Capítulo 56 - Vida e Morte. Segredos do passado.

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Derek se espantou e fora tomado por mais ódio ainda ao ouvir o nome de sua irmã desaparecida e supostamente morta. 

– O que tem minha irmã? – Tocou em sua mão esquerda que estava bastante ferida devido aos golpes que aplicara. Sangrava.

– É evidente que não se lembre. Era apenas uma criança. – Soltou um sorriso maléfico.

Derek o soltou. Rodou nos quadris e caminhou até a mesinha onde descansavam uma sorte de objetos de torturas. Pegou o bisturi – o mesmo que o anjo usou contra Kate ─ e voltou até o caído.

– É melhor começar a falar. – Ameaçou com a lamina a cortar – lhe a face. – Não estou de bom humor.

Handriel se ajeitou de costas na parede ainda sentado, tateou o rosto e sentiu que estava bastante machucado. Suas asas antes retraída quando descansava, teimavam em brotar em suas costas devido ao grave estado físico em que se encontrava. Cuspiu alguns dentes. Limpou o sangue dos olhos e começou a falar.

Diaz. – Cuspiu um nome. Melhor. Um sobrenome. – Meu mestre ouvira falar que o Escolhido nasceria em uma família de sobrenome Diaz – Tossiu. Tomou folego e voltou a falar.

– Há muito tempo quando finalmente senti a energia do que supostamente seria do Escolhido, demorei para perceber que se tratava de apenas uma criança, de uma menina. Tempos depois, quando finalmente consegui destruir os anjos da guarda que lhes protegiam, segui com mais dois capangas até sua residência e houve peleja, Seu pai, José, não colaborou em me entregar a criança. – Suas palavras voltavam a sair com dificuldade.

Sua garganta doía assim como seu maxilar e seus ossos faciais. Dois minutos de pausa para então continuar.

– Seu pai era muito forte, com certeza você teve a quem puxar. Mas chegou a nossa chance, logo em seguida a filhinha mais nova de José de apenas cinco anos, adentrou a sala. Ingênua, desprovida de maldade. Meus capangas se aproveitaram da situação e a raptaram, finalmente tínhamos a Escolhida em nossas mãos. Mas anos depois de tortura, estupro e muita dor, descobrimos que ela não era a Escolhida. Erramos e supomos que a outra criança seria o Escolhido...você, o mesmo que me atingira no peito com aquela enorme espada, que resolvi ignorar. Mas nunca o encontramos de novo. Mas assim que a anjo Morgana disse que tinha suposições que você era o Escolhido, demorei a acreditar, vendo que anos ao seu lado como Charlie, nunca havia visto nada demais, além de apenas força e resistência fora do comum..

─ Cale - se desgraçado. ─ Derek o acertou de forma brusca e violenta, esmagando sua cabeça contra a parede, em um único golpe com a sola do pé.

O osso frontal afundou fazendo com que suas têmporas estourassem lançando pedaços de sua massa cefálica a centímetros de seu corpo. Morte instantânea. Contrações. Derek tomado de uma raiva fora do comum, começou a lhe chutar o corpo sem vida por uns cinco minutos sem parar, até que percebeu que Handriel estava realmente morto.

– Seu maldito. Quem foi que te mandou? Quem foi? Responda. – Derek babava. Continuava a perguntar sobre aquele episódio. Levantou o corpo do infernal e o sacolejava exigindo uma resposta. Estava desorientado. Fora de si.

Passado pouco mais de 30 minutos, la estava Derek, sentado de frente ao corpo estraçalhado de Handriel chorando e lhe implorando respostas. Hora e outra murmurava com pesar: "Eu estava la, era apenas uma criança. Por que não consigo me lembrar o que aconteceu?". 

Mas o anjo já não pertencia mais esse mundo, sua essência voltara ao mundo espiritual e não voltaria tão cedo. Mesmo sem saber desses detalhes, ele lhe jurava vingança, iria até os nove círculos infernais a sua procura.

Derek estava ensandecido, algo que o infernal o dissera sobre o episodio com Lavigne, sua irmã, o abalara profundamente. Mas agora Derek sabia que sua irmã estava morta, raptada por demônios por achar que ela era a Escolhida ao invés dele próprio. 

