Capítulo 23 - Visita inesperada

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"Derek. Papai, Me ajudem. Socorro"

Por alguns instantes Derek se perdera em seus pensamentos. Estar com aquela menina sob seus cuidados, só lhe fizera lembrar de sua pequena irmã há tempos tomada de seu lar.

— Olha. Me desculpa. Sei que estou sendo um tanto cruel com você. Mas...mas não estou acostumado com isso. Nunca tive uma criança por perto. Agora por favor abra a porta e vamos comer algumas coisa. Você deve estar com fome. — Derek estava nervoso mas conseguiu usar bem as palavras o que acalmou um pouco a menina.

Alguns segundos de silêncio tomaram conta do ambiente antes que Raquel abrisse a porta. Seu rosto estava inchado e bastante vermelho devido ao choro, o que fez que Derek criasse um pouco de compaixão em seu coração.

Raquel olhou de cabeça baixa para Derek e partiu para cima finalizando um abraço bastante apertado, o que fez com que ele sorrisse um pouco, sentindo um pouco da angustia da pobre menina e seus soluços contínuos.

— Venha. Vamos comer alguma coisa. — Disse enquanto secava as lagrimas da pequena Raquel.

Raquel apenas confirmou com um movimento de cabeça e foi lavar seu rosto. Derek preparou um delicioso banquete para ambos. Frutas. Suco. Pão e bolo. Ambos comeram como se estivessem a dias em jejum. O café da manha foi finalizado em completo silencio. Olhares tristes e felizes o faziam se comunicarem em silencio. Um misto de sentimentos que ambos pareciam entender perfeitamente.

Após terminado o lanche matinal, Derek se levantou e foi até a janela da cozinha. Acendeu um cigarro e ficou a fitar o vazio, pensando o que seria de agora em diante. Muitas coisas aconteceram e agora aquela criança dependia apenas dele. Talvez seu maior desafio enfrentado ate hoje. Mas sabia que a hora de leva – la para um abrigo chegaria em breve, mas devido ao estado em que a pobre menina se encontrava, preferiu não tocar nesse assunto tão cedo. Daria um tempo para que ela pudesse superar o trauma vivido nos últimos dias.

— Tio. — Chamou Raquel com a boca entupida de bolo. — Você tem mulher?

— Que? — Derek quase se engasgou com a fumaça do cigarro. — Como assim?

— Como assim? — sorriu Raquel visto o nervosismo que a pergunta o causou.— Você não tem namorada ou esposa?

— Minha vida tem sido muito difícil para pensar nesses assuntos. — Foi direto.

— Mas todo homem tem que ter uma mulher para lhe fazer companhia. Era o que meu pai dizia. — Raquel falava como uma adulta, nem parecia aquele menininha chorona de antes. 

— Não eu. Não preciso de uma mulher chata falando no meu ouvido o que tenho ou não que fazer. Não quero ninguém tomando conta de minha vida. — Derek parecia tenso com o assunto.

— Já entendi. — Sorria Raquel — Você fala como se ja tivesse tido um amor e sofreu por causa dele. Não é mesmo?

— Hey. Isso não é assunto para uma criança, ta bom? Agora para de falar de boca cheia antes que morda a língua. — Derek parecia ter ficado incomodado com o assunto e o fez cortar rapidamente.

— Não se esqueça que eu tenho 17 anos. Já sou quase maior de idade. Uma adulta. - Mexeu nos cabelos demonstrando audácia. - Apenas minha aparência é de uma menina Senhor Derek.

— Derek deu de ombros um pouco sem graça ao ver o quanto era linda aquela menina.

O tempo passou, já passavam das dez horas da manha e a campainha tocou. Derek não deu muita atenção e esperou que Rackel fosse atender, oque não aconteceu. Mais uma toque e Derek finalmente se levantou para ver quem seria aquela hora da manha.

Olhou pelo olho mágico e constatou que se tratava de seu contato da policia. Respirou fundo por duas vezes e decidiu então abrir a porta.

— Meu caro detetive...

Derek o recebeu de braços abertos e com um sorriso sínico no rosto mas suas palavras foram interrompida com um soco direto em sua face. Derek caiu sentado no chão e com ar de deboche conferiu se estava sangrando.

