Estar por perto

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Acordei no "pique", tomei um banho, me arrumei para o hospital, hoje era dia de plantão, preparei o café e fui chamar a Malu. Para a minha surpresa, não precisei fazer nenhum esforço, ela estava terminando de se arrumar para a escola.

- Uau! Vejo que alguém aqui acordou com o galo cantando.

- Oi??! Tá me xingando mãe?

- Esquece... - ri, era um colóquio antigo, Malu não tinha nem ao mesmo a vivência de uma fazenda ou sítio para compreender.

- Ontem não te vi chegar... - ela comentou curiosa.

- Fui lanchar com uma amiga.

- Ué, saiu com a Vanessa de novo???

- Não filha... Uma outra amiga.

- Qual? - Malu indagou com um sorriso malicioso.

- Não é nada disso... - desviei o olhar envergonhada.

- Você sabe que precisa desencalhar, não é? - Malu jogou sem pestanejos.

- Está insinuando algo para sua mãe, mocinha??? - coloquei a mão na cintura.

- Eu? Claro que não. Estou sendo bem direta, nada de insinuações. - deu uma breve pausa e continuou: - Quem é a amiga mãe?

- Depois te explico Malu.. Hoje tenho plantão, chego tarde. - respondi fugindo do assunto enquanto ajeitava minha bolsa, Malu sorriu, ela notou minha timidez.

- Ok... Espero que você me conte em algum momento.- ela comentou esperançosa, eu tinha certeza de que não era a hora certa.

- Certo, talvez... - dei uma pausa, sorri ainda tímida e continuei: - Você ouviu que vou chegar tarde???

- Não sou surda...

- Sabe que não quero você na rua como da outra vez que dei plantão, é da escola para a casa. - falei com autoridade.

- Posso trazer o Bê para cá? A gente tinha combinado de estudar... - ela pediu tímida.

- Pode... - pensei melhor e resolvi falar: - Malu, sei que está numa idade complicada, os hormônios aparecem e ja conversamos sobre isso. Só peço duas coisas, se sentir que algo íntimo está acontecendo, um é que se proteja, e outro que respeite seu corpo, sua vontade, não deixe que ninguém avance o sinal sem seu consentimento.- pensei mais a vez e continuei: - Filha?! Acho melhor vocês não ficarem aqui sozinhos... Melhor estudarem na biblioteca.

- Mãe, calma! Eu e o Bê não estamos nem perto disso. E se chegarmos perto, você vai saber antes. Além do mais, nós nos respeitamos muito.

- Promete?

- Prometo, não confia em mim?

- Sabe que sim... - respondi sorrindo aliviada e a encarando nos olhos.
Fui para o plantão, no caminho ocupei meus pensamentos na Malu, estava preocupada com ela e esse provável envolvimento amoroso. Ela era uma moça muito esclarecida e que sabia também o que queria, mesmo assim, eu ficava ressabiada pois não sabia como o Bernardo poderia agir, não o conhecia bem.

Assim que adentrei no hospital, já fui abordada por um colega de trabalho, estavam precisando de mim no centro cirúrgico, era uma emergência. Me apressei e corri para atender o paciente. Essa cirugia de emergência tomou a manhã e parte da tarde. Assim que finalizamos, fui para a sala dos médicos, o dia mal tinha começado e já estava exausta. Deitei no sofá, relaxei e fechei os olhos dois minutos. Fui interrompida pelo Gui que entrou como uma furacão na sala.

- Jesus!!! Gui! Assim eu infarto...- me ajeitei no sofá e coloquei a mão no peito.

- Vou ter que ir pra casa...

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