Capítulo 12

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Cheguei no consultório para mais uma consulta, e antes de entrar na sala a recepcionista me chamou.

– A partir de hoje quem lhe atenderá será a Dra. Angela.

– Mas ela não estava fora? Levantei a sobrancelha insatisfeita com a troca.

– Sim, mas já voltou. Estevam estava temporariamente atendendo seus clientes.

– E como eu faço para voltar a passar com Estevam?

– Como eu disse, ele estava substituindo temporariamente a Dra. Angela. Não passamos os clientes dela para nenhum outro fisioterapeuta da clinica.

Suspirei e fui chamada no consultório. Peguei minhas coisas e fui até lá.

Ela alterou todos os exercícios que Estevam havia me passado. Embora fosse simpática, eu não fui com a cara dela. Queria que ele estivesse aqui para me ajudar, como tinha feito até então.

– Lhe espero na próxima semana Laura! A fisioterapeuta me acompanhou até a porta e abriu para mim. Sorri ladino e saí.

Olhei em volta do ambiente para ver se o encontrava, mas nem sinal dele. Saí da clínica e fui até o carro. Entrei e coloquei minhas coisas no banco de trás.

Após girar a chave e ligar o carro, vi Estevam saindo da clinica. Não estava com a roupa que utilizava lá dentro, e sim com uma vestimenta comum e também uma mochila.

Ele foi andando para o lado contrário do ponto de ônibus e eu dei partida, saindo devagar. Abri a janela do carona e o olhei.

– Estevam! Chamei alto o que o fez me olhar. Ele se aproximou do carro e eu parei.

– Você está aqui hoje né... havia esquecido.

– Sim... e odiei a troca. Volta a ser meu fisioterapeuta? Fiz um bico no rosto e ele sorriu.

– Infelizmente não consigo. Não podemos atender os pacientes da Angela. Revirei os olhos.

– Para onde você está indo? Perguntei.

– Para casa... Olhou para a rua e voltou a olhar dentro do carro. – Nos vemos!

– Não! Espera! Eu te dou uma carona. É o mínimo! Sorri.

– Não... eu preciso andar... Inventou.

– Entra logo no carro. Abri a porta e ele a puxou, entrando em seguida. – Coloque aqui em meu celular seu endereço. O entreguei.

Ele pegou o celular e colocou seu endereço, me devolvendo o celular em seguida e colocando o cinto de segurança.

– Está dando 30 minutos de carro. É isso mesmo? O olhei.

– Sim... Colocou a mochila entre suas pernas.

– E você iria andando? Ergui a sobrancelha.

– Sim. Riu. – Eu faço isso as vezes. É bom para colocar os pensamentos em ordem. Olhou pela janela. – Minha moto está no mecânico, por isso vim a pé. Me olhou.

– Você têm uma moto? Segui o que o GPS estava pedindo.

– Sim. E você um carro. Riu.

– Engraçadinho! Fiz careta. – Aaah! Quero te mostrar uma coisa. Falei empolgada.

– O que? Perguntou. Parei o carro na faixa de pedestre e enquanto o semáforo estava fechado, subi minha camiseta. – O que está fazendo? Perguntou assustado.

– Calma! Escorreguei um pouco o corpo no banco e abaixei o short, deixando minha tatuagem a vista.

– Aaah! Sorriu. – Conseguiu superar seu medo! Passou o dedo por cima.

– Mais ou menos! Ri e endireitei meu corpo no banco, desconfortável com seu toque.

– O que está escrito? Recolheu sua mão e eu dei partida no carro novamente, após abertura do semáforo.

– Tudo acontece por um motivo. Sorri.

– Legal. Levantou sua camiseta, mostrando seu abdômen. – Eu tenho mais. Riu.

Olhei para ele de soslaio e desci os olhos por seu abdômen. Apertei o volante e acelerei.

– O que significam? Suspirei, sentindo calor.

– Nem todas têm um significado específico. Apenas algumas. Outro dia eu te conto.

– Como você tatua seu corpo sem um significado? Arqueei a sobrancelha.

– Eu só gosto dos desenhos. Abaixou a blusa. – Nem tudo têm significado.

– Sem nexo, mas tudo bem. Ri. – Você mora sozinho?

– Sim. A 4 anos na verdade! Desde que entrei na faculdade. Melhor coisa que fiz.

– É aqui mesmo? Disse olhando para o bairro.

– Sim, ali! Apontou para um prédio.

Estacionei o carro em frente ao prédio que ele havia dito e ele me olhou, sorrindo.

– Entregue! Desliguei o carro.

– Quer subir para tomar uma água? Tirou o cinto.

– Não. Ri. – Se fosse um café, eu poderia pensar em aceitar.

– Eu não tomo café. Riu também. – Mas posso fazer um suco. Abriu a porta e desceu.

Tirei o cinto e desci do carro também. Olhei em volta e olhei a estrutura antiga do prédio.

– Eu acho que vou aceitar. Sorri. – Mas é seguro deixar o carro aqui? Fechei o mesmo.

– Está de dia ainda, não tem problema. Foi até o portão e o abriu. – Você vai ficar aí? Me olhou enquanto me esperava. Fui até ele e entrei.

– Você mora aqui? Olhei os detalhes do prédio antigo.

– Sim. É muito simples para você? Subiu pelas escadas enquanto eu ia atrás.

– Não disse isso. Retruquei. – Você é sempre assim? Parei atrás dele enquanto ele abria a porta.

– Assim como? Entrou e eu fui atrás olhando seu apartamento. Era pequeno. Tinha um cômodo grande com uma divisória de madeira ripada que dividia a sala e o quarto e também tinha uma cozinha pequena.

– Chato e arrogante. Fechei a porta atrás de nós. Seu apartamento estava limpo e arrumado, exceto por sua cama.

– Fique a vontade. Deixou a mochila e o tênis no quarto e voltou, indo para a cozinha.

– Você que limpa tudo? Me apoiei no balcão que dividia a sala e a cozinha.

– Sim! Sorriu enquanto lavava as mãos. – Você quer suco de que?

– Qual é sua especialidade? Dei a volta no balcão e me aproximei da fruteira, apertando algumas frutas.

– Hummm... se aproximou também. – Abacaxi com hortelã. Pegou o abacaxi e o colocou na pia. Comecei a rir com algo que lembrei. – O que foi? Me olhou confuso.

– Você que estudou a área da saúde, me diz uma coisa. Já me disseram que os homens que comem abacaxi, têm o... procurei palavras para me expressar. – Como eu posso dizer isso? Cocei a cabeça e gesticulei uma punheta.

– O que? Estevam começou a rir.

– A porra! Tem a porra doce. É verdade? Ri mais alto.

– Eu não sei! Pegou a faca e começou a cortar a casca, enquanto ria do que eu disse. – Eu estudei músculos não paladar. Me olhou. – Mas se você quiser eu como e você experimenta.

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