Agindo como Namoradas

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Não pensei muito, logo digitei a mensagem convidando a Vitória para a exposição. Ela demorou um pouco para responder, eu sabia que estava em cima e que talvez ela não conseguisse ir, "como explicaria para o marido?"pensei, obviamente que o convite não se estendia a ele. Estava aguardando uma resposta negativa, mas para minha surpresa, ela topou e ficou de me encontrar no lugar da exposição. Meu corpo inteiro gelou só de pensar que nos encontraríamos em um lugar artístico,tão envolvente. Respirei fundo e fui me trocar.
Deixei a janta pronta acompanhada por um bilhete para Malu e saí apressada para a galeria de arte. Estacionei o carro e entrei procurando pela Vanessa. Ela estava lá completamente deslocada, ao lado de uma escultura muito intrigante que ao meu ver era como um pênis gigante, e para piorar, ela ainda estava praticamente escorada na tal escultura, distraída mexendo no celular. Me aproximei dela com um sorriso maldoso e brinquei:

- Amiga... Se continuar assim você vai precisar fazer um teste de gravidez amanhã.

- Su! Que bom que chegou... - ela desencostou da escultura e me abraçou aliviada.

- Fico feliz por estar aqui também. - dei dois tapinhas em suas costas e encarei mais uma vez a escultura atrás dela ainda intrigada.

- O que você falou? Sobre o teste de gravidez? - ela indagou sem entender minha brincadeira.

- É que isso... - apontei a escultura e pensei em dissertar sobre a mesma, mas desisti: - Esquece, foi só uma bricadeira sem sentido. - sorri envergonhada.

- Ok... Você está animadinha, heim?! Posso saber o motivo?

- Eu?! Impressão sua... Quer me apresentar às obras do seu paquera?

- Amiga, preciso confessar uma coisa para você... Achei que a arte dele fosse mais séria, mas olha isso aqui. - Vanessa apontou para a bendita escultura de pênis e continuou: - É um pênis?!

- Exatamente o que eu imaginava, quer dizer, não está tão claro assim. - ficamos analisando a escultura com mais atenção, até que Vitória me abordou por trás, estava desprevenida e tomei um susto.

- Jesus! Que susto...  - olhei para ela e estava linda, com uma jaqueta jeans e um vestido soltinho. Nos olhamos por alguns segundos, olhei diretamente para os lábios dela, nossos rostos definitivamente ruborizaram, nossos lábios se desejavam. Fomos interrompidas pela Vanessa que ficou confusa.

- Vitória?! É você?

- Tia Vanessa! Que saudades! - Vitória fez menção de abraçar a Vanessa que se afastou e falou:

- Ei! Pera lá! Tia não...

- Pois é Vih, nada de usar essa palavra entre a gente... - falei constrangida, Vitória não podia nos chamar de tia, afinal... Enfim, era evidente precisava corrigir a força do hábito.

- Perdão, vocês tem razão... Mas o que vocês estão fazendo do lado dessa escultura gigante de pênis??? - Vitória comentou quebrando o clima que ficou um tanto constrangedor.

- Eu disse! É um pênis! - respondi animada como se tivesse ganho na loteria.

- Vamos dar o fora daqui? - Vanessa comentou.

- Mas e seu paquera? - indaguei preocupada.

- Ele parece gostar de pênis mais do que eu imaginava... - olhamos ao redor e de fato na amostra tinham varias esculturas parecidas e até mesmo fotografias comprometedoras. Nós rimos e saimos a francesa da exposição.

Já do lado de fora dávamos gargalhadas, andando pelas ruas. Era um bairro bohemio, e tinham muitos bares.

- O que vocês acham de sentarmos em um desses bares? Algum que tenha pelo menos um sambinha animado? - a idéia partiu da Vanessa.

- Sabe que não sei dançar não é amiga? - comentei constrangida.

- Eu topo! - Vitória topou animada.

- Ela topa! - Vanessa olhou para mim e sorriu, eu senti meu rosto esquentar, fiquei tímida. Vanessa de fato ja havia notado o clima entre nós duas, sabia disso há anos, só não havia contado para ela sobre o que Vitória havia feito ontem.

- Certo, se é para o bem de todos, eu aceito! Vamos nessa... - Vitória me deu a mão, achei aquilo muito íntimo e fofo ao mesmo tempo, era como se fossemos duas namoradas. Dava para ver que Vanessa estava vibrando por dentro sorria para mim o tempo todo. Enquanto caminhavamos até o bar, Vanessa falou:

- Como está se sentindo Vih? Essa barriga está linda... - Vanessa comentou apontando para a barriga saliente e redonda da Vitória.

- Estou ótima! Helena vive fazendo arte aqui dentro, acho que vai ser uma criança agitada... - Vitória falou passando a mão livre sob a barriga que estava cada dia maior.

- Linda essa homenagem... Sua mãe deve estar orgulhosa la do céu. - Vanessa comentou emocionada.

- Espero que sim, que ela ilumine as mãos aqui da minha cirurgiã e que seu coração fique cem por cento. - Vitória falou levantando a minha mão, mas não a soltou. Estavamos de fato com as mãos entrelaçadas.
Vanessa indagou sobre a questão da cardiopatia, pediu para explicar e fomos conversando sobre isso até o bar. Chegando lá estava bem barulhento, animado. Confesso que essa não era a minha programação favorita, mas estar com a Vitória mudava tudo. Ela estava vislumbrada com o espaço, a energia.  Escolhemos uma mesa e sentamos as três. Vanessa de frente para a gente, eu e Vitória sentamos uma do lado da outra, e muito próximas. Algo estava acontecendo, estavamos agindo como namoradas.

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