Capítulo 93

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– Você está séria desde que eu cheguei. Gustavo disse retirando os pratos do balcão e colocando no carrinho em que vieram.

– Por que você acha? O olhei séria e me levantei.

– Porque eu briguei com Marcus? Era melhor que ele descontasse em mim do que em você.

– Eu sei que você quer ajudar, mas tem coisas que eu preciso resolver sozinha. Cruzei os braços.

– Laura, você não viu o estado que ele estava. Abriu a porta e colocou o carrinho para fora, fechando-a em seguida. – Ele poderia literalmente te bater. Desabotoou sua camisa.

– Ele não faria isso, ainda mais comigo grávida. Me sentei no sofá.

– Eu não sei... Nunca o vi daquela forma. Foi até o frigobar e pegou algumas pedras de gelo, enrolando em um pano e colocando no rosto.

– Está doendo muito? Passei a mão na barriga.

– Não muito. Colocou a outra mão na cintura e ficou me observando.

– Vem cá! O chamei e ele se aproximou, sentando no sofá.

Peguei em sua mão e a apoiei na lateral de minha barriga, fazendo-o sentir os chutes de Gabriela. Ele me olhou surpreso e esticou mais os dedos para sentir melhor.

– O que é isso? Falou com uma feição surpresa.

– É a Gabi chutando. Sorri e movi sua mão seguindo os chutes.

– Ela será uma bela jogadora de futebol. Riu rouco.

– Será mesmo. Agora vai tomar um banho, tirar esse sangue seco, para irmos dormir. Passei a mão por seu braço.

– Você falando assim, parece até que durmo com você. Se levantou e foi para o banheiro dando risada. Sorri em negativa e me levantei também.

Fiz uma breve ligação para meu pai, que estava preocupado comigo devido a procura insistente de Marcus. Como meu pai sempre apoia ele em tudo, decidi apenas dizer que estava bem e que não precisava se preocupar, pois se a conversa se estendesse, ele com certeza pediria que eu voltasse para casa.

Meus pés estavam começando a inchar e eu já não podia ficar mais tanto tempo em pé. Me deitei na cama e liguei o ar condicionado. Estava um pouco quente esta noite e acho que isso estava contribuindo para todo meu inchaço.

Brinquei com o controle do ar condicionado, enquanto pensava na vida. Como será que Estevam estava? Não tive mais notícias dele, tampouco postava coisas na rede social, o que dificultava o acompanhamento de sua rotina.

– No que está pensando? Gustavo perguntou secando seu rosto delicadamente devido aos machucados.

– Em nada. Olhei para ele.

Gustavo era tão bonito. Ele tinha uma pele levemente bronzeada, era alto e forte, com o corpo bem definido (de ver até gominhos em seu abdômen). Seu cabelo era liso e preto e ele conseguia deixa-lo de um jeito despojado, que não tirava nem um pouco de sua seriedade.

– Seus pés estão inchados em... Gustavo se sentou na ponta da cama e olhou para eles.

– Um pouco. Passei um dos pés por seu peito. Percebendo o grau de intimidade que esse movimento poderia causar, o recolhi rapidamente.

– Deixe-me fazer uma massagem? Pegou em meu pé e o apertou devagar.

– Você que está precisando de uma. Está tenso... Olhei seus ombros um pouco retraídos.

– Estou bem... Sorriu massageando meu pé e como aquilo era bom.

– Isso é muito bom! Fechei os olhos e relaxei as pernas.

Ele continuou massageando meu pé e depois trocou para o outro. Suas mãos subiram por minhas pernas e eu senti cócegas, as encolhendo e soltando um riso.

– Vou deitar no meu lugar, você deve estar com sono e cansada. Abri os olhos e ele se levantou.

– Gustavo... Desviei o olhar. – Pode deitar aqui. Passei a mão pela cama.

– Tem certeza? Arqueou a sobrancelha.

– Sim, a cama é muito grande e eu estou incomodada com você no sofá. Já que você insiste que eu fique aqui, pelo menos não fique tão desconfortável. Fui para o lado e puxei o lençol.

– Ta bom... Deu de ombros e apagou as luzes.

Senti a cama afundar ao meu lado e me virei para o canto, ofertando um pouco de lençol para ele.

Gustavo se cobriu e ficou quieto. Ouvi um longo suspiro e ele me cutucou, me fazendo virar o rosto.

– O que foi? Perguntei.

– Vira pra mim, é melhor... Pigarreou.

– Por que? Virei de barriga para cima.

– Você ainda pergunta? Ligou o abajur e me olhou.

– Eu não consigo dormir de barriga pra cima. O tamanho da barriga me deixa com falta de ar.

– Eu posso te abraçar? Desviou o olhar. – Eu durmo abraçado com travesseiro. Riu sem graça.

– Isso é muito engraçado. Comecei a rir. – E estanho. Me virei para o canto novamente.

– Por que estranho?! Apagou o abajur e me puxou para perto dele, me abraçando.

– Porque você é comprometido. Fechei os olhos.

– Você também. Colocou meu cabelo para trás e beijou meu pescoço.

– Gustavo... Me arrepiei e encolhi o pescoço.

– Deixa eu perguntar... Aquele dia, você gostou de ficar comigo? Abaixou a alça de minha camisola e beijou meu ombro.

– Claro. Você acha que se eu não tivesse gostado a gente se falaria ainda. Ri.

– Você é muito maldosa. Falou rouco e passou a mão por minha coxa, colocando-a por dentro da camisola.

– Gustavo... Suspirei e segurei em sua mão.

– Eu não consigo Laura! Apertou minha perna. – Eu quero te ter novamente, por completo. Beijou minha nuca.

– Não devemos. Sussurrei.

– Não me faça enfiar a mão na sua calcinha novamente pra te fazer mudar de ideia. Eu sei que você e Marcus quase não transavam, ele me disse e se ele não quer, eu quero.

– Agora eu penso que você está utilizando da minha carência para se beneficiar. Olhei de canto para ele.

– Talvez eu esteja. Virou meu rosto para ele e mordeu meu lábio, passando a língua por ele em seguida. – Eu estou precisando muito de você, Laura.

Olhei para seus lábios e puxei seu rosto para mim. Se ele utilizou da minha carência para se beneficiar, ele conseguiu, pois agora eu o queria mais que tudo.

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