Capítulo 38

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Laura

– Como você sabia que eu estava aqui? Olhei brava para Marcus enquanto ele dirigia.

– Instalei um rastreador no seu celular. Disse sem me olhar.

– Isso é crime sabia? Aumentei o tom de voz.

– Crime é você achar que vai me trair e que está tudo bem! Apertou o volante.

– Eu não quero te trair Marcus, talvez seja melhor que nos separemos. O olhei com lágrimas nos olhos.

– Eu já te disse que isso não é uma opção Laura! Suspirou.

– E você acha que a gente tem alguma solução? Eu não sei se te amo mais e você, parece que está comigo por algum interesse.

– Laura, estamos juntos a 8 anos, não a 8 dias! Você fala como se do nada seu amor por mim tivesse acabado. Entrou no estacionamento do prédio.

– Eu passei a ver a vida de outra maneira. Eu gosto de ser livre e eu me sinto tão presa com você. Abri a porta do carro e sai.

– Você fala como se eu te deixasse presa em casa, como se você não pudesse fazer nada. A única coisa que eu te pedi, foi que não me traísse! Desceu do carro também e o fechou, pegando em meu braço em seguida.

– Você colocou um rastreador no meu celular! Entramos no elevador.

– Eu fiz isso porque você me assustou no dia em que sumiu. Eu fiquei morto de preocupação e você não atendia minhas ligações. E agora você tá grávida! Você acha o que, que eu não vou me preocupar com você?

– Grávida supostamente de um filho que não é seu, então não sei de onde vem tanta preocupação. Suspirei e entrei em casa.

– Laura, eu acredito! Era isso que você queria ouvir? Eu acredito que esse filho seja meu. Satisfeita? Bateu a porta.

– Eu gosto do Estevam e da forma como ele me trata, totalmente diferente de você. Fui até o quarto e comecei a tirar minha roupa.

– Ele te sacia na cama, assim como eu fazia a 8 anos atrás, não é mesmo? Mas e o que mais? O que mais ele pode te oferecer? Você acha que ele tem condições de cuidar dessa criança que você está carregando? Condições mentais e financeiras? Morando naquela espelunca e naquele bairro horrível, na idade que tem e ganhando o que ganha por dia? Cruzou os braços e me observou enquanto eu me despia para tomar banho.

Engoli em seco e respirei fundo. O Marcus em parte tinha razão. Eu estava muito confusa, e poderia acabar fazendo uma besteira se me divorciasse. Afinal de contas, eu sei que eu amo Marcus, mas não sei o que sinto por Estevam.

– Vamos acabar com isso, hum? Marcus se aproximou e passou a mão em minha nuca.

Assenti positivo e uma lágrima caiu de meus olhos. Marcus a limpou rapidamente e beijou minha testa. Ele me abraçou e eu o abracei de volta.

– Desculpa... Falei em um fio de voz e ele afagou meus cabelos.

– Você vai ser mãe, não é momento pra tristeza! Sorriu e pegou em meu rosto. – Vamos ter um bebê. Disse me olhando nos olhos.

– Eu preciso marcar médico. Funguei. – Ver direitinho de quantas semanas eu estou, e quais cuidados devo ter. Peguei uma toalha e fui até banheiro.

– Posso ir com você? Veio atrás de mim.

– Você é o pai, não deveria nem me perguntar isso. Sorri e o olhei.

– Eu te amo Laura! Me doeu quando você disse que não sabe se me ama mais. Se aproximou.

– Eu te amo, só não sei se estou disposta a me desgastar tanto pela nossa relação. O olhei nos olhos.

– Vamos viajar? Me puxou pela cintura, colando nossos corpos. – Aproveitar que a gravidez ainda está no começo e fazer uma segunda lua de mel?

– E o seu trabalho? Passei a mão por seu peito.

– Amor, eu sou chefe agora. Riu. – Eu posso trabalhar de onde eu quiser.

– Então vamos. Eu acho que estou precisando mesmo de algumas férias. Sorri ladino.

– Eu que escolho dessa vez, ok? Beijou meu pescoço. – Vamos para o quarto? Perguntou me puxando devagar.

– Vamos com calma, tá? Me soltei dele e entrei no box.

– Vou trabalhar então. Me olhou decepcionado. – Até mais tarde. Saiu do banheiro.

Tomei banho e coloquei um pijama. Peguei o notebook e fui pra a cama. Comecei a adiantar todo o trabalho que tinha e fechei a agenda de atendimento para as próximas semanas.

Liguei em um consultório médico e agendei uma consulta com uma ginecologista e obstetra para saber o que eu tinha que fazer daqui pra frente.

Coloquei as mãos no rosto e olhei para o teto. Eu estava grávida, estava gerando uma vida dentro de mim. Sorri boba e passei a mão na barriga, olhando para ela em seguida.

Meu telefone tocou e o número era de Estevam. Virei a tela para baixo e voltei a fazer o que estava fazendo. Eu nunca o esqueceria se continuasse falando com ele.

O telefone tocou novamente e o olhei, meu dedo queria apertar o verde, mas apertei o vermelho e uma mensagem de texto subiu na tela.

"Se você não me atender, eu vou continuar ligando sem parar"

O telefone tocou novamente e eu o peguei, atendendo-o.

Eu só quero saber como você está!

– Estou bem Estevam. Suspirei.

– Ele não te fez nada de ruim, né? Eu vou ai te buscar se você quiser.

– Não podemos mais nos ver.

– Laura, estou apaixonado por você.

– Estevam, era só sexo. Não posso mais fingir que meu casamento não existe. Por favor, não me procure mais.

Desliguei o telefone e suspirei. Eu certamente não poderia viver essa vida dupla e tive que fazer uma das escolhas mais difíceis da minha vida. Eu não sabia ao certo o que sentia por Estevam, mas eu gostava dele, de estar com ele, e não era só sexo. Nossa conexão era muito maior que isso.

Procurei o aplicativo de rastreio que o Marcus colocou em meu celular, mas não o encontrei. Isso era algo que me preocupava, não de fazer algo errado, mas de ser vigiada 24 horas por dia.

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