Capítulo 64

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Dentro do meu camarim, haviam 2 pessoas – um homem e uma mulher. Travei, pois achei que falavam inglês e eu não sabia nem dar oi.

– Vamos meu querido, sente-se aqui para vermos a maquiagem. O homem falou, apontando para uma cadeira de cabeleireiro.

– Vocês falam português? Questionei indo até a cadeira.

– Sim! A mulher sorriu. – Nós também somos brasileiros. Prazer Julia e este aqui é o Charles. Apontou para o homem que remexia em seus pertences.

– Prazer! Sorri olhando meu reflexo no espelho.

Charles era o maquiador e a Julia, produtora de moda. Após testar alguns tons de maquiagem em meu rosto, Charles passou as cores que havia escolhido, como teste... para se certificar que contrastariam com as roupas.

– Tire a roupa meu bem. Julia trouxe a arara de roupas.

– Aqui? Olhei espantado.

– Sim! A roupa toda. Inclusive a cueca. Arregalei os olhos. – Mas pode ser ali, atrás do biombo. Me dirigi até o biombo e comecei a me despir.

– Não entendi por que tenho que ficar nu... Falei baixo, tirando a cueca.

– Porque seu catálogo será de roupas íntimas, junto com a Laura. Me entregou uma cueca através do biombo.

Me vesti e saí por de trás da proteção. Os dois me olharam de baixo acima, me deixando um pouco envergonhado.

– Você é muito bonito. Agora entendo porque te escolheram! Julia se aproximou. – Posso tocar em você? Serei um pouco invasiva. Disse enquanto colocava uma luva e eu assenti positivo, mesmo estando desconfortável com o olhar dos dois sobre mim.

Julia chegou perto e ajustou as pernas da cueca boxer em meu corpo. Ela puxou o cós da mesma e colocou sua mão dentro da cueca, ajustando meu pênis para o lado. Depois ajustou o cós da cueca e se afastou me olhando.

– Ta... Isso foi estranho. Olhei torto para ela.

– Se acostume, isso vai acontecer com frequência. Me olhou. – Está perfeito. As cuecas são do tamanho ideal, só tente não ficar excitado, você tem um tributo e tanto!

– Julia... Charles a repreendeu.

– Experimente as demais e tente fazer como eu fiz, assim não terá ninguém tocando em você. Sorriu e tirou a luva.

Experimentei todas as cuecas e depois me vesti. Julia mandou as mesmas para a lavanderia e se sentou ao meu lado, me olhando enquanto eu tirava a maquiagem.

– Amanhã você fará as fotos com a Laura e ela estará tão sexy quanto você. Como se sente neste sentido?

– Não sei... olhei para ela. – Que tipo de pergunta é essa?

– É que vocês farão algumas fotos um tanto quanto juntos. Frisou o juntos. – É importante que você se mantenha respeitoso.

– Eu tentarei, de verdade! Até porque com a quantidade de pessoas que estarão nos olhando, nada aqui vai subir. Apontei para baixo.

– Melhor assim! Já pode ir. Se levantou. – Te esperamos aqui amanhã.

– Até amanhã! Me levantei também e me dirigi até a porta, a abrindo. Vi quando Laura passou correndo pelo corredor com os olhos marejados.

Fui atrás dela, para tentar entender o que havia ocorrido. Como ela estava de salto alto, não conseguia correr tão rápido. A puxei pelo braço, antes que pudesse cruzar a porta da saída.

– O que aconteceu? Olhei para seus olhos.

– A culpa é sua! Me solta! Puxou seu braço com brutalidade e saiu.

Fiquei parado observando-a ir, ainda sem entender nada.

Fui para o hotel sozinho, já que muitos não tinham acabado de provar as roupas de amanhã. Estavam servindo o almoço, então aproveitei para me alimentar também.

Subi para meu quarto e fiquei observando o bairro pela janela. Eu deveria estar passeando por ai, mas a insegurança de não saber falar outra língua, não me deixava colocar o pé para fora do hotel sem estar acompanhado.

Me deitei na cama e fiquei olhando para o teto, até que acabei adormecendo.

– Estevam! Ouvi meu nome ao fundo e algumas batidas na porta. – Estevam, está aí? Apertei os olhos e me levantei devagar.

– Só um instante. Passei as mãos no rosto e fui até a porta, abrindo-a. Laura estava parada, me olhando.

– Posso entrar? Olhou para dentro do quarto e eu dei passagem. Ela passou por mim e eu fechei a porta, me sentando na cama em seguida.

– Perdão! Ela cruzou os braços abaixo dos seios e me olhou nos olhos. – Por hoje cedo... não foi minha intenção ser grossa com você.

– Poderia me explicar o que houve? Cocei os olhos ainda sonolento.

– São as fotos. Suspirou olhando para fora. – Eu não sabia que seriam tão íntimas.

– As nossas fotos? A olhei.

– Sim. Em algumas poses nós ficaremos muito próximos.

– Não passarei dos limites com você, pode ficar tranquila. Será algo totalmente profissional.

– Eu sei! Eu confio em você. Acontece que... suspirou. – Nunca nenhum homem tocou em mim.

– Mas eu não tocarei em você. Levantei os olhos.

– Tocará sim! Engoliu em seco. – Em uma das posições você colocará as mãos em meus seios. Tudo bem que eu estarei com o tapa seio, mas não deixa de ser desconfortável.

– Eu... eu não sei o que dizer. Prometo que serei o mais respeitoso possível.

– O problema não é você... é a situação. Coçou a cabeça. – Sendo assim, eu vim aqui para tentar me sentir mais confortável com a sua presença. Disse desabotoando a camisa que vestia.

– Não Laura! Não precisa! Me levantei e segurei suas mãos, impedindo que ela continuasse com o que pretendia.

– Eu me sinto uma tola. Desculpe! Ficou vermelha. – Eu nem faço seu tipo. Riu sem graça.

– Você é linda! Segurei em seu queixo.

– Acho que não. Sou muito magra. Sorriu ladinho. – Isso explica o fato de eu nunca ter namorado com ninguém. Levantou os olhos.

– Eu tenho certeza que essa não é a explicação. Me virei e olhei para fora.

– Talvez. Eu modelo desde os 15 anos, Estevam. Era um sonho da minha mãe e ela fez de tudo para realiza-lo! Eu tinha professores particulares, pois não conseguia ir a escola com a quantidade de viagens que tinha de fazer. Isso afetou minha vida social também.

– Eu sinto muito! Me virei para ela.

– Eu nunca tinha a oportunidade de ficar com ninguém, porque minha mãe sempre esteve por perto. Ou ela, ou os professores que contratava.

– E o que mudou? Arqueei a sobrancelha.

– Eu completei 21 anos. Agora não é mais necessário que ela me acompanhe... Sendo assim, me sinto um pouco mais livre. Sorriu ladino.

– Eu fico feliz que se sinta assim! Olhei para ela sem saber mais o que falar.

– Bom... eu vou para meu quarto! Perdão por te incomodar! Se dirigiu até a porta.

– Não é incomodo! Faça o seguinte, anote meu número. Toda vez que precisar, me mande uma mensagem.

Ela anotou meu número e voltou para seu quarto. Me deitei novamente e coloquei as mãos abaixo da cabeça, observando o teto.

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