– Preciso ir embora. Peguei meu celular e uma nova chamada de Marcus apareceu na tela.
– Você não vai nem tomar café da manhã? Me olhou erguendo as sobrancelhas. – Eu fiz café. Sorriu ladino.
– Uma xícara de café apenas. Passei por ele e levei um tapa na bunda.
– Ja pensou em qual desculpa vai dar para seu marido? Estevam passou por mim e foi até a cozinha.
– Eu nem sei se ainda tenho marido. Suspirei.
Ele pegou uma xícara e colocou um pouco de café. Pegou açúcar e adoçante e colocou ao lado dela em cima do balcão.
– Você quer que eu te leve? Sugeriu.
– Pra que? Chego para o meu marido e falo que traí ele e ainda levo o amante de brinde? Perguntei irônica e ele riu.
– E por que você não vai pra casa daquela sua amiga? Lá você pensa em algo. Disse comendo uma torrada.
– Boa ideia! Sorri tomando o café. – Até que não está tão ruim pra quem não toma. Levantei a xícara.
– Eu raramente faço algo ruim. Piscou e saiu da cozinha, indo até seu quarto.
Ele começou a se vestir e eu fiquei o observando de longe.
– Vou precisar passar na farmácia antes. O olhei e ele veio até mim com dois capacetes na mão.
– Ta bom. Me entregou um.
– Vamos de moto? Arqueei a sobrancelha.
– De cavalo que não é Laura. Riu. – Eu não tenho um carro. Aliás... Colocou a mão no queixo e voltou para o quarto. Quando ele voltou, estava com um moletom na mão. – Coloque isso, para não sentir tanto frio.
Coloquei o moletom e o salto. Fiz um coque no cabelo e respirei fundo pegando a bolsa. Ele abriu a porta e eu o segui. Descemos as escadas e saímos do prédio. Ele tirou alguma coisa que prendia a roda da moto e colocou o capacete. Eu fiz o mesmo e ele subiu na moto.
Tentei subir de forma discreta, já que estava de vestido e agarrei sua cintura.
– Calma... Riu. – Você não vai cair. Ligou a moto e deu partida. Apertei mais ainda sua cintura e ele passou sua mão por cima da minha.
– Você pode segurar a moto com as duas mãos? Gritei. Minhas pernas tremiam e eu estava mesmo com medo de cair.
Senti o vento em meu rosto e ele acelerava cada vez mais cortando entre os carros. Eu só queria que ele chegasse logo e eu pudesse descer desse treco.
Ele parou na farmacia e desligou a moto. Desci dela e tirei o capacete.
– Deixa que eu vou. Desceu também e tirou o capacete.
– Você? Ri e entreguei o capacete pra ele.
– Sim, eu. Acha que não sei comprar uma pílula do dia seguinte? Me devolveu o capacete e piscou, indo para dentro da farmácia.
Suspirei ao ouvir meu celular tocar mais uma vez. Mas dessa vez era Bruna. Fiquei olhando tocar e quando ia atender Estevam voltou.
– Aqui está. Me entregou uma caixinha e eu coloquei na bolsa. – Qual o endereço da sua amiga?
– Ela mora próximo ao parque que fomos. Vamos para lá e eu te falo a rua. Coloquei o capacete e ele fez o mesmo, subindo na moto. Subi novamente por trás dele e o agarrei.
Ele ligou a moto e deu partida, pilotando mais devagar. Acho que no início ele só queria se exibir.
Me sentia tão livre estando ali com ele. Uma sensação que nunca havia sentido antes. Não sei se era por conta do passeio de moto ou se porque havia passado a noite toda com Estevam.
Apontei para a rua que ele deveria entrar e chegamos em frente a casa de Bruna. Ele parou a moto e eu desci devagar, tirando o capacete e lhe entregando.
– Acho que não vamos nos ver novamente. Apertei os olhos com o sol batendo em meu rosto.
– Eu acho o contrário. Mordeu seu lábio e tirou o capacete. – Se todas as surpresas no meio da noite fossem você, eu abriria a porta para todas elas.
– Para de falar bobagem. Ri e dei um tapinha em seu ombro. Ele pegou minha mão e me puxou para ele. – Aqui não. Coloquei a mão em seu peito e o afastei.
Ele me olhou expressivo nos olhos e puxou minha nuca para próximo dele, fazendo com que nossas testas se encostassem.
– Você sabe onde eu moro. Me roubou um selinho e me soltou. Colocou o capacete e deu partida na moto, saindo depressa.
Fiquei olhando até que ele sumisse da visão. Virei para a casa de Bruna e toquei a campainha. A vi olhar pela janela e abrir a porta correndo.
– Onde você estava sua filha da puta? Abriu o portão depressa.
– Eu tenho muito o que contar... Ela me abraçou forte e me olhou de baixo a cima.
– De quem é esse moletom? Cruzou os braços. – Seu marido não vai gostar nada de ver seu pescoço assim. Fez uma cara torta.
Coloquei as mãos no pescoço e percebi que não tinha entregue o moletom de Estevam.
– Eu fui pra casa do Estevam. Suspirei e mostrei os punhos.
– Puta que pariu Laura. Ela colocou as mãos na boca. – Ele te... olhou para o céu procurando palavras. – Te estuprou?
– Não! Não fala bobagem menina. Vamos entrar e eu te explico tudo, passei por ela e ela segurou meu braço.
– O Marcus está ai! Me olhou nos olhos e senti que minha cor sumiu e minhas pernas ficaram bambas.
– O que ele está fazendo aqui? Voltei e a olhei.
– Ele estava preocupado com você e veio pra cá. Está até pensando em chamar a polícia, porque você simplesmente não atende ele.
– Eu não sei o que dizer pra ele. Desviei o olhar.
– Nem vai precisar não é mesmo? Suspirou e colocou a mão no rosto. – Vai pra casa e chegar lá liga pra ele falando que você já voltou. E tenta esconder pelo menos as marcas do pescoço com maquiagem.
– Bruna, você não tá entendendo... eu estou toda marcada. Eu cheguei muito bêbada ontem, não lembro de muita coisa.
– Você quer que eu conte pra ele? Me olhou de soslaio.
– Não. Eu vou pra casa e lá eu vejo o que faço. Beijei a testa dela. – Obrigada. E não deixa ele chamar a polícia.
Chamei um carro de aplicativo e ela entrou pra casa.

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Amante
RomanceLaura, uma mulher de 32 anos, é uma empresária bem-sucedida no setor de turismo. Sua paixão por viajar e criar roteiros únicos a levou a abrir sua própria agência de viagens, onde ela se esforça para proporcionar experiências inesquecíveis aos seus...