Os Escolhidos - A Missão do Anjo Liliel

Capítulo 47 - Liliel, A Anjinha atrapalhada.

~LILIEL~

Terceira Camada Celeste – Lar dos Anjo da Guarda

Bem, muita coisa esta acontecendo. Derek fora sequestrado por um anjo das trevas segundo as informações de minha "amiga" Morgana, (muito estranho. Ela nunca foi de querer me ajudar. Mais estranho ainda ela estar na terra. Muito estranho. Mas enfim.). 

Mas o pior de tudo foi ter me perdido de Absalon. Ele iria me acompanhar segundo as ordens de meu senhor o Arcanjo Rafael. Geralmente os Anjo da Guarda agem em coro, mas como essa minha missão é ultra sigilosa, tive que vir sozinha, por isso Absalon foi incumbido de me ajudar. – Meu guarda costa, Lindo. Adoro.

Depois me encontrei com duas pessoas muito curiosas. Diziam terem vindo de outra dimensão, do futuro. Dizendo que nosso mundo está para ser invadido por uma força intergaláctica superpoderosa, que irá destruir a todos nós, isso é muito ruim. O mais estranho foi saber que eles eram um dos "Escolhidos de Yahweh", que foram os únicos sobreviventes em um futuro totalmente destruído, tomado pela mesma força que esta para chegar ao nosso mundo em breve.

Tudo isso é muito assustador, terrível. Mas só o fato dele ter dito ser um dos Escolhidos, isso me alegra e me motiva a procurar os Escolhidos de nossa realidade. Nem acredito que eles realmente existam. E melhor, ele disse que eu me torno uma Arcanjo (como eu não sei). Ai que alegria, estou muito feliz e muito triste também. 

Bond, como disse se chamar, possuía uma energia fora do comum, mas mesmo assim disse não ter sido páreo para essa força. Preciso continuar a minha missão, urgentemente. Mas antes preciso contar a vocês como foi meu treinamento para descer a terra.

*****

Após o Arcanjo Rafael ter nos passado os últimos detalhes de nossa missão, Absalon ficou responsável por me dar um pequeno treinamento já que eu nunca havia descido a terra antes. – Confesso que sempre sonhei com essa possibilidade, estava muito feliz ─. Caminhamos por algumas horas já que meu habilidade "NATA" de voo era uma porcaria e Absalon teria dificuldade em manter sua velocidade reduzida. Era um anjo de batalha, não uma babá. 

Enquanto caminhávamos, Absalon me contava suas ultimas idas a terra. Contou sobre suas batalhas, sobre as pessoas que conheceu e outras coisas super chatas que não estoo afim de contar. 

Finalmente paramos em um campo aberto. Não havia um anjo por perto, estava bastante deserto. O campo era gramado e muitas flores e rosas de diversos tipos enfeitavam o cenário. O firmamento estava um azul claro e o sol brilhava radiante. Uma leve brisa fresca batia em meu rosto fazendo com que meus lindos cabelos loiros e lisos ficassem esvoaçantes. – Igual cena de filme de hollywood. Estava linda, bela loira e muito sexy naquele vestidinho branco de seda. Só estava me incomodando que ele era bastante curtinho. O que fazia com que eu ficasse a todo momento abaixando ele. 

Absalon acha que eu não reparei, mas toda hora que meu vestido levantava ele olhava de rabo de olho para minhas pernas, que alias, são lindas, grossas e branquinhas. Cof cof. Vamos voltar ao que interessa.

Hoje iriamos começar meu treinamento. Ele me disse que eu iria aprender coisas fundamentais a qualquer anjo, melhor dizendo, a qualquer um que descesse encarnado a terra. Iria me ensinar como me materializar e desmaterializar. Precisava também revisar meus poderes de anjo da guarda. Saber ler e captar emoções dos seres humanos é algo natural. Temos como missão primária ajuda – los e guia – los na vida e pós vida. Ai ai ai ai. Estava muito ansiosa. Enfim chegava meu momento de provar a todos que eu não era aquela criança desengonçada e atrapalhada que todos diziam.

Absalon se aproximou de uma pequena árvore e lá deixou sua espada (grande por sinal) e retirou o peitoral de sua armadura. Era alto e robusto, um verdadeiro guerreiro. Seu peitoral era bem desenhado, com os peitos e abdômen bem rasgados e definidos. Diversas cicatrizes dos mais variados tamanhos mostravam que já deveria ter enfrentado diversas batalhas e que voltara sobrevivente de todas elas. Não era a toa que apesar de todas as diferenças que os Anjos da Guarda e Guerreiros tinham entre eles, era um anjo que tinha total confiança de meu Senhor. Era muito forte. Era um guerreiro honrado, competente e bastante leal a uma causa justa – Só era um pouquinho chato.

