Mudanças

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Depois do passeio, subimos e deixamos Malu no apartamento. Queria um tempo a sós com a Vitória, então resolvi acompanha-la até o carro dela que estava estacionado na garagem do meu prédio.

Chegando na frente do carro, olhei para os lados, chequei que estava vazia, sorri e escorei com cuidado Vitória  na porta do carro, roubando um beijão. Ela se assustou, mas correspondeu imediatamente. Nos beijamos com amor, intensidade e desejo, estavamos apaixonadas, até que Vitória saiu do beijo e me afastou. Franzi a testa confusa e indaguei preocupada:

- Que foi?! Está tudo bem?

- Precisamos conversar... - Vitória desviou o olhar com tristeza, e por algum motivo, senti frio na espinha.

- Desde ontem você está querendo falar algo... - comentei preocupada.

- Sim. - ela tornou a me olhar nos olhos.

- Foi por isso que me chamou em sua casa?

- Bom, a princípio foi sim, mas não imaginava que a conversa tomaria outro rumo, um bem melhor. - ela comentou tímida, me abraçou e me beijou. Eu sorri e trocamos beijos curtos, como selinhos.

- Sabe qual é o problema? - indaguei em sussuro entre os beijos.

- Qual? - ela segurava no meu pescoço e correspondia aos meus beijos.

- Não consigo mais ficar sem seu carinho, seus beijos... - sussurei com carinho no seu ouvido.

- Eu também não... - ela respondeu e nos abraçamos com paixão, entretanto ela novamente se recompôs, e se afastou de mim, resolveu falar numa só vez:

- Vou ter que me mudar.

- Como assim se mudar? Como? Para onde? - indaguei confusa.

- Vamos para a Polônia.

- Polônia?! Europa?! Como?? Desde quando??? - fiquei nervosa e desatei a falar.

- Rodolfo recebeu uma proposta irrecusável de emprego lá... - Vitória não conseguia me encarar nos olhos.

- E quando pretendia me contar???? Vitória, olha para mim! - eu estava furiosa, ela finalmente voltou a me encarar, seu rosto estava vermelho e seus olhos marejados.

- Tentei algumas vezes pelo telefone... Aquele dia no bar, bom, eu sabia da proposta, só que ele não havia aceitado ainda.

- Então ontem me preparou os  biscoitos especiais, trocamos confidências, transamos... Nós transamos! Isso tudo porquê queria me contar que iria mudar de país?!!!

- Fica calma Su... - Vitória não sabia como me acalmar, eu estava inconsolável, irritada, impaciente. Cocei a testa diversas vezes.

- Não me peça para ficar calma! - exclamei com raiva.

- E-e-e eu te amo.- ela parecia estar sofrendo, as lágrimas começaram descer dos seus olhos, mas eu não conseguia enxergar nada com clareza.

- Tarde demais para se apaixonar! Ou você pensa em manter um relacionamento extra conjugal comigo a distância??? Amante a distância? Era só o que me faltava...

- Não contava em me apaixonar de novo por você, mas é inevitável. - ela implorava com seus olhos, eu agora comecei a desviar o olhar, não queria encara-la. Respirei fundo e indaguei:

- Como vai fazer com a bebê? Suponho que só possam viajar depois que ela se recuperar da cirurgia...

- Bom, tem isso também. Nós estamos em contato com um médico Polonês super conceituado que está por dentro do caso da Helena e vai operar ela ...

- Não posso acreditar... Vocês pensaram em tudo mesmo. - dei uma pausa, passei a mão nos lábios, e continuei: - Vitória, venho me preparando para isso há meses. Até isso vai tirar de mim???

- Su, me desculpa, eu não queria... - Vitória estava debulhada em lágrimas.

- Quer saber? Você é igual a ela! Foi exatamente o que ela fez. Partiu meu coração assim como você. - eu estava com muita tristeza no coração, profundamente magoada.

- Já tinha te pedido para não me comparar com a minha mãe...

- E como não fazer isso??? Ela escolheu o seu pai... Você escolheu o Rodolfo. É isso, esse é o meu destino.

- Eu... - ela ainda chorava muito, seu rosto estava vermelho.

- Para, não fala mais nada. - respirei fundo e continuei: - Espero que seja feliz. - me afastei dela em passos firmes a caminho dos elevadores.

- Su... Não, por favor, me desculpa, eu te amo, não me deixa... - Vitória me seguiu com os passos apressados, me alcançou e segurou na minha mão. Olhei para ela mais uma fez e balancei a cabeça em negação, estava muito frustrada, com raiva. Ela estava aos prantos, as lágrimas inundavam seu rosto eu nem ao menos conseguia chorar.

- Você partiu meu coração. - por fim uma lágrima desceu dos meus olhos, puxei meu braço com raiva, mantive meu rumo em direção aos elevadores, de repente escutei um som como se fosse de uma bexiga de água estourando. Olhei para trás e a bolsa da Vitória havia rompido, escorria água para todo lado. Eu arregalei meus olhos assustada.

- A bolsa estourou... - pensei em voz alta e corri até ela, segurei em sua cintura.

- Está muito cedo, ela não está pronta... - Vitória falou em meio ao choro. Suas mãos estavam suadas e geladas.

- Calma, fica calma, tenta respirar, vou te levar para o hospital... Consegue andar até o carro?

- Acho que sim. - ela começou a tremer de frio. Tirei meu casaco e coloquei sob seu ombro.

- Vem, se apoia em mim que te ajudo. - passei o braço da Vitória pelo meu ombro e escorei seu corpo do meu lado. Andamos juntas até o carro dela e a acomodei no banco do carona. Ajustei o cinto com cuidado, olhei nos seus olhos:

- Onde estão as chaves?

- Na bolsa... - Vitória apontou para a bolsa que estava em cima do capô do carro, então fechei a porta e fui buscar a bolsa dela. Dei partida no carro e falei:

- Aguenta firme... Logo chegaremos no hospital, vai ficar tudo bem. - mantive o máximo de calma, serenidade para que a Vitória não entrasse no trabalho de parto precoce.

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