O tempo passou desde aquela última noite, talvez uns dois meses, só sei que não tinha mais encontrado com a Vitória, nem ao menos trocamos mensagens de cunho pessoal. A única mensagem que estavamos trocando eram dos laudos do pre natal. Cada ultrassonografia que a Vitória fazia, ela me encaminhava por e-mail as imagens e laudos. Nisso eu vinha me aprimorando e tentando estudar como seria minha abordagem. Acho que tudo que estava brotando entre a gente, havia acabado após aquela noite, as coisas já eram naturalmente complicadas entre a gente, e ainda por cima, peguei pesado a ponto de romper qualquer coisa que pudesse vir a brotar.
Vitória ja beirava os nove meses, estava com trinta e duas semanas de gestação. Pelos laudos, exames, Helena estava se desenvolvendo muito bem apesar da cardiopatia que seria corrigida assim que nascesse. Quanto ao meu coração? Estava completamente blindado, minha decisão era que eu iria seguir apenas pela minha filha, amigos e trabalho, assim nessa ordem. Não iria me abrir novamente a nenhum sentimento amoroso. Helena e Vitória foram minhas únicas, aquelas que foram capazes de ocupar esse espaço na minha vida. Só me restava respeitar o espaço da Vitória e torcer pela sua felicidade, seja lá como fosse. Eu a amava e tudo que desejava era saber se estava bem.
Hoje era para ser um dia comum, quer dizer, o de sempre, hospital, consultório, casa. Malu não estava em uma fase muito boa, as provas semestrais a assolavam e para completar o tal Bê tinha aparecido com uma namorada do nada. Os homens eram tão confusos, logo agora que a Malu estava se envolvendo e de repente ele dá para trás e para piorar, blinda qualquer possibilidade de algum relacionamento. Se bem que não eram só os homens a agirem assim, Vitória fez o mesmo comigo. Apesar das dificuldades, eu estava me entregando, abrindo o meu coração de novo e pronto, um balde de água fria direto no meu coração. Estou chegando a conclusão de que as pessoas em geral eram confusas.
Estava a caminho do hospital, meu telefone tocou e sem olhar no identificador eu atendi prontamente.- Olá querida! - uma voz marcada pela idade.
- Perdão, quem fala? - não reconheci a voz e também meu identificador não reconheceu o telefone.
- Não lembra das amigas???
- Desculpa... É que meu identificador... Quem fala?
- Sou eu, Eloise!
- Elô! Minha nossa! Quanto tempo... - fiquei surpresa com a ligação e resolvi parar o carro para poder conversar com calma.
- Pois é, a senhorita sumiu, não é mesmo?
- Ando tão envolvida com o trabalho...
- Como sempre... Escuta, como você está?- Estou bem e você?
- Indo querida, indo... Sabe como são as coisas.
- Família...
- Sim, Júnior está divorciando e Vitória vai ganhar neném em breve.
- Da Vih eu soube...
- Você tem algum tempo livre? Preciso muito conversar com você.
- Hoje?!
- Quando puder...
- Eu posso pedir para minha assistente assumir no hospital agora pela manhã e ir para sua casa... Pode ser?
- Melhor que isso, impossível! Mas não iria te atrapalhar?
- Claro que não, tenho tudo sob controle.
- Perfeito, vou te aguardar então.
- Tudo bem, devo chegar por volta das dez...- Obrigada Su, te aguardo. - Eloise desligou o telefone e fiquei pensativa. Estava curiosa, o que ela poderia querer comigo?
Um pouco mais de dez horas da manhã estava lá, de volta àquela mansão. Parei o carro e olhei pelo vidro do carro, pensei em tantas memórias que aquele lugar acumularam para mim, rememorei muitas histórias e eu estava mais do que vinculada a cada uma delas. Saí do carro e assim que o fiz já encontrei Eloise, ela me aguardava ansiosamente e quando percebera que estacionei o carro saiu pela porta da entrada pronta para me recepcionar...
- Querida! Que saudades... - ela se aproximou e me abraçou de forma calorosa, eu não contava com isso, franzi a testa e movimentei meus braços com o objetivo de corresponder ao abraço. Me afastei tão logo, olhei para ela e falei:
- Quanto tempo! Você está mais jovem, não? - elogiei.
- Você notou?! Resolvi começar a me cuidar, afinal ja estou entrando ma terceira idade.
- Você está ótima.
- Obrigada, você também não está nada mal, heim? Acho que o trabalho te rejuvenesce...
- Eu ja diria que vivo no equilíbrio do desequilíbrio... Trabalho X Malu, uma "aborrecente".
- Ah, é mesmo! E como ela está?
- Igualzinha, a diferença é que a agora é uma jovem cheia de personalidade...
- Ja era uma criança assim, ela é como a Vitória... - Eloise deu uma breve pausa e continuou: - Mas vamos ficar aqui na porta tricotando? Preparei um café com bolo de milho, tudo muito fresco e bem quentinho...
- Uau! Vamos entrar então, não recuso a um bom lanche com uma amiga tão querida... - falei sorrindo.
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Nova chance para o Amor
FanfictionSuzana (Suranne Jones) amou sem limites sua melhor amiga a Helena. Na época era um amor proibido, Helena teve medo de assumir o romance e deixou Suzana para casar e ter filhos. Suzana seguiu a vida, formou em medicina e reencontrou com Helena alguns...