Capítulo 49

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Laura

Eu não estava mais aguentando ficar deitada nessa cama de hospital. Eu estava bem e queria ir pra casa, mas minha alta só viria pela manhã.

Olhar para a cara de Marcus sempre que ele vinha aqui com seu fingimento, estava me dando nos nervos. Ele provavelmente está achando que eu já esqueci tudo ou o perdoei, pois age como se nada tivesse acontecido.

Meu pai estava neutro, declarava seu desgosto por Estevam todos os dias e incentivava Marcus a me bajular, como se isso fosse adiantar de algo.

Agora eu estava sozinha no quarto, refletindo sobre tudo que aconteceu nesses últimos 3 dias. De casada e grávida, à traída e sem teto. A vida dá umas reviravoltas que até eu duvido as vezes.

– Laura? Posso entrar? A medica perguntou.

– Claro! Sorri e me ajeitei na cama.

– Aqui está sua alta. Me entregou um papel. – Mas você somente sairá daqui quando alguém vier lhe buscar, tudo bem? Enquanto isso, vou trocar seu curativo.

Sorri e assenti positivo, pegando o papel e coloquei meu cabelo para trás. Minha cabeça ainda doía um pouco e eu estava bem chateada com a perca do bebê. Por mais que Marcus e eu não tivéssemos mais futuro, eu queria muito a criança, afinal era um sonho. Um sonho que agora terá que esperar.

– Prontinho! Sorriu e a porta se abriu atrás dela, nos fazendo olhar para quem estava entrando.

– Oi... Estevam disse com um sorriso no rosto. – Vim buscar a princesa machucada. Riu rouco.

– Ela já pode ir. A Dra. falou. – Na alta que te dei, tem os medicamentos que você precisa tomar. Fica bem e qualquer coisa nos procure.

– Muito obrigada Dra.! Sorri e ela saiu do quarto. Me sentei na cama e Estevam me ajudou a levantar.

– Você está bem? Estevam perguntou pegando minha roupa.

– Triste, mas bem. Sorri ladinho e tirei o avental. Estevam virou de costas e olhou pela janela. Troquei de roupa com certa dificuldade, pois ainda sentia um pouco de cólica devido ao aborto.

– Você quer que eu te leve para onde? Estevam me olhou.

– Não tenho para onde ir. Suspirei. – Tenho o apartamento antigo, mas está sem móveis.

– Pode ficar lá em casa, mas você sabe que é tudo muito simples né? Disse preocupado.

– Eu não me importo com isso e entendo se for te incomodar. Eu dou um jeito! Peguei em suas mãos.

– Não me incomoda! Pegou minhas coisas e me ajudou a caminhar pelo hospital.

– É temporário. Vou comprar alguns móveis e saio da sua casa assim que tudo estiver organizado.

– Laura, fique o tempo que precisar! Abriu um carro.

– Cadê sua moto? De quem é esse carro? Arqueei a sobrancelha.

– Você acha mesmo que eu viria de moto te buscar no hospital? Riu e abriu a porta para que eu entrasse. – É de um amigo meu, devolverei hoje a noite. Coloquei o cinto e esperei que ele entrasse.

– Você vai sair? Olhei para ele.

– Sim, todas as noites. Ligou o carro e deu partida. – Preciso me sustentar de alguma forma.

– Mas você pode fazer tantas outras coisas. Isso é muito perigoso! Disse impaciente.

– Laura, eu vim de uma família muito humilde. Não posso me dar ao luxo de não trabalhar. Suspirou.

– Mas e a fisioterapia? Você é ótimo no que faz e sabe disso. Insisti.

– Sim, eu sei, você sabe. E mais ninguém. E aí? Não posso depender disso. Não por enquanto. Me olhou cabisbaixo e voltou a olhar para a rua.

– Então vamos procurar outra coisa pra você! Peguei em seu braço. – Algo mais seguro.

– Enquanto não achamos, vou continuar indo para a arena. Passou a mão em minha perna.

Meu celular tocou e era Marcus. Estevam viu o nome no visor e tirou a mão de minha perna. Suspirei e desliguei. Não tinha o que falar com ele.

– Pode atender. Estevam disse sério.

– Não devo satisfação da minha vida para ele. Suspirei. – Se não for pedir muito, me leva em casa apenas para pegar algumas roupas e meu computador? Ele assentiu e mudou a rota, me levando para casa.

Quando chegamos, pedi para que ele ficasse no carro e subi para o apartamento. Estava rezando para que Marcus não estivesse lá.

Entrei no apartamento e tudo parecia quieto. Busquei por Marcus nos cômodos e não o encontrei. Fui para o quarto e peguei uma mala pequena de tecido. Abri e coloquei algumas roupas dentro, junto com meu notebook e um par de tênis.

Fechei a bolsa rapidamente e procurei pela chave do outro apartamento. Saí depressa com medo que Marcus pudesse chegar. Desci pelo elevador e saí do condomínio.

– Pronto! Abri a porta do carro e coloquei a mala no banco de trás, entrando em seguida. – Agora podemos ir.

– Você vai mesmo trocar isso, por meu humilde apartamento? Apontou para o prédio.

– Eu já disse que não me importo com isso Estevam! Bati na mão dele e ele riu.

Seguimos para o seu apartamento e ele me ajudou com a mala, quando chegamos.

Passei o restante do dia com algumas dores e permaneci deitada na cama até a hora que Estevam se arrumou para ir à Arena.

– Você poderia ser modelo. Disse enquanto o observava se trocar.

– Modelo Laura? Riu. – Eu to mais pra bandido do que modelo.

– Você tem um corpo de dar inveja Estevam. É lindo, tem olhos azuis, um sorriso que derrete qualquer mulher. As tatuagens são só um detalhe que na minha humilde opinião, são muito sexys. Sorri.

– Eu acho que esses remédios mexeram com a sua cabeça. Subiu na cama e beijou minha testa. – Eu preciso ir. Você vai ficar bem? Eu volto logo.

– Sim. Sorri e puxei a gola da sua camiseta, lhe dando um selinho demorado. – Volta pra mim, tá?

– Isso eu faço com prazer! Sorriu e se levantou.

Quando Estevam saiu, eu entrei no banho. Coloquei um pijama e fui para o sofá, assistir um pouco de TV. Era tarde e ele provavelmente só voltaria na madrugada, mas eu tentaria ficar acordada pra espera-lo.

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