Nova Chance para o Amor

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Havia sido um dia exaustivo, atendi muitos pacientes e ainda no final precisei entrar numa nova cirurgia de emergência. Estava um caco ao final do plantão. Assim que o expediente encerrou mandei mensagem para Malu, queria saber se ela estava bem. Logo respondeu, então fui para o vestuário me trocar. Estava vazio, era quase meia noite, estava bem tarde, o movimento maior ali era nas trocas de plantão que aconteciam as dezenove e sete horas da manhã. Os demais horários, era povoado por apenas por alguns colegas com horários aleatórios assim como eu. Contudo, naquela noite eu estava me sentindo observada, olhei para os lados e não vi ninguém, fiquei alerta, abri o meu armário para pegar minha roupa e escutei uma tosse seca e curta, virei para trás assustada e tomei um baita susto. Era a Vitória, ela tossiu para chamar minha atenção, nos olhamos intensamente e então ela se aproximou de mim, me empurrou contra o armário e me beijou com intensidade. Sua língua entrou em minha boca e eu permiti sem resistir, eu a desejava, segurei em seu pescoço enquanto que suas mãos exploravam meu corpo. Era um beijo avassalador, intenso, algo que não acontecia para mim há anos e que só pudemos trocar naquela noite no passado, em que ficamos juntas. Eu segurei em sua cintura para apoia-la, não queria machuca-la, precisava garantir que não iria pressionar sua barriga. Faltou ar e precisei me afastar do beijo, olhei em seus olhos, passei a mão carinhosamente sob seu rosto e sorri, ela sorriu de volta, aquele momento era nosso, era mágico. Eu estava mergulhada na ilusão e na paixão. Até que por um breve momento meu corpo foi inundado por aquela maré de sobriedade me afastei um pouco dela e com timidez comentei:

- O que foi isso...

- Eu estava esperando você chegar.

- Há quanto tempo? Quer dizer, vocês saem bem mais cedo. Vih, você deve estar aqui por horas... - concluí preocupada.

- Não importa, eu queria ficar com você. Eu tinha que te esperar sair... - ela se aproximou de mim e pegou na minha cintura.

- Desde quando? Que você queria ficar comigo... - falei isso já invadindo sua boca com outro beijo, sem deixar que respondesse, nos beijamos novamente até que ouvimos um barulho. Chegou alguém no vestuário que até então estava deserto. Nos afastamos rapidamente, e recuperamos nossa postura para tentar disfarçar.

- Suzana?! - era o Guilherme, acabou que não nos esbarramos mais pelo hospital depois que ele retornou.

- Gui! Que susto... Achei que fosse...

- Espera?! O que vocês duas estavam fazendo aqui??? - Guilherme me interrompeu curioso.

- Vitória, esse é o Dr.Guilherme, meu grande amigo e anestesista da minha equipe.

- Olá! Prazer. - Vih e Gui se cumprimentaram.

- Gui, essa é a Dra. Vitória.

- Muito prazer Vitória, mas preciso mais do que o nome amiga, estou curioso aqui. - Guilherme falou impaciente com a mão na cintura.

- Ok... - eu sorri e continuei: - Vitória é filha da Helena, aquela minha amiga da adolescência.

- Puta merda! - ele sabia do meu rolo com a Helena e com a Vitória, eu contei tudo no passado, naquela época em que Vitória me deu um tremendo fora. Vitória ficou constrangida  provavelmente chateada por ter sido ligada a Helena, pelo visto ela ainda não se sentia confortável com isso. Notei e me senti arrependida por ter usado essa referência para apresenta-la. Ela comentou cabisbaixa:

- Bom, eu preciso ir...

- Espera, está tarde? Vai sozinha, não quer uma carona? - indaguei preocupada.

- Estou de carro e acostumada a voltar tarde. Não se preocupe. - ela falou ainda cabisbaixa. Guilherme nos observava.

- Posso ao menos te acompanhar até a porta do vestuário? - ela aceitou, se despediu do Guilherme. Pedi que o Gui me esperasse para conversarmos, claro que ele ficou de longe observando nós duas.

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