Capítulo 82

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Encontrei Ana e os demais no restaurante, após me arrumar. Puxei ela pela cintura e a mantive colada em meu corpo.

– Você está linda... Sussurrei em seu ouvido.

– Você também não está ruim. Sorriu divertida me observando.

– Você fala sobre respeito e baboseiras, mas está aí grudado na menina! Alexandre chegou entre os demais modelos me olhando.

– A diferença entre mim e você, é que eu sou namorado dela. Me coloquei a frente de Ana que me agarrou por trás, me impedindo de chegar mais perto dele.

– Ah! Agora eu entendi todo aquele ciúme na praia. Não sabia que vocês estavam juntos. Cruzou os braços e riu. – Mas você sabe que sou o preferido da mãe dela, né?

– O que está acontecendo aqui? A produtora chegou e ficou entre nós dois, nos encarando.

– Não é nada... Vamos comer? Alexandre respondeu e eu respirei fundo, me virando para Ana.

– Eu ainda vou quebrar a cara dele. Olhei em seus olhos.

– Não vai não. Vamos sentar em alguma mesa longe deles. Me puxou e fomos para uma mesa no canto do restaurante, para duas pessoas.

Ana vestia um vestido preto curto de manga longa e uma sandália tão delicada quanto ela.

– Que história é essa de ele ser o preferido da sua mãe? Arqueei a sobrancelha e ela desviou o olhar.

– Minha mãe sempre quis que eu namorasse com esse traste. Ele tem uma família conhecida e começou a modelar um pouco depois de mim. Apoiou os braços na mesa. – Mas eu não quero falar sobre isso... eu sou sua namorada agora, não é?

– Sim... mas isso me preocupa. Sua mãe não gosta de mim, como vou pedir permissão dela para namorar com você? Peguei em suas mãos.

– Não se preocupe com isso, ok? Ela aceitando ou não, ficaremos juntos. Sorriu.

Enquanto jantávamos, conversamos sobre coisas da vida, da infância. Embora Ana não tivesse muito o que contar a não ser as viagens que fizera para modelar enquanto adolescente, ela descrevia tudo com grande empolgação, como se quisesse contar tudo o que me contou para um amigo ou alguém mais próximo que não teve a oportunidade de ter, devido a correria do dia a dia.

– Eu vou ao banheiro antes! Segurou meu braço e eu assenti positivo. Ela saiu andando e eu a aguardei na parte exterior do restaurante.

Peguei meu celular e vi que Laura havia reagido a algumas fotos que eu publiquei recentemente. Eu vi a tristeza em seu olhar no mercado, ela não estava nem um pouco feliz com a situação em que vivia, e pelo pouco que conheci seu marido, tinha receio de como ela estava sendo tratada.

– Voltei. Ana me abraçou por trás me tirando de meus pensamentos. Ela olhou para a tela de meu celular e seu semblante se fechou.

– Vamos? Bloqueei a tela e o guardei no bolso da calça.

– Eu preciso te perguntar algo antes... Ana se afastou e eu me virei de frente para ela. – Eu vi a forma como você olhou para ela no mercado...

– Para Laura? Cruzei os braços e ela assentiu.

– Vocês ainda têm alguma coisa? Talvez você só tenha me pedido em namoro pela forma como eu joguei as coisas na sua cara... Tentou se explicar.

– Ana, eu fui loucamente apaixonado por ela. Já tinha vivido tantos desprazeres, ficado com tantas mulheres, mas nenhuma com a maturidade de Laura. Talvez saber que era um fruto proibido, por ser casada, tenha de alguma forma despertado algo em mim que nem eu pude controlar.

– E o que aconteceu? Como acabou? Ela perguntou curiosa.

– Seu marido ficou doente e ela não quis mais me ver. Talvez se algo acontecesse com ele, ela se sentiria culpada por ter o traído comigo... mas vi que ela está grávida, então seu marido já deve estar bem e talvez ela já até sinta atração por ele como antes.

– E estar comigo não faz com que você reviva seus desprazeres novamente? Eu sou tão imatura, jovem... Era virgem até então. Suspirou.

– Não, você é muito madura embora seja mais nova. Você é um anjo Ana. Peguei em seu rosto e olhei em seus olhos. – Enquanto estive com Laura, não senti atração por nenhuma mulher. Você é a primeira que me faz sentir algo diferente, algo que não seja apenas tesão.

– Você a ama? Ela perguntou buscando sinceridade em meu olhar, mas eu o desviei. Não podia mentir para ela, mas a magoaria se contasse a verdade.

– Eu estou sentindo algo diferente por você e acredito que esse seja o único sentimento que importa nesse momento. Beijei sua testa.

– Espero que consiga me amar um dia, assim como a ama. Levantou o olhar e passou seu polegar sobre meus lábios.

– Vou andar um pouco na praia, gostaria de vir? Segurei em sua mão.

– Não, estou cansada. Mas gostaria se você fosse até meu quarto, dormir comigo. Sugeriu.

– Irei mais tarde. Vou andar um pouco e refletir e mais tarde passo no seu quarto. Ela assentiu e se virou, saindo devagar do meu campo de visão.

Caminhei tranquilamente ate a praia e me sentei na areia. Quase ninguém estava ali, então pude apreciar o barulho das ondas se quebrando sobre a areia e observar o céu tão estrelado quanto uma galáxia.

Coloquei a mão no bolso e puxei um baseado que havia trazido. Cadu sempre arrumava essas coisas para mim e eu sei que não deveria usar, mas era uma das únicas coisas que deixavam meus pensamentos longe o suficiente de Laura.

Acendi o cigarro e traguei, soltando a fumaça em seguida. Continuei observando o céu e também algumas pessoas que se afastaram pelo cheiro característico da maconha.

Quando terminei, me senti mais disposto e alegre. Sabia que não conseguiria dormir agora, devido a sensação de euforia que tomava conta do meu corpo, então voltei para o hotel e fui para o quarto de Ana, como havia prometido.

Dei leves batidas na porta e logo a maçaneta se moveu. Ana coçou os olhos e bocejou como se tivesse acabado de acordar do 3º sono.

– Eu demorei muito? Fiz uma careta e ela assentiu, indo para a cama.

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