É Complicado

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Cheguei em casa por volta das três da manhã, passei no quarto da Vanessa para avisar que eu havia chegado, havíamos combinado isso. Dei duas batidas e ela logo me atendeu mesmo sendo tão tarde.

- Oi.... E aí? Ela acordou? - perguntei preocupada.

- Um anjinho... - Vanessa respondeu em meio a um bocejo, mas ainda com um sorriso no rosto.

- Obrigada por ter ficado acordada até agora, nem sei como agradecer...- agradeci desanimada, Vanessa notou e perguntou preocupada:

- Quer conversar?

- Não... Não... Não sei... - respondi confusa.

-Entra. - Vanessa estava certa de que eu precisava desabafar.

- Você não quer dormir? Amanhã vamos cedo no orfanato. - indaguei preocupada.

- Vamos amiga, senta aqui... Meu treinador e confidente atual, fala sempre: "desembucha"! - sorri com a maneira coloquial despojada da Vanessa, ela era uma pessoa alto astral e leve.

- É complicado...  - sentei na beirada da cama.

- "Vixe maria", se ja está começando assim, vou sentar também.

- Nem sei por onde começar...

- Tenta pelo começo, ou melhor, me conta, o que está rolando entre você e a Vitória?

- Oi??? - arregalei os olhos assustada.

- Laura conversou comigo...

- Não acredito! Vou matar a Laura... - levantei da cama nervosa.

- Calminha... Senta aqui amiga... Tenta se acalmar.

- Vocês não falam comigo há anos e acham que podem se intrometer assim na minha vida?!!

- Nossa! Isso foi grosseiro...

- Desculpa, mas é que...

- Su, eu não estou aqui para te julgar. Laura também não, na verdade ela desabafou comigo preocupada.

- Vocês não poderiam entender o que acontece.

- O que? Experimenta me explicar o que não posso entender...

- Já falei que é complicado.

- Olha, preciso deixar claro que eu não penso como a Laura. Na minha opinião também não tem o porque ser complicado. Vou te fazer apenas uma pergunta, ela é objetiva e clara, e se você souber responder com transparência, não tem nada complicado ou complexo...

- Pode mandar...

- O que você está sentindo pela Vitória é real?

- É confuso.

- Sua resposta não é transparente, percebe? Su, Vitória é jovem, uma jovem mulher, está começando a vida e nós somos as melhores amigas da mãe dela. A mãe que partiu quando ela tinha apenas 14 anos...Sabe o quanto Helena queria que seus filhos fossem felizes.

- Claro que sei. Sei disso tudo.

- Se isso que você diz ser confuso for fazer a Vih sofrer, não é nada bom.

- Você tem razão Vanessa, mas talvez você não compreenda o quão difícil é tudo isso para mim... - falei com os olhos marejados.

- Eu só estou tentando simplificar...

- Mas não tem como simplificar... Quando estou com ela sinto meu coração acelerar, o mundo ao meu redor para e eu só consigo enxergar ela...

-Uau, isso é intenso.

- Pois é...

- Posso fazer mais uma pergunta?

- Sim...

- Enxerga a Vih ou a Helena? -  a pergunta ficou no ar, eu não pude responder e Vanessa percebeu que era aí que estava ainha confusão. Ela percebendo minha expressão, respirou fundo, colocou a mão no meu ombro e falou: - Amiga, vamos dormir, ja está tarde, ou cedo, não sei mais...

- Ok, obrigada por ter me escutado.

- Quero que seja feliz Su. Não importa com quem seja, mas que você seja feliz e que faça essa pessoa feliz. Sei que vai conseguir resolver toda essa confusão, você é uma pessoa forte e que já passou por muita coisa. Independente do que aconteça, eu vou estar do seu lado. SEU, e no lado de mais ninguém. - Vanessa falou sorrindo com os olhos marejados, meus olhos também marejavam, fiquei emocionada com as palavras dela que me deram confiança e força para lidar com aquilo tudo. Nos abraçamos forte e em seguida nos despedimos.

Cheguei no meu quarto, tomei um banho e deitei ao lado da Malu que dormia feito um anjo. Fiquei pensativa, ja passavam das quatro da manhã e precisava acordar as sete. Sabia que seria mais uma noite em claro, mas isso não era um problema para mim e sim a angústia que inundava meu peito. Fechei os olhos e senti o gosto da Vitória na minha boca, seu beijo, seu toque... A deixei na festa, nem me despedi. Fui completamente egoísta e indelicada. Peguei no celular e vi que tinha mensagem dela:

"Pode vir no meu quarto?" tinham apenas três minutos que ela havia me mandado a mensagem. Pensei algumas vezes se eu deveria, e cheguei a conclusão de que era melhor eu ir. Eu iria embora amanhã e precisava deixar as coisas resolvidas com a Vitória, definitivamente iria terminar com tudo que havíamos erroneamente começado.

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