Capítulo 20 - Inferno Gelado

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Liliel ficou fortemente abalada com o que acabara de ver. Foi assaltada por uma incrível dor de cabeça. Sua visão escureceu, o sangue lhe abandonou a face, tornando – se pálida e por uns instantes não chegou a desmaiar.

Liliel ainda tinha uma grande fraqueza que era de sentir a dor e o sofrimento das pessoas. Já chegara a desmaiar diversas vezes, mas já não era tão suscetível quanto antes.

— Patrick. — Chamou Melanie — Vem aqui por favor.

— O que foi? — Perguntou Patrick agora já um pouco afastados dos outros.

— Não confio nessa garota. — Disse Melanie — Ela chega do nada falando um monte de besteiras e pior, agora ela é testemunha que matamos uma pessoa.

— Ela é apenas uma menina Melanie — Censurou Patrick — E se ela for mesmo um médium como disse, talvez precisaremos dela caso aquele espirito resolva voltar.

— Você tem razão — Concordou Melanie — Mas vamos ficar de olho nela. Não apenas nos seios dela, entendeu Patrick?

Melanie e Patrick voltaram para junto de seus amigos e sentaram. Ninguém falava uma palavra se quer. Liliel observava as ruas pela janela sem nenhum objetivo comum. O clima estava pesado. Estava fúnebre.

André finalmente se levantou e caminhou em direção a Patrick e Melanie.

— Estou indo embora. — Decidiu André quase sem forças para falar.

— André. — Patrick se levantou. — Você não pode ir embora cara. Temos que dar um jeito de sumir com esse corpo. E você não pode sair desse jeito. Esta completamente ensanguentado.

— Foda – se. Todos vocês. — André gritou totalmente enraivecido.

— Que isso cara. Não esqueça que foi você que matou a garota. — Acusou Patrick apontando o dedo na cara de André.

Antes que pudesse prever qualquer coisa, Patrick fora atingido em cheio no nariz por um soco disparado por André, sendo arremessado para cima do sofá onde estava sentado. Todos se espantaram. Patrick levou a mão em seu nariz que estava escorrendo e logo verificou que estava sangrando.

— A culpa é toda sua. — Gritou André — Sua e da Melanie que vieram com essa merda de querer invocar espíritos. Agora tem a porra de um corpo morto na cozinha.

André estava totalmente fora de si e nem se deu conta da forma ao qual se referia a a irmã de Liza.

— Olha la como fala da minha irmã seu puto. — Liza tomou a palavra. — Seu assassino. Foi você quem a matou. Não tente jogar a culpa dos seus atos neles.

Liza voltou a chorar em demasia e deitou sobre o chão cobrindo a cabeça com uma almofada. Seu estado de dor era tão forte que mesmo com seu choro abafado pela almofada ainda era alto seus gritos de pesar e luto.

— Quer saber, — André voltou a falar — que se dane todos vocês. Pro inferno. Eu to caindo fora.

André já não respondia pelos seus atos e ninguém tentou impedi – lo. Todos sabiam o quanto difícil estava sendo para ele depois de tudo o que acontecera. Liliel não sabia o que fazer e Liza não parava de chorar. André pegou sua jaqueta e o molho de chaves que estava caído no chão e foi embora, batendo a porta com bastante violência sem ao menos olhar para trás.

André mal esperou para pegar o elevador. Desceu as escadas apressadamente e quando chegou ao térreo teve uma terrível supressa. Uma visão que seu cérebro tinha dificuldades de assimilar a qualquer coisa que já tivesse visto até hoje.

O local que era para ser a portaria do edifício estava completamente tomado por uma forte neblina e flocos de neve pairavam sobre o ar. O Ambiente parecia estar a menos de zero grau. Um frio completamente fora do comum. Um ambiente totalmente surreal. Pior, o local não parecia ser o interior de um edifício. Era mais como se fosse um campo. Uma outra dimensão.

O corpo de André mal conseguia se mexer devido ao forte frio. Rapidamente vestiu sua jaqueta de couro preta e mesmo assim parecia estar completamente congelado. Começou a se sentir fraco. Sua vista ia perdendo o foco lentamente. Cambaleou feito um bêbado e acabou caindo sentado sobre o chão, imaginando que poderia se quebrar por inteiro na queda devido a tamanha rijeza que estavam seus músculos devido ao frio.

André olhou em volta e já não via mais a escadaria por onde havia descido. Não havia nada real, apenas um campo gelado envolto de nevoa e gelo. Nada no horizonte. Nada no firmamento. Apenas o vazio.

Uma alucinação. — concluiu André — Com certeza. Isso é tudo uma peça que minha mente esta a me pregar devido ao grande nível de tensão e estresse que passei. Sim. É isso. Daqui há alguns segundos irei acordar em casa, na minha cama, jogando meu videogame. E tudo isso não terá passado de apenas um terrível pesadelo.

Sonho ou não, a sensação de estar tendo seus ossos, músculos e sangue congelados era extremamente real e muito doloroso.

André estava prestes a desmaiar quando avistou algo semelhante a uma pessoa se aproximando dele e então teimou a deixar – se desfalecer. Apertou os olhos com força e viu que se tratava realmente de uma pessoa. Uma mulher. E quando a estranha chegou mais perto ele reparou que estava completamente despida.

— Que tipo de lugar é esse? — Sussurrou André — Um inferno gelado e o diabo é uma mulher pelada. Patético.

— Não estamos no inferno. — Falou a estranha.

— Quem é você? — André mal tinha forças para falar.

— Na hora certa vocês saberão. Todo o mundo saberá.

— Tsc. Estou delirando. Então faça o favor de sair da minha mente. — Falou sarcasticamente André.

— Não estou na sua mente. E muito menos é um delírio de sua mente psicótica rapaz. — Zombou a mulher.

— Então por que isso tá acontecendo? Aonde estou? — André parecia desnorteado.

— Não era para você estar aqui. Não era para você estar me vendo. Muito menos estar vivo.

Os Escolhidos - A Missão do Anjo LilielOnde histórias criam vida. Descubra agora