Amante

Capítulo 65

Postei algumas fotos que havia tirado dos lugares em que passamos até chegar no hotel e logo tinham vários comentários, principalmente do pessoal da arena. Jessica me enviou uma mensagem, dizendo que estava com saudade, mas ainda não havia a perdoado por ter deixado Laura subir naquela moto, então não respondi.

Saímos a noite para jantar e a Laura não parava de me olhar. Comecei a ficar sem graça com a situação e voltei para meu quarto antes de todos os outros.

Coloquei uma samba canção e escovei meus dentes. Amanhã o dia seria cheio, deveria descansar bastante. Eu não canso como cansava quando trabalhava como fisioterapeuta ou quando ficava a noite toda na arena. Mas cuidar da estética as vezes me cansava mais do que as outras duas coisas.

Já estava tarde e então me levantei da cama após assistir um filme. Tomei um copo de água e voltei, quando ouvi batidas na porta.

Me dirigi até ela e abri. Laura estava lá, vestida com um roupão felpudo e um coque no cabelo. Ela não usava maquiagem, mas continuava tão bela quanto.

– Não consigo dormir. Estou muito ansiosa.

– Entre. Dei passagem e ela entrou. Olhei para o corredor me certificando que ninguém a viu entrar aqui.

– Eu te acordei? Tirou o roupão e acendeu o abajur. Ela vestia um baby doll azul marinho de seda, que combinava perfeitamente com o tom da sua pele.

– Não, na verdade estava me preparando para.

– Eu vou ser bem sincera. Me olhou com firmeza. – Eu estou afim de você.

– Que? Soltei uma risada nasal e me aproximei.

– É verdade. Sorriu. – Bem, na verdade desde que passamos aquele tempo juntos no restaurante e você foi tomar sorvete comigo, eu penso em como seria bom beijar seus lábios carnudos.

– Isso não é nenhuma desculpa para se preparar para amanhã não, né? Para quem disse que nenhum homem nunca te tocou, você está sendo bem atrevida.

– Estevam, eu acho que estou perdendo muita coisa na vida sendo santa. Essa é a minha primeira vez sozinha com alguém e eu sinto que finalmente posso ser eu mesma. Se aproximou.

– Talvez você esteja sentindo isso porque não tem ninguém aqui para te vigiar, isso não quer dizer que deve meter os pés pelas mãos.

– Você não quer ficar comigo né? É isso. Me conhece a dois dias e eu sou tão sem graça que não há interesse. Cruzou os braços.

– Não é isso. Laura acabei de sair de um "relacionamento" em que gosto muito da pessoa. Eu não posso piscar e fingir que nada aconteceu. Aproveite essa sua primeira viagem sozinha! Peguei em seus ombros e os apertei. – Podemos ser amigos. Sorri ladino.

– Me deixa te beijar? Se aproximou e olhou para meus lábios.

– Você ouviu o que eu disse agora? Ela assentiu e se aproximou mais, colando nossos corpos. Olhei para ela de cima e ela ficou na ponta dos pés, apoiando seus braços em meus ombros.

– Se alguém nos pega aqui, não sei o que aconteceria. Aproximou seu rosto do meu e pude sentir um forte cheiro de álcool.

– Você bebeu? Peguei em sua cintura e afastei seu corpo do meu.

– Um pouco. Sorriu. – Mas não estou aqui porque bebi. Eu estou bem e sóbria. Se aproximou novamente.

– Uma coisa que você não está é sóbria. Passei a mão por seu pescoço e aproximei meu rosto de seu ouvido. – A única coisa que está fazendo é brincando com fogo. A soltei e fui até seu roupão. O peguei e a cobri. – Vá para seu quarto antes que alguém te pegue aqui.

Ela se calou e colocou o roupão sem muita dificuldade. Abriu a porta e saiu sem olhar para trás. Suspirei e passei as mãos no cabelo. Essas coisas estranhas só acontecem comigo.

Voltei para a cama e tentei dormir. Embora tenha demorado para pregar os olhos, consegui descansar, graças ao cochilo que dei a tarde.

Na manhã seguinte o processo foi o mesmo. Me levantei cedo, tomei um banho, me arrumei e desci para tomar o café da manhã. Todos desceram em seguida com os rostos inchados. Estava na cara que saíram para algum lugar e beberam muito. Isso inclui a senhorita Laura, que se sentou em minha frente desejando estar na cama.

– Você não deveria ter bebido tanto! A repreendi e ela me olhou confusa.

– Como sabe que eu bebi? Apoiou seu rosto na mão e me olhou.

– Primeiro que você está péssima e segundo pelo showzinho que você deu no meu quarto ontem. Ela arregalou os olhos e pareceu acordar naquela instante.

– Eu fui ao seu quarto? Então... então não foi um sonho? Apertou os olhos várias vezes enquanto me olhava.

– Só se sonhamos a mesma coisa! Me levantei e peguei uma xícara de café puro, sem açúcar e levei para mesa. – Tome isso, se sentirá melhor. Voltei a tomar meu café.

– Nós fizemos algo? Ela tomou um gole do café e fez careta.

– Eu não seria capaz de fazer algo com você naquele estado. Mas outro eu não sei, então tome cuidado! Eu estava bravo por ela ter sido tão irresponsável.

– Me desculpe... suspirou e se levantou pegando algumas coisas para tomar café.

Após a refeição, fomos ao estúdio onde as fotos seriam feitas. Eu tirei minha roupa e me arrumei como Julia pediu. Depois me sentei na cadeira de Charles e ele me maquiou, arrumando meus cabelos em seguida.

– Esses olhos azuis podem encantar qualquer menina! Charles apertou meu queixo e sorriu. – Pode ir tirar as fotos.

– Você utilizará essas três boxes hoje com a Laura e amanhã as demais, sozinho. Pode ir e quando acabar as fotos com essa, volte para que possamos lhe trocar. Julia explicou e eu assenti positivo, colocando o roupão e o pró-pé e indo até o local onde as fotos seriam feitas.

Laura estava lá. Seus dedos se tocavam com agressividade, parecia até uma escola de samba. Ela pareceu ficar pior após me ver entrar no ambiente. Tirei o roupão e o pró-pé, pisando com cautela no local onde as fotos ocorreriam.