Ajeitei meus lindos cabelos loiros que não paravam de esvoaçar na minha cara e tentei puxar assunto com o anjo guerreiro.

– Bem. – Disfarcei. – Fico muito feliz que você seja meu guarda costas, não me vejo em melhores mãos que as suas. Ja ouvi falar bastante de você. – Estava nervosa. Minhas palavras saiam com dificuldade pela minha garganta. Ele com certeza reparou que me sentia pouco confortável na presença de um anjo de outra casta. Todas as castas viviam em camadas diferentes que as separavam uma das outras, dificilmente tínhamos contatos com outros que não fossem da mesma casta. Sim, aqui no céu também tem dessas coisas, Politica eu acho. Se bem que está mais para discriminação, mas...

Absalon olhou de relance para mim enquanto alongava seus músculos e não disse uma só palavra.

– Me fale um pouco sobre os humanos. – Disparei – Sobre a terra. Seus gostos e costumes. Como sabe, é a primeira vez que irei descer, estou muito curiosa sabe? – Tá. Eu sei, eu falo muito. Mas estava muito emocionada (muito mesmo) em descer a terra. Mas Absalon pareceu não ter ouvido uma palavra minha sequer.

– Você fala demais. – Comentou de forma seca – Tudo será dito na hora certa. Trate de focar exatamente no que eu lhe disser, nada mais. – Apesar da aparência angelical (tá bom, foi um trocadilho), ele era totalmente frio e de poucas palavras. Para falar a verdade não tinha nada de angelical nele, era muito grosso também. Era comum aos Anjos Guerreiros serem dessa forma, pareciam máquinas programadas, falavam mecanicamente e sem emoção.

Tentei ignorar a frieza dele mas qualquer um a distancia poderia ver como engoli a seco ao tomar aquele passa fora, meu rosto com certeza estava bastante corado e meus olhos como de peixe morto. Disfarcei o máximo que eu pude (quase nada. Sim, sou muito emotiva mesmo) e tentei imitar seus movimentos. Mãos para o alto. Pernas bem afastadas. Um dois. Um dois. Ufa, já estou cansada, droga. Não vou lutar, por que tenho que ficar me aquecendo?

– Você acha que esses "Escolhidos" existem realmente? – Tentei me calar mas não consegui. – O que os gigantes querem com eles? Será que Miguel e Lúcifer também estão a procura deles? – E novamente ele ignorava minhas perguntas. Ai que ódio.

Tentei me calar, não iria ficar sendo ignorada. Eu adoro falar, sou bastante agitada, com certeza devo ser hiperativa. Continuei a imitar seus movimentos mesmo sendo uma chatice. Para falar a verdade não estou achando nada disso divertido, esta chato e cansativo. Mas pelo menos Morgana não esta aqui para me perturbar e encher minha paciência.

Absalon finalmente parou, olhou para o alto e respirou fundo umas três vezes. – Eu não conseguia nem contar minha respiração, acho que umas 1000 vezes por segundo. Me aproximei dele e aguardei que me desse alguma ordem ou instrução. Ja havia se passado quase uma hora e não tínhamos feito nada e nem conversado sobre a missão. Fiquei a encara – lo mas era como se eu não estivesse ali. Estava sendo completamente ignorada.

– Qual o seu problema com o voo? – Finalmente falou. – Percebi enquanto íamos para fortaleza do Arcanjo Rafael que você teve bastante dificuldade em me acompanhar.

– Bem. – Falei sem jeito. Eu era horrível nesse assunto de voo e fiquei bastante constrangida. – Minhas asinhas, esta vendo? Elas são pequenas e se não bastasse isso, elas são de tamanhos diferentes. – Falei abanando minhas pequeninas asinhas em minha cabecinha loira.

– Entendo. – Comentou. – Acho que já ouvi falar de você.

– Serio? – Perguntei entusiasmada – E o que você ouviu? Que eu era linda, meiga e uma ótima anjinha? – Pode parecer exagero de minha parte, mas era isso que eu via em mim.

– Err. – Disfarçou. – Não. Fiquei sabendo que havia um anjo da guarda (o único), que possuía uma anormalidade em suas asas. – Ele ficou constrangido, percebi. Ele estava mentindo, não era só isso que tinha ouvido falar, tenho certeza, mas preferi não entrar em detalhes.

– Minhas amigas, as outras anjinhas. – Comentei – todas possuem asas normais, voam com perfeição e vivem a debochar e implicar comigo por causa disso. – Eu juro que não iria prolongar esse assunto, mas como sabem tenho dificuldade em ficar calada.

– Daremos um jeito nisso. – Prometeu. – Mas tudo depende somente de você.