em sentir a energia dele, sei que está em alguma ambulância por aqui. – Tentou se concentrar por alguns instantes mas era impossível com aquela barulheira toda.

Silêncio.

Mais um milagre. Por alguns instantes, Liliel se viu através do tecido e tudo a sua volta – olhou por debaixo do veículo –, estava em câmera lenta e o som abafado, distorcido. Aproveitou a onda boa de milagre que estava acontecendo e se focou em localizar a energia de Bond.

─ Achei. – Gritou animada. – Droga, esta bem perto, encima de mim. – Rolou para sair debaixo da ambulância. – Só pode estar nessa ambulância. – Liliel sentia dores, espirituais e também dos ferimentos causados pelas rajadas que a atingiram de raspão.

Liliel abriu a porta traseira da ambulância e para sua surpresa, Bond estava deitado em uma pequena maca no interior. Estava sangrando horrores. Liliel adentrou o veículo e procurou a fonte de seus ferimentos. Dois projéteis. Haviam duas perfurações de bala em seu corpo. Uma na perna, que não aparentava ser grave e outra no pescoço, essa por sua vez estava alojada profundamente e possivelmente havia acertado a sua jugular.

Por um momento ficou desesperada, qualquer ferimento que rompa a jugular é fatal, sem chance de sobrevivência, mas ela confiou em seus instintos. Procurou desesperadamente um bisturi e se preparava para cirurgia, mesmo sabendo que de nada adiantaria. Mas se Deus estava de bom humor a lhe conceder milagres, não custava nada tentar.

Ao menos oitenta baleados.

Os Escolhidos - A Missão do Anjo LilielOnde histórias criam vida. Descubra agora