Amor Livre

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Fui para o plantão pensativa, era palpável, real, logo Vitória viajaria e eu não havia conseguido deixar de pensar nela nem um só dia. Esse aperto me assolava e pelo visto eu iria precisar aprender a conviver com a dor, pois ninguém morre de amor, não é mesmo? E quando se ama, precisamos deixar ir, o amor precisa ser livre.

Cheguei no plantão apressada, cansada fisicamente  e emocionalmente. Logo que entrei na unidade de cardiologia fui abordada pelo Guilherme.

- Oi amore! Estava a sua procura! - ele comentou animado.

- O que? O que houve? - indaguei confusa.

- Nossa! Você está com uma cara péssima. - ele comentou em lamentação.

- Eu estou péssima... - lamentei com tristeza.

- Quer conversar? - ele indagou preocupado.

- Temos tempo?

- Bom... Parece que temos um "stent" agora, era exatamente por isso que estava te procurando, mas depois da cirurgia, acho que podemos tirar um tempinho, no geral está tudo calmo por aqui hoje. Acredito que vai permanecer assim... - Gui elevou os olhos e juntou as mãos rogando por um plantão calmo.

- Você viu Alex? - perguntei passando os olhos ao redor.

- Vocês estão firmes?? Namorando? Elu anda caide por você heim?! - Guilherme de uma batida leve no meu ombro, eu suspirei e falei:

- Não... Como eu poderia namorar alguém se tenho outra pessoa aqui? - apontei para o meu coração.

- Chegando a conclusão de que nossa conversa vai ser intensa. - Gui comentou preocupado.

- Se você quiser, podemos deixar para outro dia. - respondi, pois não queria carrega-lo com meus problemas.

- Não, você sabe que sou uma "bicha" curiosa, né? - Gui falou brincando, ele era bi, e muito afeminado, sempre fazia essas bricadeiras: - É brincadeira, eu estou do seu lado amiga. Quero te ouvir, sempre fizemos isso e não vai ser diferente agora, sabe que te amo, não é?

- Eu também te amo... - nos abraçamos e fomos nos paramentar para a cirurgia.

A cirurgia foi tranquila e logo que o paciente recuperou, eu e Guilherme fomos para a cafeteria do hospital para conversar um pouco.

- Acho que a gente precisa conversar com a Flávia, ela têm deixado a desejar nas cirurgias. - Guilherme comentou sobre a instrumentadora da nossa equipe.

- Pois é, pedi três vezes o afastador e ela me entregou o errado! - comentei injuriada.

- E ainda te entregou insistindo que estava certo, a Gisele teve que sair do campo para mostrar o correto. - Gisele era minha assistente nas cirurgias.

- Ela pode estar passando por algum problema... - comentei preocupada.

- Eu ja acho que não, às vezes penso que ela não gostaria de estar fazendo isso. Está sempre irritada.

- Vamos marcar uma reunião com a equipe e ver o que podemos fazer. - sugeri.

- Ok, ok amiga, mas vamos aproveitar nossos minutos juntos para conversar do outro assunto. - Guilherme mudou de assunto.

- Eu temia isso... - olhei para baixo mexendo num copo de café que havia pego antes de sentar.

- Não queria conversar??? - Gui indagou franzindo a testa confuso.

- Quero, mas é que... - não pude conter, uma lágrima desceu dos meus olhos.

- Ei... Su, eu estou aqui por você. - Guilherme colocou a mão sob a minha.

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