Handriel disse que fora acertado no peito por ele naquela ocasião mas Derek não se recordava, devia ter uns dez anos no máximo. Mas se estava realmente lá e conseguira de fato atingir um demônio, poderia ter salvado sua irmã, mas não o fez, não lembrava do que tinha acontecido. Por isso, se sentiria ainda mais culpado pela morte de sua pequena irmã Lavigne.

Passos. Alguém se aproximava pela sua retaguarda.

Como por instinto, Derek se levantou e mecanicamente agarrou pelo pescoço a pessoa que se aproximava. Sua visão estava embaçada, não conseguia distinguir nada a sua frente, apenas um vulto. Com as duas mãos estrangulava ferozmente aquela pessoa que nem ao menos conseguira decifrar quem era. O corpo se debatia. Tapas. Pontapés. Arranhões. Nada era suficiente para conter a fúria daquele falcão que estava prestes a ceifar mais uma vida, diante de tanta raiva que estava a sentir. 

Futuramente Derek avisara para quaisquer pessoa, que não se aproximasse dele quando estivesse em um estado similar a esse.

– Pare. – Uma voz rouca e feminina implorava. – Sou eu cara, Kate. – A menina já não tinha forças para tentar se soltar, ainda mais depois da seção de tortura pela qual tinha passado.

Nenhuma reação.

Derek continuava a lhe esganar e o vulto que estava em sua frente ia tomando forma. Era o rosto de Handriel, o que lhe aumentava a raiva, fazendo com que empregasse mais e mais força na sua esganadura.

Seus olhos estavam vermelho sangue. Em seu corpo percorria uma descarga elétrica com mais de 500 volts e que por milagre nada fez ao corpo de Kate, que se mantinha em contato com ele. Seus cabelos esvoaçavam freneticamente e de segundo em segundo mudava a cor de preto para branco, alternadamente.

Frio. Muito frio.

Seu corpo foi perdendo a força a medida que a temperatura ao seu redor caia repentinamente. Suas mãos se afrouxaram do pescoço de Kate e lentamente Derek ia caindo de joelhos perante a menina, que sem folego tentava se manter de pé. Sua consciência ia retornando gradativamente e já conseguia distinguir melhor o rosto de sua conhecida. Amiga? Não mesmo, mas pelo menos não era Handriel.

─ Obrigado por me acordar. – Disse amigavelmente ao mesmo tempo, em que demonstrava arrependimento em te – la agredido ao ponto de quase mata - la esganada. – Me traga um edredom e um copo de cerveja. 

Foram suas ultimas palavras antes de desmaiar devido a baixa temperatura e esforço excessivo que misteriosamente o acometeu.

– De nada. – Disse Kate após lhe dar um murro no nariz, com toda força que ainda lhe restava. Pena que Derek já havia desfalecido e com certeza não sentira a dor do golpe. – Estamos quites. – Sorriu amigavelmente. Ainda sentindo as dores do espancamento.

De ser corpo nu e visivelmente magoado com vários hematomas, exalava uma névoa gelada. Shiva havia voltado. Estava lhe abraçando pelas costas através do plano espiritual, invisível aos olhos humanos, mas perfeitamente sentida por sua mestra.

Inconsciente, as ultimas palavras de Handriel ainda vagavam pela mente de Derek. Desde que decidiu enfrentar o crime e desafiar as autoridades, Derek tinha apenas um objetivo, encontrar sua irmã que fora levada bem na sua frente quando crianças. Era a única coisa que Derek lembrava até o momento e por isso, vivia a perseguir criminosos e principalmente pedófilos e estupradores. 

Mas agora, consciente do que realmente havia acontecido, sentia mais que nunca a culpa e o remorso caírem sobre seus ombros. Estava lá. Era um Escolhido. E não pode fazer nada, pior, sua irmã fora levada, maltratada, violentada por acharem que ela, era dona daquele poder...daquela maldito poder. 

Que na verdade, era seu poder.

Os Escolhidos - A Missão do Anjo LilielOnde histórias criam vida. Descubra agora