— Seu maldito idiota. — Gritava o detetive — Onde estava com a cabeça para desobedecer minhas ordens? Enfrentar Cicatriz sozinho? Deu sorte de ter saído vivo daquele lugar. Que por sinal é muito estranho. Anda desembucha. O que aconteceu?

— Em primeiro lugar, não recebo ordens suas. E segundo, em apenas uma noite consegui o que há anos sua equipe vem tentando fazer. Então não venha me dar sermões por ter feito o seu trabalho.

— Ora seu...

Ambos se sentaram e Derek começou a falar sobre tudo o que havia descoberto e como conseguiu sair vivo. O tráfico de crianças. O mercado negro de prostituição infantil. O convite nada amigável sobre ter que lutar no lugar de Cicatriz e sobre a pequena Raquel.

— Você só pode estar louco. — Censurou em voz alta o detetive — Ja sabemos da localização exata do evento, agora deixe o resto com a policia entendeu?

— Esta brincando? — Debochou Derek — Esta muito além da capacidade da policia. Políticos e até mesmo a lei esta envolvida nesse esquema meu caro.

— E como você acha que sozinho ira colocar um fim a essa organização?

— Simples. O mais difícil ja foi feito. Estou infiltrado nesta organização agora. Pelo menos na parte das lutas. Agora fica mais fácil saber como funciona e descobrir quem são os responsáveis por trás dessa sujeira toda.

— Você só esqueceu que terá que matar pessoas nesse joguinho não é mesmo?

— Pessoas? — Derek cuspiu no chão — São animais. Criminosos. Isso eu farei com muito gosto. Ainda mais com as putas e o dinheiro que irei receber como prêmio. E não se esqueça do que venho procurando nesses anos todos em que resolvi me aliar a vocês.

— Lembro muito bem de sua busca insana, mas você não se aliou, foi obrigado para não ser preso novamente. Você é tão sujo quanto esses homens. Só se preocupa com seus próprios interesses. Mas tudo bem, faça como quiser. Mas quero que me mantenha informado sobre todos os seus passos, e não pense que irei proteger seu rabo caso a merda comece a feder mais do que já esta.

— Do meu rabo eu próprio tomo conta. Assim como fiz quando seus homens deram para trás, lembra?

O detetive ficou em silencio.

— E essa criança? O que pretende? Vai virar baba dela? — Falava sério o detetive.

Derek olhou e viu que Raquel havia entristecido o olhar, provavelmente com medo que mencionasse novamente a questão do abrigo.

— Dela eu cuido depois. Por enquanto ficará sob meus cuidados. Ela perdeu os pais e ainda fora torturada por aquele cafajeste, não seria aconselhável ser enviada para um abrigo nessas condições. Ela se sentirá mais protegida com o homem que a salvou.

Derek deu um leve sorriso para Raquel e aquelas palavras entraram em seu coração lhe aliviando de todas e quaisquer lembranças ruins dos dias passados. Lagrimas começaram a escorrer em sua face e chorando o abraçou, como se não quisesse mais sair do seu lado. Derek se curvou e enxugou suas lágrimas dizendo que enquanto estivesse ao seu lado nada de mal lhe seria causado.

Derek e o detetive conversaram por duas horas. Planos e estratégias foram discutido entre eles. Derek passava confiança e o detetive sabia que só ele mesmo poderia por um fim a essa terrível organização de mafiosos e bandidos que destruíam a sua cidade com jogos e prostituição de menores.

— Derek. Há outra coisa que preciso lhe falar. — Disse o detetive de forma preocupada.

— Diga. O que foi? — Perguntou preocupado ainda mais — Sei que esse assunto é perigoso e preocupante em demasia. Mas agora você parece estar com a cabeça perdida em algo bem mais grave do que assaltos na comunidade.

O detetive pegou sua carteira de cigarros e lhe ofereceu um. Com a mão esquerda levou seu Zippo importado em direção a boca de Derek e acendeu para seu companheiro.

— As coisas estão "esquentando".

Os Escolhidos - A Missão do Anjo LilielOnde histórias criam vida. Descubra agora