Capítulo 7 - O Ritual

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Rio de Janeiro

Tempos atuais

Enfim o ritual começara. Patrick e Melanie estavam eufóricos e um tanto receosos. Nunca fizeram tal brincadeira e tinham medo de algo dar errado. Mas a possibilidade de um possível contato com os espíritos os animavam bastante.

— Então Patrick. Como começa esse jogo? — Melanie parecia inconformada e impaciente. Passavam -se mais de dez minutos e nada acontecera até o momento.

— Sei la. Nunca fiz isso antes, mas já li em vários livros que é só fazer as perguntas e esperar. Eu acho...

— Tudo bem. Eu começo. — Disse Melanie totalmente descrente.

— Meu nome é Melanie. Estou nesse presente momento tentando contato imediato com as forças espirituais. Se existe algum espirito presente por favor se manifeste.

As palavras de Melanie eram tímidas e sem nenhuma convicção que aquilo fosse resultar em algo. Sua saliva mal passava pelo canal estreito de sua garganta, devido tanto nervosismo.

Quinze segundos de silencio. Ambos se entre olharam e seguraram as mãos respectivamente um do outro, deixando uma das mãos com o dedo indicador encima do copo.

Vinte segundos se passaram e nada acontecera.

— Ah ! Que droga. Isso é tudo mentira. Nada acontece. Com certeza espíritos não existem. Cansei dessa palhaçada. — Melanie estava furiosa. Perdera tempo demais com tal brincadeira. Tempo esse que poderia ser bem gasto em atos de amor com seu ficante Patrick.

Quando Melanie estava prestes a se levantar, um vento forte soprou pela janela semi aberta do aposento onde estavam. As luzes piscaram e finalmente algo inesperado acontecera. O copo começara a tremer. Ambos ficaram assustados, mas um sorriso malicioso era visível em seus lábios. Estavam animados e iriam finalmente fazer contato com o além.

— Funcionou. — Disse Patrick vitorioso —Está funcionando Melanie. Eu falei que isso era verdade. Uhull.

— E agora Patrick. O que fazemos? — Antes mesmo de esperar a resposta Melanie repetiu o mesmo pronunciamento de antes. E Perguntara se existia ali algum espirito presente.

Lentamente o copo ia se arrastando em direções aleatórias, para então repousar a frente da palavra SIM.

Patrick. Disse sim. Disse sim. O copo se moveu e parou justamente na palavra SIM. Então significa que...

Não existia mais dúvidas. O copo se movera sozinho e com aquela resposta indicava que existia sim, um espirito presente no local.

— Caramba Melanie. Isso é muito legal. Vamos. O que iremos perguntar desta vez?

— Aceita conversar com a gente? ─ Perguntou Melanie.

O copo tremeu, andou alguns centímetros para então repousar novamente na palavra SIM.

Vai Patrick. Sua vez.

— Cof Cof. Errr. Qual seu nome? ─ Patrick estava nervoso. Seus pelos estavam começando a ficarem arrepiados. Dos pés a cabeça. Sentia um calafrio incomodo, mas não poderia dar pra trás.

O copo lentamente foi começando a se mexer novamente. A face de ambos estava pálida. Suavam frio e ambos apertavam a mão um do outro com mais e mais força.

Primeira Pausa. Letra B.

Segunda Pausa. Letra A.

Terceira Pausa. Letra A.

Quarta Pausa. Letra L.

— Vai continua. Por que parou de se mexer? Que nome é esse? BAAL? Que nome idiota. Anda continue. Termine de dizer seu nome. Patrick, você conhece esse nome? Patrick...Patrick...Me responda? — Melanie balançava a mão de seu amigo e gritava o nome dele., mas de nada adiantava. Patrick estava catatônico. Perdido em seus próprios pensamentos. Seus olhos estavam fitando o vazio. Algo o assustou bastante. Mas o que seria? Mal começaram a brincadeira. Então por que Patrick estava tão assustado como se estivesse em estado de choque?

— BAAL. Esse é o nome do espirito. — Sua voz mal saia. — Melanie. Fizemos merda.

— Baal? Que nome é esse Patrick? Por que você está assim? É alguma brincadeira? Se você está tentando me assustar, eu não estou gostando nenhum pouco da brincadeira. — Melanie estava assustada. Seus olhos começavam a lacrimejar e quando se preparava para se levantar, Patrick a segurou pela mão com força e disse.

— MELANIE. BAAL não é um espirito comum. Muito menos uma alma penada. É um demônio. UM DEMONIO MELANIEEE. — Patrick estava aterrorizado. O que fez com que Melanie entrasse em desespero e cometesse um grande erro.

— Patrick para com isso. Você está me assustando cara. Eu não quero mais brincar com isso. Para mim acabou. Chega. — Gritava. Chorava. Estava com medo. Levantou -se assustada. Estava suando. Chorando aos litros. E o inevitável aconteceu.

— MELANIE. NÃO. — Seu grito foi de completo desespero. O que houve? O que Melanie fez que deixara Patrick tão desesperado?

— Melanie. O que você fez? Você não poderia ter feito isso garota.

— O que foi cara? Ta maluco? Eu não fiz nada. Eu só não quero continuar com essa maluquice. — Melanie estava furiosa. A tentativa de seu amigo em assusta-la deixou ainda mais estressada. —Anda cara. Jogue esses papeis fora. Vamos voltar para sala. Não gostei da brincadeira e me faça um favor. Nem olhe para minha cara ta bom. — Era um turbilhão de sensações. Estava assustada. Com medo e chorando. Mas também estava muito furiosa.

— Você não tem noção do que fez. Melanie. Se for realmente Baal que tiver nos respondido, você fez questão de nos colocar em completa desgraça.

Melanie não estava entendo nada. Andava de um lado para o outro sem saber o que fazer. Foi até a geladeira, pegou uma cerveja em lata e em um único gole esvaziou o recipiente para em seguida jogar contra o rosto de Patrick.

— CALE ESSA BOCA. Eu não quero mais ficar ouvindo essas suas idiotices. PARA. Acabou. O que eu fiz hein? O que eu fiz para me acusar de tal forma?

— Melanie. Segundo os livros sobre espíritos, quando se começa um ritual de invocação como este que fizemos, não se pode simplesmente abandonar o jogo. Tem que ficar até o fim. E você... — Sua voz foi interrompida.

Antes mesmo que pudesse terminar sua explicação, uma forte ventania invadira o apartamento. As luzes cintilavam. As janelas estouraram e as portas, tanto dos cômodos quanto dos armários de cozinha abriam e fechavam freneticamente, causando muito barulho e os aterrorizando ainda mais.

— Patrick. O que está acontecendo? Me diga, vamos. O que acontece se a brincadeira for interrompida? Você armou isso tudo com o André não foi? Por isso ele não quis vir brincar com a gente não é mesmo? Pare com essa palhaçada. — Um tapa. Foi a única reação que Patrick tivera naquele momento e acertou com força moderada o rosto de sua amiga.

Melanie estava totalmente fora de si. Desequilibrada. Quando tentou sair de seu quarto a porta se fechou, trancando os dois em seus aposentos que mais parecia um cenário de filme de terror, como do filme Poltergeist.

— Melanie. Não é obvio para você? BAAL está aqui. É isso que acontece se a brincadeira for interrompida. E ele não vai embora até que mate a todos nós ou seja expulso. — Patrick tentava se manter firme nas palavras para não assustar mais ainda sua amiga. Mas era praticamente impossível manter a calma. Ele mesmo já estava em desespero.

Era tarde demais.     

Os Escolhidos - A Missão do Anjo LilielOnde histórias criam vida. Descubra agora