Os Escolhidos - A Missão do Anjo Liliel

Capítulo 55 - O Despertar do Falcão

Handriel caíra da cadeira ao ouvir aquele forte estrondo que parecia ter tocado diretamente em seus tímpanos. Levantou – se assustado e temeroso ao presenciar algo que jamais poderia imaginar. 

Derek havia se soltado de seu campo astral, estava de pé a sua frente, bufando de ódio, transpirando feito um porco. Pior, estava completamente diferente, agora fisicamente também. Seu corpo parecia ter sofrido algum tipo de alteração genética, era como se tivesse tomado umas mil doses de anabolizante e esteroides. Aumentará no mínimo uns 25 quilos de massa muscular. Parecia um halterofilista em sua melhor forma. – Como nosso amigo Arnold em seus tempos de louros.

Seus olhos estavam avermelhados, demonstrando uma fúria incontrolável. Seus cabelos esvoaçavam descontroladamente para o alto devido a carga de energia que percorria seu corpo feito ondas de trovão. Seu semblante mudara. Além da fúria claramente desenhada em sua face, se tornara mais maduro. Suas veias pareciam querer saltar para fora de seu corpo, desenhando linhas grossas e em alto relevo, como se ao invés de transportarem sangue, transportassem concreto.

Derek olhava suas mãos e o resto de seu corpo, notando claramente a mudança que ocorrera em sua fisionomia, com um misto de espanto e surpresa, demonstrado em um sorriso sínico e sarcástico. 

Ignorando a presença do infernal, caminhou ate Kate e com dois tapinhas de leve em seu rosto a acordou. Assustada e supressa com o que via, deixou lagrimas tímidas rolarem pelo seu rosto de pele morena, aliviada e emocionada pela suposta esperança de ser libertada daquele inferno de tortura.

Derek limpou suas lágrimas e pediu para que confiasse nele, que em alguns instantes estariam fora daquele antro infernal. Mas ainda precisava acertar as contas com aquele traste. E quando se preparou solta – la, percebeu que Handriel se levantara, ainda com sua mesma expressão de autoridade e confiança de antes.

– Confesso que me surpreendeu bastante. – Disse o alado rondando Derek e Kate. – Nunca nenhuma criatura havia se soltado do meu campo astral...

– Talvez nunca tivesse enfrentado alguém que pudesse revidar. Como crianças e mulheres indefesas. Não é parceiro? – Cortou Derek, encarando - o com desprezo. Sua voz apesar de sua baita expressão de ódio em sua face, era calma. Não, era como se desprezasse completamente seu oponente, como se não fosse nada para ele. 

– Estamos indo embora. E VOCÊ não vai nos impedir. – Enfatizou quando se referiu ao anjo. Retirou Kate do gancho que a segurava e a deitou na mesma cama ensanguentada onde estava antes. Handriel permanecia imóvel, como se não acreditasse em tamanha insolência.

Os Dois se encararam por uns segundos – como se estivessem estudando um ao outro ─. O clima estava bastante pesado. Handriel sentia como se a energia de Derek estivesse a um passo de lhe esmagar como uma barata, mas não se intimidou. Pelo contrário, era tudo o que ele queria. Há tempos estava a procura do "Escolhido" e finalmente estava diante dele. Voltaria ao sub mundo. Completaria sua missão.

– Escolhido? – Cuspiu. – Pro inferno com essa porra e com esses truquezinhos baratos. Estou de saco cheio dessa porra, dessa palhaçada. E morrendo de vontade de beber uma cervejinha bem gelada e comer umas putas. – Disse sarcástico.

– O mesmo machão de sempre. – Provocou. – Renda – se e venha comigo ao inferno, estou te oferecendo a chance de servir ao meu mestre. Com esse poder, com certeza será um duque infernal. ─ É claro que Handriel não estava sincero em suas palavras, precisava levar Derek ao inferno, para seu mestre, mas sabia que não seria páreo para ele em uma luta.

Derek ainda não acreditava que Handriel fosse uma criatura mágica. Um demônio. E para ele nada disso faria diferença. Era só dar umas porradas – como sempre fazia ─ e dar o fora daquele lugar. Se sentia muito mais forte que antes. Se sentia poderoso. Se antes já era praticamente invencível, agora achava que poderia derrotar até anjos e demônios se assim fosse necessário. E isso seria colocado a prova, já que bem a sua frente havia um demônio em carne e osso, quer ele queria ou não.

Silêncio.

Derek avançou sobre Handriel como um touro enfurecido, desferindo - lhe um soco no meio do peito, sem a menor chance de defesa ou esquiva. Handriel fora jogado há uns cinco metros para trás, se chocando violentamente contra a parede. 

Sangue e saliva foram expelidos por sua boca devido a potência do golpe. Derek com força e velocidade sobre humana avançava contra ele e disparava uma chuva de golpes, sem mesmo dar tempo do infernal cair ao chão. Handriel estava em completa desvantagem física contra Derek. Estava parecendo um mosquito que acabara de ser esmagado por um chinelo contra a parede.

2 minutos.

Foram exatamente 2 minutos que Derek ficou a surrar o anjo. Olhos vermelhos. Olhos de ódio. Mesmo com a face completamente ensanguentada e os olhos inchados, Handriel comtemplou aquela besta a sua frente, uma enorme montanha de músculos. Os olhos como de uma fera a defender suas crias. Sua expressão já não era mais humana e sim como de um monstro sedento por sangue. 

Finalmente Derek se conteve.

Handriel caiu ao chão nocauteado, se debatia, agonizava de dor. Nunca em sua carreira infernal havia enfrentado um oponente tão forte quanto Derek. – Talvez nunca tivesse enfrentado um oponente que pudesse se defender realmente como dissera Derek. Suas vestes estavam rasgadas, verdadeiros trapos, parecia ter sido atropelado por um caminhão – literalmente.

Uma enorme cicatriz desenhava – se de sua clavícula até uns três centímetros acima de seu umbigo. Era uma enorme e terrível cicatriz de cor escura e em alto relevo. Derek fitou o tórax de seu oponente e surpreendeu – se.

– Essa cicatriz. – Apontou, agora mais calmo. Semblante de dor e tirsteza agora tomavam conta de seu ser. Era como se recordasse de algo bastante doloroso de seu passado. – Diga. Onde a conseguiu? – Voltara a se exaltar. Não era um pedido e sim uma ordem.

– Então era você. – Handriel mal conseguia falar. Dentes quebrados. Lábios rasgados. Além de algumas costelas, ossos faciais fraturados e o chifre esquerdo destruído. – A maldita criança. Como não pude enxergar. Então a fonte de energia que senti, não era da menina, e sim a sua. 

Tossiu bastante para em seguida vomitar um jato de sangue.

– Do que você esta falando animal? – Derek caminhou até o moribundo e o levantou pelo pescoço uns quinze centímetros do chão. – Chega de piadinhas e metáforas. Diga logo, quem é você? O quer comigo e com as meninas? Quem são essas crianças que você falou? 

Em sua cabeça borbulhava dúvidas. O que aquele homem estava a falar? Derek aumentava a força de sua empunhadura e já se ouvia o barulho de sua cervical e traqueia sendo esmagada.

– Lavigne. – sua voz saiuapertada pelas pregas vocais. – Estava atrás de Lavigne. Recebi a informação que havia um Escolhido na região onde fui mandado. Foi então que senti uma poderosa energia vinda de uma casa pobre no interior desse estado. – Suas palavras não faziam sentido, então Derek aumentou a força.

– Minha irmã?