Capítulo 49 - A anjo nada angelical

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"MORGANA"

Odeio quando se esquecem de mim. Quem disse que o capitulo anterior acabou? Pelo contrário meu bem, ainda tem a parte principal – a minha, é claro. Eu hein, anjinha escrota essa Liliel, se achando a principal da história, Humph. Então, vou contar como realmente acabou o capitulo anterior, claro que roubei a cena né? Não sou boba gente. Então, vamos ao que interessa.

Assim que terminou a reunião com o majestoso senhor da caridade, o Arcanjo Rafael – eca, eu bastante esperta, consegui sair da fortaleza sem que ninguém percebesse que era uma intrusa. Confesso que fiquei com muita raiva em saber que aquela sonsa da Liliel recebera uma missão tão importante, ainda mais diretamente do arcanjo. Mas isso não ia ficar assim não, eu iria até a terra e eu mesmo me encarregaria de achar os "Escolhidos" (ainda não fazia a mínima ideia de como ir a terra mas...). Ai que ódio, sempre fui superior aquelazinha, sempre fui a primeira da turma. Não deixaria que aquela imprestável tomasse o lugar que era meu por direito.

Fiquei pensando nessa coisa de "Escolhidos", talvez se eu os encontrasse poderia usa – los para meu próprio beneficio quem sabe. Mas primeiro teria que dar um jeito de conseguir descer a terra, pois os portais de ligação direta com a terra eram bem protegidos e tínhamos que ser conduzidos por um anjo experiente. Droga, não sei o que fazer.

– O que está fazendo rondando a fortaleza sozinha? – Fui surpreendida por um dos guardas. – Não sabia que não pode ficar andando nessas proximidades criança?

Me virei lentamente e me aliviei por não ser Absalon. Minhas chances de sucesso cairiam drasticamente – os Anjos Guerreiros farejam a mentira no ar ─. Respirei fundo e com artimanha dissimulei ser uma criança boazinha e frágil que estava perdida do seu coro.

– Bem. – Disfarcei entristecida – Poxa, estava sobrevoando com os outros anjos, perdi a concentração e acabei caindo. Me desculpa, já estava de saída. – O anjo da guarda que estava de plantão, me pareceu relutante em acreditar mas me liberou em seguida.

– Que isso não se repita. – Aconselhou. – Aproveite que  Absalon e o outro anjo ainda estão por perto e siga com eles. – Apontou na direção onde ia a sonsa e o bombado e voltou ao seu posto sem mais perguntas.

Ufa, por essa não esperava, achei que seria pega mas foi melhor ainda, havia perdido a direção de Liliel e agora já sabia por onde eles estavam seguindo. Ai Morganinha, você é muito experta. Vamos lá, preciso saber o que eles estão tramando.

Os segui por um longo caminho até que ambos pararam em um campo. Comumente esse lugar era utilizado para ensaiar o Balé dos Anjos da Guarda – era um tipo de coreografia utilizada em celebrações e coisas bregas do tipo. Odiava. ─ Porém, aquela hora já estava completamente deserto. Me escondi atrás de uma árvore e fiquei a observa – los de longe, afim de obter mais informações.

Bla, bla e bla. Só palhaçada e coisas inúteis. Se tivessem me convocado, não teriam que perder tempo ensinando o básico do básico para aquela nojenta da Liliel. Caramba, nós somos anjos e voar faz parte de nossa natureza. Mas a inútil da Liliel tinha as asas temporais defeituosas assim como aquela cara de idiota. Enquanto minhas asas eram imensas e firmes, as dela além de pequenas eram defeituosas, uma maior que a outra. Ou seria uma menor que a outra? (Reparem no deboche!).

Eu já estava quase pegando no sono de tão tedioso que estava sendo aquele treinamento, até que algo muito interessante me chamou a atenção. Absalon movimentava em círculos sua linda e grande espada de fogo verde, abrindo algo que com certeza era um portal. Claro. Um portal para irem para a terra. Ótimo, está sendo mais fácil do que eu imaginava, porém algo que ele disse a Liliel fazia com que eu tivesse que apressar meus planos. Aquela merda de portal só poderia transportar duas pessoas de cada vez e depois se fecharia no mesmo instante que ambos entrassem. Mas como sou uma anjinha muito esperta, já sabia muito bem o que iria fazer.

