Chegamos na lanchonete que também me rememorava a Helena, nós duas costumávamos comer pastel ali. Hoje não era mais uma lanchonete e sim uma rede de fast food, dessas que eu odiava comer. Mas a fome era grande e podia ouvir meu estômago roncar. Vitória logo tratou de sentar esparramada, sem modos em uma mesa. Eu balancei a cabeça negação, respirei fundo e perguntei:
- O que vai querer? - Ela olhou por alguns segundos para as telas no alto que passavam as opções de lanches e falou:
- Quero esse completo daí.
- Com tudo? Batata? Refrigerante??? - indaguei surpresa com a quantidade e tamanho do hambúrguer que ela havia pedido.
- Você acha que devo dobrar o tamanho do lanche? - Vitória usou tom de deboche.
- É que você não parece ter estômago para suportar tanta comida. Ninguém deveria ter... - comentei assustada.
- Você vai se surpreender, aqui cabe muita coisa... - Vitória sorriu e piscou para mim. Revirei os olhos e falei:
- Ok, vou lá comprar o lanche, segura essa mesa, isso daqui está lotado... - falei olhando ao redor e fui para a fila comprar os lanches. Retornei uns vinte minutos depois e fiquei surpresa, Vitória não estava no celular como de costume e sim ali, parada, observando o movimento das pessoas, pensativa. Coloquei a bandeja com os lanches sob a mesa e estalei os dedos para chamar a atenção dela.
- Finalmente! Estou beirando o desespero da fome... - Vitória sorriu e indelicadamente colocou pelo menos umas cinco batatas fritas dentro da boca, enquanto bebia o refrigerante e mordia o hambúrguer esbaforida. A princípio olhei para ela com repulsa, mas em seguida me senti culpada, ela estava realmente com muita fome, respeitei o momento dela e comecei a comer meu lanche com menos voracidade que ela, mas também estava esfomeada.
- Uau! Você realmente cumpriu com a palavra... Comeu tudo! - comentei sorrindo, tinha um pouco de molho no canto da boca dela, eu fixei o olhar naquela sujeira, tinha um certo toque com isso, provavelmente depois que me tornara mãe piorara, vivia limpando o rosto da Malu que se lambuza com tudo.
- O que? O que houve? - Vitória colocou a mão sob o rosto, mas não conseguia alcançar, eu apontei a região e mesmo assim ela tentava limpar não conseguia. Eu peguei um guardanapo e suavemente limpei a região e pronto, nossos olhos se encontraram novamente... Eu tinha prometido para mim que não iria mais olhar nos olhos dela, era intenso, muito difícil de manter o controle. Respirei fundo e desviei o olhar, ela fez o mesmo sem graça. Ficamos em um silêncio quase que insuportável, então resolvi falar algo:
- Notei que você leva muito jeito com idosos... A sra Silvana te adorou.
- Eu sinto a falta de ter tido uma avó... - Vitória se referiu ao fato da sua avó ter partido tão cedo.
- Posso te fazer uma pergunta? - indaguei.
- Depende... - Vitória sorriu sem graça, parecia vulnerável.
- Seu pai... Vocês tem contato com ele?
- Praticamente nunca, ele aparece por uma semana e some de novo.
- Sinto tanto por isso...Como vocês se sentem com essa situação?
- Já foi pior, hoje aprendi a lidar. Júnior parece sofrer mais...
- Hum... - eu sabia que era mentira, ela estava completamente perdida.
- O que foi? Porque está me perguntando essas coisas?
- Como você se sentiu fazendo o vestibular hoje?
- Uma burra... - ela respondeu colocando a mão no rosto sem graça e toquei em sua mão e falei:
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Nova chance para o Amor
FanfictionSuzana (Suranne Jones) amou sem limites sua melhor amiga a Helena. Na época era um amor proibido, Helena teve medo de assumir o romance e deixou Suzana para casar e ter filhos. Suzana seguiu a vida, formou em medicina e reencontrou com Helena alguns...