Capítulo 92

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Apertei os olhos, sem abri-los, torcendo para que tudo fosse um pesadelo. Passei a mão pela cama e não senti nada. Engoli em seco, e abri os olhos, observando o quarto de Gustavo.

Uma lagrima escorreu por meu rosto e eu funguei, abraçando um dos travesseiros.

– Bom dia, dorminhoca. Gustavo falou e eu olhei para ele, que estava com uma bandeja nas mãos.

– O que é isso? Falei chorosa limpando minhas lágrimas.

– Seu café da manhã. Colocou a bandeja sobre a cômoda e foi até a janela, abrindo as cortinas.

– Eu não estou com fome. Fechei os olhos ao me incomodar com a claridade.

– Mas vai comer mesmo assim. Senti a cama afundar e os dedos de Gustavo tocarem meu rosto, limpando minhas lágrimas. – Espero que essas lágrimas sejam por conta da claridade.

– Você sabe que não são. Abri os olhos e o observei sentado ao lado de meu corpo.

– Me dói te ver sofrer. Suspirou e passou a mão por meu cabelo, tirando-o de meu rosto.

– Eu achei que tudo fosse um pesadelo. Me sentei na cama e passei as mãos no rosto.

– Poderá se tornar se você deixar... Tirou o cabelo de meu ombro, colocando-o por trás.

Senti um breve arrepio e encolhi o pescoço.

– Como assim? Olhei para ele.

Ele passou a mão por minha nuca e me puxou, roubando um beijo. Fechei os olhos e retribuí o mesmo, dando passagem para sua língua. O calor de sua respiração sobre a minha me aconchegava de uma forma especial.

Afastei meu rosto devagar, dando-lhe um selinho rápido para finalizar o beijo.

– Eu achei que levaria um tapa. Sorriu ainda de olhos fechados, enquanto passava seu nariz pelo meu.

– Por que eu te bateria? Perguntei me afastando e olhando melhor para seu rosto.

– Porque poderia achar que eu estava me aproveitando de sua fragilidade.

– Você nunca faria isso. Olhei em seus olhos e ele continuou sorrindo bobo.

Gustavo se levantou e pegou a bandeja, trazendo-a na cama. Tinham muitas coisas. Biscoito, café, leite, pão, torrada, suco, bolo.

– Gustavo, eu não vou comer tudo isso. Comecei a rir.

– Quem disse que é só pra você? Pegou um copo de suco e começou a tomar.

Cruzei as pernas na cama e comecei a comer junto a ele. Sua presença me fazia bem e saber que eu tenho ele ao meu lado, me apoiando, me conforta. Sei que ele espera algo a mais de mim, que talvez eu nunca possa dar, mas sempre serei agradecida por tudo que têm feito até aqui.

– Por que esta me olhando assim? Ele indagou.

– Assim como? Arqueei a sobrancelha e desviei o olhar.

– Feito boba. Riu.

– Deixa de ser tonto. Ri também.

– Eu preciso ir trabalhar. Me olhou desanimado. – Mas confesso que adoraria passar o dia com você aqui.

– Eu ficarei bem. Sorri o olhando de canto.

– Eu sei que sim, eu é que não vou, longe de você... Se levantou. – Qualquer coisa que precisar, pode ligar na recepção nos números que estão ali. Apontou para o balcão do mini bar e eu assenti.

– Obrigada. Sorri me levantando também. – Por que você não disse que eu estava com o cabelo todo desgrenhado, Gustavo? Me olhei espantada pelo espelho, arrumando-o.

– Porque você está linda assim. Beijou minha testa e foi para o banheiro.

Sorri boba enquanto levava as coisas para o balcão. Eu não sei como as coisas funcionavam aqui, pois nunca morei em um hotel, então eu teria o dia todo para aprender.

Depois de ter almoçado, andando pelo hotel, conversado com alguns funcionários e escolhido o jantar, eu voltei para o quarto. Como Gustavo estava demorando para chegar, eu aproveitei para tomar um banho com mais privacidade.

Coloquei uma camisola e fiquei esperando sua chegada, sentada no sofá. Aproveitei para verificar as coisas no celular, já que, desde que cheguei aqui, não usei ele, pois sabia que seria o canal principal que Marcus utilizaria para me perseguir.

Algumas ligações perdidas dele, uma recente até, me incomodaram. Bloqueei seu número por hora, pois não queria o ver nem pintado de ouro, quem dirá conversar com ele.

A porta se abriu e eu levantei meu olhar sorridente. Gustavo entrou no quarto e me olhou cabisbaixo. Ele estava com uma marca roxa na altura da bochecha e um corte no alto da sobrancelha e outro no canto dos lábios.

Me levantei espantada e corri até ele, buscando palavras para perguntar o que tinha acontecido, mas não conseguia.

– Não se preocupe, eu estou bem. Soltou um longo suspiro e tirou seu paletó, mostrando algumas marcas de sangue em sua camisa branca.

– O que aconteceu? Olhei atenta para o ferimento e o puxei para o banheiro.

– Eu briguei... com Marcus. Me seguiu.

– Você deixou que ele te batesse na verdade, né? O sentei no vaso e olhei para seu rosto. – Você é muito mais forte e alto que Marcus. Ele não poderia ter feito isso se você não tivesse deixado.

– Fico lisongeado pelo elogio de mais forte e alto. Sorriu sarcástico.

– Não brinca com isso! Dei um tapa em seu braço. – Onde tem uma caixa de primeiros socorros? Ele apontou para o armário no banheiro e eu o abri, pegando a caixa branca e a abrindo em cima da pia.

– Sabe por quê ele me bateu? Levantou o olhar enquanto eu colocava um pouco de antisséptico no algodão e eu neguei com a cabeça.

– Mas sei que têm a ver comigo. O olhei pelo canto dos olhos.

– Eu contei que você estava aqui. Me aproximei dele e passei o algodão por sua sobrancelha, fazendo-o se afastar abruptamente.

– Só isso? Perguntei com desdém e voltei a passar o algodão por sua pele.

– Sim. Sorriu ladino. – Ele estava precisando bater em alguém, preferi que fosse em mim que sou seu amigo, do que descontar em alguém que não tem nada a ver com isso.

– Você é um ótimo amigo. Terminei de limpar sua sobrancelha e peguei outro algodão, molhando-o e passando em sua boca.

– Isso dói! Segurou meu pulso e fez uma careta.

– Aguenta levar uns murros, mas não aguenta um algodãozinho com álcool? Arqueei a sobrancelha e ele se calou, soltando minha mão.

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