Capítulo 89

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– Irmão? A olhei incrédulo. – Você nunca me disse que tinha um irmão.

– Porque eu não tenho mais. Se sentou na poltrona e começou a chorar com as mãos no rosto.

– O que aconteceu? Me abaixei em sua frente apoiando as mãos em suas pernas. – Me fala...

– Eu era muito nova... Enxugou suas lágrimas. – E o Lucas era meu irmão mais velho. Fungou.

– E o que aconteceu com ele? Suspirei.

– Ele tinha alguns amigos no colégio que levavam ele para esse caminho ruim. Ele fumava cigarros comuns e sempre era pego bebendo nos banheiros da escola. Até que um dia... Respirou fundo. – Até que um dia ele saiu a noite para uma festa e... e morreu.

– Mas ele morreu do que? Olhei em seus olhos.

– Overdose. Fungou e passou a mão em meu rosto. – Não quero que isso aconteça com você.

– Isso não vai acontecer comigo. Eu uso isso desde sempre e nunca tive interesse por outras drogas, é apenas para dispersar a mente.

– Mesmo assim Estevam! Se alterou. – Te ver usando me faz lembrar que meu irmão poderia estar aqui sendo feliz comigo.

– Eu nunca vou usar isso perto de você. Ela se levantou e eu me levantei também, lhe dando um abraço.

– Eu não ficaria bem, sabendo que você continua usando. Sussurrou.

– Eu não vou deixar de usar, sinto muito. Afastei seu rosto e olhei em seus olhos.

– Então talvez nossa relação não dê certo. Apertou os olhos e se virou, indo em direção a porta.

– Está terminando comigo? Perguntei, mas ela saiu do camarim sem responder.

Empurrei a poltrona com raiva e urrei. Por quê quando tudo esta se acertando e dando certo, um filho da puta aparece para estragar? Respirei ofegante e peguei meu capacete, saindo do camarim.

Quando cheguei ao estacionamento, vi Alexandre manobrar seu carro de luxo e sair da vaga em que havia estacionado. Ana estava dentro do carro e me olhava desapontada.

Laura

Marcus estava estranho desde a noite que tivemos. Eu achei que ela pudesse ter melhorado um pouco nossa relação e nos aproximado mais, mas me enganei em relação a isso. Ele parecia mais distante do que antes.

– Eu quero ir para casa. Suspirei apoiando meu rosto em minha mão.

– Têm certeza? Marcus perguntou me olhando.

– Sim! O que afinal de contas estamos fazendo aqui? Arqueei a sobrancelha olhando para ele.

– Eu preciso falar com você.

– Então fale homem. Disse em desespero.

– Não, aqui não. Como você quer ir para casa, vamos arrumar as coisas e lá eu te falo.

– Assim vai me deixar preocupada Marcus. Ele suspirou se levantando e me deixando sozinha.

Passei as mãos no rosto indignada com sua frieza e fui atrás ajuda-lo com as malas.

– Eu não acredito que vocês já vão. Minha sogra me abraçou e passou a mão em minha barriga. –  Saibam que as portas dessa casa estarão sempre aberta para os dois, e em breve para os três.

 – Agradeço esses dias que passei aqui, foram muito bons! Sorri ladino e abracei meu sogro, entrando no carro em seguida.

Marcus cochichou algo com seus pais que não pude ouvir e os abraçou, entrando no carro em seguida. Colocamos o cinto e ele deu partida, seguindo para a estrada. 

Passei as mãos na barriga e fechei os olhos, apoiando a cabeça no vidro da janela e assim fui até chegar em nosso prédio. Ao chegarmos, Marcus retirou as coisas do carro e eu o ajudei com as malas até o apartamento.

Ele foi direto para o banheiro e eu senti algo muito estranho. Uma sensação muito ruim, assim como senti quando o descobri com Bruna. Eu estava receosa com o que ele tinha para me dizer, mas tentei manter a calma para não parecer a esposa histérica.

Fui para o quarto e me deitei na cama, esperando que ele saísse do banheiro para conversarmos.

– Podemos agora? Perguntei enquanto ele andava de toalha pelo quarto, procurando uma roupa para se vestir.

– Podemos. Colocou a cueca e logo após uma camiseta e a bermuda, vindo até a cama.

– E então? Me sentei e coloquei alguns travesseiros para o apoio de minhas costas.

– O que irei lhe contar não é nada agradável e eu vou entender toda e qualquer reação que tiver após isso. Só peço que tente manter a calma, pelo bem de nossa filha, e não faça nenhuma besteira.

– Marcus, está me deixando nervosa com todo esse suspense. Suspirei e ele se aproximou.

– Eu quero que saiba também, que eu te amo muito, mais que a mim mesmo. Segurou em meu rosto. – E que este é o único motivo pela minha estranheza com você. 

– Marc... Ele me interrompeu com um beijo. Fechei os olhos e passei a mão por sua nuca, aceitando o beijo que quase nunca partia dele. Sua língua explorou toda minha boca com destreza e quando se afastou, senti falta de seu hálito quente sobre o meu. 

– Laura, eu vou ser pai. Me olhou sério nos olhos.

– Sim. Sorri e passei as mãos na barriga. – E eu serei mãe.

– Você não entendeu Laura! Eu serei pai de outra criança, não apenas de Gabriela. Desviou seu olhar e meu semblante mudou. Meu coração parecia querer pular para fora e minha respiração se foi junto com o pingo de confiança que eu tinha depositado em Marcus.

– A Bruna não pode ter filhos Marcus, do que está falando? Me levantei apressada da cama.

– Não é da Bruna, é de outra mulher. Suspirou. – No período em que você ficou fora, que ficamos separados... Eu me envolvi com outra mulher. Tentou se explicar.

– Eu não estou acreditando nisso. Passei as mãos no rosto.

– Quando você voltou para casa, eu disse para ela que não queria mais a ver e que minha esposa estava de volta, mas era tarde. Ela já estava grávida. Suspirou.

– E você só me contou isso agora? Arqueei a sobrancelha com as mãos na cintura. – Eu nunca... Me aproximei dele. – NUNCA TERIA UM FILHO COM VOCÊ SE EU SOUBESSE DISSO! Me exaltei.  

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