Vida Injusta

166 15 6
                                    

Dormi mais que a cama, aliás, não queria acordar, fui acordada pelo celular que tocava sem parar. Peguei o aparelho com preguiça e vi que era Malu, ela havia dormido fora e fiquei preocupada pela persistência na ligação.

- Filha?! Tudo bem?

- Tudo, mas você não vinha me buscar para visitarmos a bebê da Vitória???
- Que horas são?

- Quase onze!

- Minha nossa! - dei um pulo da cama e falei: - Perdi a hora... Desculpa filha!

- Você está vindo?!

- Sim, já fica pronta, quando eu chegar nem vou sair do carro. - desliguei o telefone e corri para buscar Malu.
No caminho até a casa da amiga da Malu, eu pensava na Vitória, eu queria muito conversar a sós com ela, entender tudo que passava. Meus pensamentos foram interrompidos pelo meu celular que tocou no viva voz do carro, atendi sem olhar no identificador:

- Alô?!

- Oiiii... - Alex falou do outro lado da linha com a voz modulada, romântica.

- Bom dia... - respondi com carinho.

- Como passou a noite? - ela perguntou.

- Tão bem que perdi a hora... Correndo para buscar minha filha na casa da amiga. - nem sei porque entrei em detalhes.

- Não sabia que tinha uma filha.

- Não te contei?!

- Pensando em que momento da sua vida "workaholic", você conseguiu conceber uma pessoa.

- Em meio a minha especialização de cardiologia na Espanha...  Uma noite com muito álcool.

- Uau... Qual é o nome dela?

- Maria Luiza.

- E um dia, posso conhecer a Malu?

- Acredito que sim... Mas ja te deixo de sobre aviso, ela é sagaz.

- Quer dizer que vou ter que ser um livro aberto para ela?

- Um livro escancarado... - respondi brincando.

- Ok, isso não é um problema para mim, sou uma pessoa transparente.

- Que bom! - dei uma pausa e continuei: - Alex, eu estou chegando... Podemos conversar outra hora? - falei enquanto estacionava o carro na frente do prédio onde Malu estava.

- Claro que sim, hoje tem plantão, você vai estar lá?

- Acredito que sim, mas provavelmente vou chegar tarde, tenho algumas coisas para fazer antes. - eu tava na maternidade e ainda tinha alguns pacientes agendados no consultório.

- Tudo bem, eu vou ficar te aguardando... Quero te ver. - elu deu uma pausa e continuou: - Posso te falar uma coisa sem você se assustar?

- Depende...- senti um frio na barriga, eu não sabia o que esperar.

- Então falo outra hora.

- Não, isso não funciona comigo, sou uma pessoa curiosa e você vai precisar falar agora.

- Estou com saudades de você.- elu falou direte e com carinho, eu fiquei em silêncio. Não sabia o que pensar sobre isso ou como deveria agir. Não queria criar falsas expectativas, não estava na mesma sintonia que elu. De toda forma tenho sido clara para Alex que não estou pronta, elu sabia dessa condição. Como não respondi, elu falou:

- Eu disse que iria te assustar... - a voz delu murchou, eu não poderia fazer muito para mudar isso, então falei:

- Não me assustou ... Nos vemos mais tarde, ok?

Nova chance para o Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora