Máquina Perfeita

167 14 1
                                    

Eloise aguardava apreensiva do lado de fora e quando me viu, correu para receber notícias.

- E aí???

- Elas estão bem. - respondi com tom de alívio e continuei: -  Helena é uma "meninona", nasceu com 3,2kg e 48 centímetros. Linda como a mãe... - comentei emocionada.

- Jura?! Não acredito! Estou tão emocionada... - ela me abraçou com lágrimas nos olhos.

- Eles já vão levar a Vitória para o quarto. - comentei em meio ao abraço.

- Como ela está??? - Eloise indagou preocupada com a sobrinha.

- Bem, tudo sob controle, mas preciso confessar que as duas foram muito guerreiras.

- O que aconteceu? - Eloise indagou preocupada.

- Vitória vai te contar... Preciso me preparar para operar a Helena.

- Não posso conhece-la? Nem que seja rapidinho? Antes de você operar... - Eloise pediu para conhecer a sobrinha-neta.

- Vem aqui comigo. - puxei Elô pelo braço e a levei até a sala de operação, onde Vitória ainda estava deitada na mesa de cirurgia aguardando pelo maqueiro.

- O maqueiro não veio ainda? - indaguei preocupada.

- Nada... Todos ja foram, estou aqui sozinha. Oi tia... - Vitória falou com a Elô que correu para abraça-la.

- Onde está a Helena? - indaguei para Vitória.

- Acabaram de levar ela na incubadora, vocês não a viram? - Vitória comentou preocupada. Estava tudo meio confuso...

- Não vi... Bom, Elô fica aqui com a Vitória que vou atrás do maqueiro para vocês irem logo para o quarto. - comentei, elas concordaram. Olhei rapidamente para Vitória tão serena e sorri apaixonada, ela sorriu de volta.

Assim que sai da sala, dei de cara com o maqueiro. Indiquei para ele entrar e fui atrás da Helena.

Ela estava na uti neonatal, ficaria ali antes e após a cirugia enquanto se recuperava, era protocolo já que se tratava de uma intervenção delicada.

Olhei para ela através da incubadora, tão rosada e linda, fiquei emocionada. Higienizei minha mão, abri a portinha da incubadora e toquei em sua mãozinha tão pequena.

- Você é uma garotinha de sorte, pois tem uma mamãe que te ama muito e também muitas pessoas que te querem bem... - fiquei ali pensativa, "namorando" a bebê, rememorando a minha Helena e o quanto ela ficaria feliz em conhecer sua netinha.

Peguei meu estetoscópio para checar novamente seus batimentos, precisava me apressar, o som da irregularidade era gritante e ela precisava da primeira intervenção cirúrgica o mais rápido possível para que não houvessem danos.

Recebi uma mensagem do Guilherme de que todos já me aguardavam na sala de cirurgia. Repondi falando que eu ja estava a caminho e que iria acompanhando a incubadora.

Mandei mensagem para Eloise aguardar a gente na porta da uti neonatal para que pudesse conhecer a sobrinha-neta.

Sai da uti acompanhando a bebê, Elô se aproximou da incubadora emocionada, eu me emocionei com ela.

- Ela é perfeita! Parece muito com minha irmã... - Elô tocou na incubadora e admirava a bebê através do acrílico.

- Helena ia ficar muito feliz de conhece-la. - comentei sorrindo com lágrimas nos olhos.

- Su, obrigada por tudo! - Elô me olhou nos olhos agradecida.

- Não precisa agradecer... Eu faço por amor.

- Amor esse que eu deveria ter reconhecido desde o início. - Eloise admitiu algo que nunca imaginei que fosse admitir...

- Não se preocupe com isso. - respondi sem graça.

- Salva ela... - Elô suplicou com os olhos e claro que toda essa responsabilidade me deixava nervosa por dentro, mas eu precisava ser forte para encarar.

Me despedi da Eloise e seguimos para a cirurgia. Me preparei por tantos meses, sabia que ia dar tudo certo. De fato, tudo correu bem.

Helena respondeu muito bem ao procedimento e a boa notícia é que talvez nem precisasse de uma segunda intervenção.

A correção que fiz, conseguiu compensar todo problema que ela tinha. Era um milagre. Muitas vezes às imagens, exames podiam nos dar uma ideia do que iríamos enfrentar, mas exatidão, isso só acontecia quando entravamos em cirurgia. O corpo humano é uma maquina complexa e perfeita.

Fiquei todo tempo do lado da bebê, enquanto aguardava pela sua recuperação. Assim que tudo ficou estável, resolvi que era hora de ir embora para casa.

Pedi que Guilherme fosse dar noticias para a Vitória, eu estava no limite da exaustão, tinha que descansar.

Deixei Helena com recomendações médicas na UTI neonatal e com toda a equipe que daria a atenção que ela precisava e fui embora.

Até que gostaria de encontrar a Vitória, mas eu precisava me recuperar, o dia ja tinha amanhecido e eu estava virada, sem dormir, precisava descansar.

Mandei mensagem no celular dela pedindo desculpas por não passar no quarto dela e também dizendo que passaria mais tarde para falar melhor sobre a cirurgia, por fim depois disso, fui para casa.

Assim que entrei em casa, corri para o meu quarto e desmaiei na minha cama. Custei a acordar, acho que dormi umas 12 horas seguidas, não dei conta de ouvir Malu entrar ou sair de casa, nem mesmo do telefone.

Acordei sem saber onde eu estava, olhei pela janela e ja era noite, levantei tonta, acho que minha pressão estava baixa. Tinha muito tempo que eu não comia... Fui na cozinha e comi alguma coisa, em seguida procurei pela Malu, ela não estava, passavam das sete, não gostava dela na rua a essa hora.

Liguei para ela que prometeu que retornaria até as nove e que estava na casa de uma amiga estudando. Precisava confiar na Malu, mas confesso que meu coração ficava apertado quando ela não estava em casa principalmente à noite.

Tomei um banho, me arrumei para voltar na maternidade estava ansiosa para encontrar com a Vitória e a pequena Helena.

Nova chance para o Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora