Cesárea

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Aproveitei para acionar o Guilherme e também mandei mensagem para a Malu. Corri mais rápido que um foguete, estava ansiosa e preocupada, meu coração estava a mil.

Chegando na maternidade, as enfermeiras me encaminharam para a sala de parto.

Ao entrar, Vitória estava deitada na mesa ginecológica, própria para partos naturais, ela respirava apressada e fazia muita força. A obstetra pedia que ela respirasse e continuasse a fizer força quando viesse a contração.

Eu estranhei, pois o parto dela não poderia ser assim por muito tempo, principalmente por conta do problema congênito da bebê, a bebê não poderia entrar em sofrimento. Corri para o lado da Vitória, segurei em sua cabeça completamente suada e falei:

- Estou aqui...

- Não aguento mais... Dói muito! - ela me olhou nos olhos suplicando por ajuda.

- Respira meu amor, respira... - praticamente sussurei em seu ouvido, olhei para a Elô que estava aflita do nosso lado.

A obstetra insistia:

- Força Vitória, força! - ela gritava, e então resolvi olhar o cardiotoco, um equipamento que media a frequência cardiaca da bebê, ele estava alterado, Vitória cansada, a neném estava em sofrimento, não poderia continuar assim.

Me aproximei da obstetra e falei baixo, não queria que Vitória me escutasse.

- Podemos conversar?

- Agora?! No meio do parto???

- Sim. - olhei firme para ela e então ela acabou cedendo. Pediu para a assistente dela assumir e fomos as duas para a saleta que ficava em anexo a sala de parto.

- O que pensa que está fazendo?!! - falei exaltada com a obstetra.

- Eu que pergunto??? Está interferindo no meu trabalho! - a obstetra se irritou.

- Não percebeu que a Vitória está cansada e a bebê em sofrimento???- indaguei ainda exaltada.

- As mulheres costumam ficar cansadas enquanto estão parindo, ela esta monitorada e os parâmetros estão dentro da normalidade. Sobre o sofrimento, não acredito que isso esteja acontecendo, a frequência do bebê sempre fica maior durante o parto.

- Para a condição especifica dessa bebê, a frequência alterada pode gerar complicações fatais! - me posicionei com o máximo de autoridade.

- Veja, Vitória está na fase de expulsão, levar ela para mesa de cirurgia pode ser pior... - a obstetra se posicionou.

- Ela já deveria ter ido direto para lá... - falei inquieta segurando meu lábio inferior.

- Posso fazer manobras para acelerar o processo. - a obstetra sugeriu.

- Não, elas são dolorosas. Vamos arriscar a mesa de operação, você vai abrir ela. - quase que ordenei.

- Preciso garantir a segurança do bebê sim, mas também a da mãe. A mesa da cirurgia põe em risco a condição da Vitória! - a obstetra se impôs com embasamento.

- Eu insisto, estarei la a todo momento. Se continuarmos insistindo no parto natural o risco vai ser maior. Eu assumo os riscos disso. Confia em mim... - toquei no braço da obstetra e olhei para ela com confiança.

Ela consentiu com a cabeça e voltamos para a sala de parto.

- Vitória, pensei melhor e vamos te levar para a cirurgia. - a obstetra comunicou a Vitória.

- Finalmente! Anestesia por favor... - Vitória estava aflita e com muita dor.

Olhei para a Eloise que me agradeceu com o olhar, a situação estava exaustiva para todas ali.

Me aproximei da Vitória e falei baixinho perto do seu ouvido, enquanto dava carinho em seus cabelos suados:

- Vai ficar tudo bem agora... Confia em mim? - olhei em seus olhos com amor e confiança.

- Sim, claro que confio. - ela respondeu em meio a dor das contrações, dei um beijo em sua testa e acariciava sua barriga endurecida pelas contrações, enquanto preparavam ela para sala de cirurgia. Me aproximei da Eloise que estava parada na porta, ela estava paralisada e assustada, então perguntei:

- Há quanto tempo vocês estão nessa?

- Quase oito horas... - ela olhou para baixo.

- Mas porque não me avisaram??? Eu estive aqui de manhã... - comentei indignada.

- Assim que saiu a Vih entrou no trabalho de parto, disseram que iria demorar muito, sabia que estava de plantão, então esperamos para não te incomodar por tanto tempo.

- Isso foi um erro Elô... - sussurrei e voltei a me aproximar da Vitória.

- Vih, preciso me paramentar, para esperar pela Helena na sala de parto. Já vão te levar para lá, mantenha sua respiração, e segura firme a dor nas próximas contrações, isso já vai acabar, prometo! - depositei um delicado beijo sob seus lábios e sorri confiante. Ela acariciou meu lábio com seu polegar e mesmo com dor sorriu de volta.

- Caso algo aconteça comigo, cuida da Helena? - ela suplicou com os olhos.

- Eu não posso. Não vai acontecer nada. - desconversei, era uma conversa muito pesada.

- Prometa. - Vitória insistiu.

- Não posso te prometer isso, porque não vai acontecer nada com você. Vocês vão ficar bem. - eu não queria fazer promessas, nem mesmo imaginar que algo pudesse acontecer as duas.

- Eu não saio daqui sem você prometer isso, quero que você cuide dela, seja a mãe dela. - ela insistiu mais uma vez, sabia que ela era teimisa, então acabei cedendo:

- Ok, vou ser como uma mãe para a Helena. - respondi firme olhando em seus olhos.

- Perfeito! Podem me levar então. - ela pediu ao maqueiro para que a levassem para a outra sala que seria feita a cesárea.

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