Capítulo 84

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Laura

Estevam viu minhas reações em suas postagens, mas não respondeu a nenhuma delas.

Eu estava tão solitária que até uma breve saudade de Bruna, eu senti. Ela era minha única amiga, e agora eu não tinha mais com quem dividir minha vida, a não ser Marcus.

Ele havia levantado bem cedo para ir realizar os exames que o doutor pediu, visto que, já havia feito alguns dias desde a última sessão de quimioterapia.

– É minha filha... seremos grandes confidentes uma da outra. Passei a mão na barriga.

A campainha tocou e eu apertei as sobrancelhas. Quem será? Marcus havia levado a chave.

Me levantei da cama e coloquei meu hobby, me dirigindo apressada até a porta. Passei os dedos por meu cabelo para ajeitar os fios rebeldes e abri a porta.

– Oi! Gustavo disse empolgado. – Eu te acordei? Me olhou dos pés à cabeça.

– Oi... Sorri sem graça. – Não, entre por favor. Dei passagem e ele entrou, me entregando um buquê de flores em seguida.

– Trouxe para você. Sorriu e eu fechei a porta, pegando-o em seguida.

– Obrigada, muita gentileza de sua parte. Aceita alguma coisa? Perguntei deixando o buque na mesinha de centro.

– Um café? Me olhou sugestivo. – Onde está Marcus? Vim lhe fazer uma visita.

– Ele foi ao laboratório realizar alguns exames, mas acredito que em breve esteja aí. Me dirigi para a cozinha e coloquei uma capsula de café na maquina, encaixando uma xícara em seguida.

– E você está bem? Apareceu na cozinha me pegando de surpresa.

– Sim... Sorri. – Estou bem.

– Estou vendo que em breve você dará a luz. Se aproximou de mim e olhou para minha barriga. – Com licença... Afastou meu hobby e passou a mão em minha barriga por cima da camisola.

– Ainda faltam alguns meses para essa menina nascer. Passei minha mão por cima da sua.

– É uma menina? Sorriu. – Que legal Laura. Parabéns! Disse empolgado e afastou sua mão. – Mas você está bem mesmo? Pegou em meu queixo levantando meu rosto. – Seu olhar está apagado...

– Eu estou me sentindo um pouco sozinha... Engoli em seco. – Mas acho que é natural.

– Marcus não está ficando em casa? Arqueou a sobrancelha.

– Não é isso... É que tudo está muito diferente, ele está distante e eu também e nós teremos uma filha. Eu imaginei esse momento de outra forma. Suspirei aliviada por ter falado isso com alguém.

– Eu estou aqui caso queira conversar. Nada do que me contar chagará aos ouvidos dele, ok? Passou as mãos por meus ombros.

– Agradeço por isso. Sorri ladino e me virei, pegando o café e entregando a ele. – Açúcar?

– Adoçante, por favor. Pegou a xícara.

Peguei o adoçante e uma colher e o entreguei. Ele os utilizou e foi para sala. Eu o segui e me sentei no sofá junto com ele.

– Você e Marcus deveriam ir para minha casa de campo, aproveitar um pouco a natureza. Talvez isso melhore a relação de vocês. Me olhou por cima da xícara.

– Não sei se isso vai acontecer algum dia. Abaixei a cabeça.

– Ele é agressivo com você? Porque se for, a porta da minha casa está aberta para te receber.

– Não dessa forma como está pensando, mas ele tem melhorado depois de a gravidez. Só que nossa relação não é mais como antes...

– Você sabe que não precisa estar casada para criar sua filha né? Hoje em dia é normal haver mães e pais solteiros.

– Eu idealizo tanto uma família Gustavo, que se isso acontecer, tudo o que sonhei um dia cai por terra. Apoiei a cabeça na mão.

– Você pode ter uma família, mas não precisa ser com seu primeiro marido. Isso que quis dizer. Me olhou de soslaio, deixando sua xícara na mesa de centro.

– Eu vou me trocar antes que Marcus chegue. Se me pega assim te recebendo, teremos uma briga na certa. Me levantei.

– Ele é muito ciumento? Me observou andar pela sala.

– Para você ter uma ideia, ele não quer que eu me aproxime de você. Gustavo soltou uma risada nasal e balançou a cabeça em negativa.

Fui para o quarto e tirei minha roupa, colocando um sutiã e uma roupa mais discreta. Também lavei o rosto e escovei os dentes, até que ouvi a voz de Marcus na sala.

Voltei para sala e ele estava todo animado com a visita de Gustavo.

– Bom dia amor. Por que não me avisou que Gustavo estava aqui? Se aproximou de mim e me deu um selinho.

– Ele acabou de chegar. Sorri e olhei para ele. – Como foi o exame? Passei a mão por seu ombro.

– Bem. Em breve teremos respostas. Sorriu e se sentou ao lado de Gustavo.

– Vou preparar o café da manhã. Me dirigi até a cozinha.

– Não é necessário preparar para mim Laura, já comi no laboratório. Você quer algo? Perguntou para Gustavo que negou.

Preparei meu café e comi na cozinha, para não atrapalhar a conversa dos dois, que se empolgaram em alguns assuntos.

– Estou indo Laura. Gustavo apareceu na cozinha e eu sorri, o abraçando com cuidado.

– Agradeço a visita e a conversa... Ele sorriu ladino e me olhou nos olhos.

– Estou aqui para o que precisar. Me mande noticias. Se afastou e Marcus o acompanhou até a porta, a fechando após sua saída.

– Não gostei de encontrar Gustavo aqui sozinho com você. Marcus resmungou.

– Ultimamente é difícil que você goste de algo... Murmurei.

– Meça suas palavras Laura. Falou alto.

– EU NÃO AGUENTO MAIS, MARCUS! Gritei. – Nada tá bom, sempre com esse ciúme idiota, com essa grosseria sem fim! Me aproximei. – Eu estou grávida! Grávida da nossa filha e nem assim você se sensibiliza. Passei a mão na barriga, respirando fundo.

– Nossa filha não tem nada a ver com as coisas de errado que você já fez! Segurou em meu braço.

– Meu maior erro foi ter voltado pra você por te amar! Exclamei olhando em seus olhos e senti eles embaçarem. Uma lágrima escorreu por meu rosto e ele me soltou.

– É impossível esquecer tudo o que aconteceu! Suspirou.

– Eu sei! Vivo isso todos os dias, mas resolvi tentar reconstruir nossa relação. Tarefa que não têm sido muito simples. Limpei meu rosto e ele se virou indo para o quarto, me deixando sozinha na sala.

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