Após Liliel ser brutalmente arremessada por Absalon dentro do portal (sério gente, ele foi um grosso. Mas adorei), alcei voo e rapidamente me aproximei do local onde estavam. Droga, de onde eu estava não conseguiria avançar em direção ao portal. Absalon estava bem na frente da entrada e fui obrigada a seguir por outra alternativa, sei que iria doer mas, era a única maneira.

 Voei com velocidade em direção a árvore atrás dele e me choquei contra ela, caindo desnorteada no chão – Sei que parece loucura e confesso, foi muito doloroso. Absalon percebendo, correu em minha direção para me prestar auxilio.

– Morgana? – Disse surpreso ao me ver. – O que você esta fazendo aqui? – Disse preocupado, temendo que eu tivesse presenciado a conversinha deles.

– Ah tá, tudo bem? – Disse surpresa pelo descaso em não ter reparado que tinha realmente me machucado. – O que estou fazendo aqui? Droga! Eu arrebentei a cara nessa maldita árvore que entrou na frente. – Ops. Acho que não fui convincente. Sua energia era bastante intimidadora e poxa, sou uma pequena anjinha indefesa.

– ah, desculpa criança. – Falou envergonhado. – Você esta bem? Deixa eu ver. Poxa, seu pé esta deslocado. Como pode se distrair dessa forma? – Perguntou massageando meu tornozelo. Sua mão era firme e macia. Era tão quente que me fazia arder de tesão.

– Ai. – Gemi de forma provocante. – Calma guerreiro, assim você vai piorar meu estado. Sua mão é muito pesada. – Jogava todo charme vulgar que aprendi com as humanas da ultima vez que desci a terra. Segurei sua mão e ia subindo pela minha coxa que a essa hora já estava pegando fogo. Abri lentamente minhas pernas e percebi que o anjo guerreiro havia corado e desviado o olhar.

– Bem. – Disfarçou tirando rapidamente a mão de minha coxa. – Você não deveria estar aqui. Por acaso nos seguiu? – Esse cachorrinhos parecem que leem a nossa mente. Era como se soubesse que eu estava dissimulando.

– Não, Ab..Absalon. – Tentei disfarçar mas gaguejei em seu nome. – O que é aquele portal ali na frente? – Não adiantava mais tentar mentir, sei que não iria funcionar com ele. Porém as vezes falar a verdade nos traz benefícios e naquele mesmo momento um coro de anjos sobrevoavam o local, o que fez com que Absalon tomasse uma atitude totalmente favorável a mim.

─ Você, fique aqui. – Ordenou inocentemente. – Vou chamar um daqueles anjos da guarda para lhe levar para alguma enfermaria. Esse lugar está sendo usado para assuntos particulares. – E assim o bobão do Absalon voou ate o coro me deixando sozinha, como eu mais queria.

No exato momento que Absalon tomou uma distancia segura para que eu pudesse agir, alcei voo o mais rápido que pude em direção ao portal mas antes de entrar provoquei.

– Abby. – Chamei carinhosamente. – Pode deixar que vou tomar conta de sua amiguinha. – Ri descontroladamente como deboche daquele idiota e de sua protegida nojenta e me arremessei feliz da vida no meio do infinito.

Estava jogava e largada no meio do nada. Apenas estrelas e nebulosas. Por um momento achei que Absalon estava atravessando o portal, mas o mesmo se fechou no momento em que ele chegou perto. Mas espera ae, eu nunca desci sozinha. Eu não sei o caminho. Quando dei conta da merda que havia feito já era tarde demais.

Minha consciência se foi. E poderia nunca mais voltar.

– Drooooogaaaaaaa!!!!!!!!

Após uma infinidade de dias, meses ou anos, não sei, acordei, estava tonta e com uma sensação um tanto nauseante. Me esforcei para me levantar para quase cair novamente devido uma grande vertigem que me afligiu.

Eu estava no alto, muito alto. Estava encima de uma estátua gigantesca, para ser mais exata, no punho dela. Estava a metros ou até mesmo quilômetros de altura do chão. Montanhas, o mar, pessoas estavam abaixo de mim, sentei novamente e após muito tempo contendo minhas ânsias de vômitos, comecei a contemplar aquela maravilhosa visão. 

Após me conectar as milhares de informações e conhecimentos humanos, descobri onde eu realmente estava:

Estava na mão da estátua do Cristo Redentor.

Estava no Rio de Janeiro.

Os Escolhidos - A Missão do Anjo LilielOnde histórias criam vida. Descubra agora