Capítulo 27 - Vamos por "partes".

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Patrick finalmente havia chegado no apartamento das gêmeas e fora recebido com muita preocupação e repreensão por Melanie, que a essa altura já estava arrancando os cabelos de tamanho nervosismo pela sua ausência e demora.

Patrick contou tudo o que havia acontecido e que teve que passar o fim da madrugada com seu amigo André no hospital. Melanie parecia um tanto descrente com a historia mas ao ver a expressão de preocupação estampada na face de seu amigo, resolveu não o bombardear com mais perguntas.

Após um relaxante e demorado banho quente, Melanie o chamou para ter com ele. Liliel e sua amiga ainda dormiam e ela aproveitou o momento. Sua preocupação com o cadáver da amiga era evidente, o que os faziam lembrar que tinham que rapidamente colocar um fim naquela situação deprimente em que estavam.

─ Temos que dar um fim a esse corpo. ─ Disse Melanie decidida.

─ Por alguns instantes havia esquecido completamente desse assunto. ─ Respirava com dificuldade Patrick. ─ Ainda não caiu a ficha dessa merda, droga.

─ Como você consegue esquecer de tamanho problema cara? Onde você esta com a cabeça? Logo os vizinho começarão a sentir o mal cheiro, vai começar a apodrecer. E pior, a mãe delas chega hoje de viagem.

─ Maldição. Que raiva. ─ Gritou Patrick ensandecido.

─ Estamos perdidos cara. ─ Melanie o abraçou e caiu em prantos.

─ Calma amiga. Vamos resolver isso de uma forma ou de outra. Me consiga sacos de lixo, grandes e resistentes. E a maior e mais afiada faca que tiver na cozinha. Vamos nos livrar desse fardo.

Patrick foi tomado pelo peso da responsabilidade de seus erros e decidiu ir até o fim. Parecia não mais se importar com a morte de sua amiga e nem com o sofrimento do luto da irmã. Aproveitaria os momentos de sono do restante e desapareceria com o defunto. Cortaria em vários pedaços como se fosse uma vaca morta pronta para ser entregue aos freezers de um açougue para ser vendida.

Melanie retornou após alguns minutos com alguns sacos de lixos pretos que demonstravam ser bastante resistentes e um cutelo de aproximadamente 20 centímetros para o esquartejamento do cadáver.

O semblante de ambos estavam tomados pelo terror e remorso ao ver o corpo de uma criança que acabara de chegar aos seus dezesseis anos. Uma menina que nem conheceu o mundo direito, mas já estava por dentro dos prazeres mais sórdidos do mundo. Porém, era uma boa garota. Bonita. Simpática. Era uma boa irmã. Era uma boa filha. E agora deixava esse mundo sem qualquer razão, tomada por um espirito das trevas que eles mesmo invocaram. Uma brincadeira estupida. Uma brincadeira fatal.

─ Você vai mesmo fazer isso? ─ Melanie estava chorosa. Soluços repetidos mostravam sua agonia em relação ao trágica futuro da amiga. Esquartejada feito um animal, não teria um enterro digno. ─ Isso é loucura. Isso não ira passar em branco.

─ Eu sei. ─ Gritou Patrick enquanto enxugava as lagrimas. ─ Mas o que vamos fazer? Estamos envolvidos até a alma nessa porra. Eu não serei preso. Não mesmo. Se der errado, jogarei as acusações sobre o verdadeiro culpado dessa porra e que fomos coagidos por ele. Entendeu Melanie? É assim que vai ser.

Patrick foi ate a cozinha e com a ajuda de Melanie arrastaram o corpo que agora já estava bastante pesado até o centro da sala. Os moveis já estavam arrastados para dar mais espaço ao ritual de esquartejamento. Os sacos abertos jogados ao chão mostrava onde seria guardados ou escondidos os pedaços da adolescente.

Patrick ajeitou o corpo virado de barriga para cima e foi em direção ao aparelho de som, ligando e aumentando o volume para que os vizinhos não percebessem o barulho dos golpes. ─ Grito eles não iriam ouvir ─. Patrick respirou fundo por alguns instantes e por umas três vezes hesitou em finalizar o golpe. Enxugou o suor que caia em demasia e por mais uma vez hesitou um golpe já preparado.

─ Melanie por favor me deixe sozinho. ─ Sua voz falhava e estava claro o pavor estampado em seu semblante, que a esta altura estava branco feito cera. ─ Fique de guarda. Não deixe que Liliel e sua amiga venham até aqui.

Melanie não pensou duas vezes em sair de perto do espetáculo sanguinolento que estava prestes a começar. Foi até o quarto e lá estavam dormindo feito pedra e longe de acordar mesmo que uma tempestade caísse encima delas. Avisou Patrick sobre o estado de ambas e se sentou na cozinha agarrando as pernas como uma criança amedrontada.

Montou sua guarda e colocou – se a chorar copiosamente de novo.

Patrick caminhou até a janela, fechou os vidros e arrastou o blackout para tampar qualquer tipo de iluminação irradiada pelo sol daquela manha.

O ambiente escureceu. O som do micro system estava alto. Mas seu coração era ouvido por ele com clareza como um martelo a acertar uma madeira podre. Ajoelhou -se perante o cadáver da amiga e levou suas mãos até o rosto em posição de oração. Mas o que fosse que estivesse rezando, sabia muito bem que não seria atendido. Estava condenado.

Sua mão quase sem força pegou o cutelo ao seu lado e se preparou...

Primeiro ataque e o sangue espirrou em seu rosto. Levou a mão aos olhos e tirou o excesso do liquido viscoso que lhe atrapalhava a visão.

Segundo ataque e o sangue jorrou incontrolavelmente pelo chão.

A carne era dura. Os ossos pareciam de metal. Não cortava. Nunca imaginou que fosse tão difícil cortar um braço pequeno, fino e frágil. Não era como nos filmes que o vilão cortava suas vitimas como papel usando uma espada afiada. Era difícil. Bem mais difícil.

Ensanguentado. Completamente sujo pelo liquido vermelho que antes fluía pelas veias e artérias daquela menina lhe dando vida. E isso o mantinha impedido de agir com mais firmeza. Era como se estivesse tendo cuidado para não machuca – la. Mas ela estava morta, não havia ali alguém para sentir dor, apenas ele, que tinha sua consciência tomada pela dor do desespero.

─ Ahhhh ─ Um grito inconsciente foi proferido por Patrick que ensandecido começou a disparar golpes freneticamente sobre o corpo da jovem. Parecia que chovia sangue, espirrando em toda a sala, manchando as paredes e cortinas. Melanie gritava assustada de onde estava sem ao menos criar coragem para ir presenciar o fúnebre e macabro ritual que acontecia no cômodo ao lado.

Patrick parecia estar tomado por alguma força fora do comum, já não tinha mais o que cortar. O corpo da jovem jazia em vários pedaços esparramados ao chão, mas mesmo assim Patrick não parava de gritar e disparar o cutelo sobre os pedaços de Eliza.

Sua visão se apagou e finalmente ele parou. Caindo deitado em meio a sangue e pedaços de carne sem vida. 

Os Escolhidos - A Missão do Anjo LilielOnde histórias criam vida. Descubra agora