Repulsa

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Chequei o sono da Malu que estava firme, coloquei um robe e fui silenciosamente até o quarto dela. Dei duas batidas na porta e Vitória que parecia na espreita, logo me puxou para dentro do quarto e me escorou contra a parede mais próxima roubando-me um beijo cheio de vontade, apesar de ser difícil, eu resisti ao beijo, consegui desviar sem ser tão grosseira, me afastei dela me recompondo. Ela franziu a testa confusa e indagou indignada:

- Não te entendo... Porque me rejeita?

- Não estou te rejeitando... - respirei fundo e continuei: - Porque me chamou? - franzi a testa.

- Queria conversar... - Vitória sentou-se na cama desanimada.

- Sabe que esse assunto é complicado e... - já iniciei meu discurso sobre nosso envolvimento amoroso e fui cortada pela Vitória:

- Sobre o vestibular.

- O que?! - falei surpresa pois achava que a conversa seria a respeito de nosso envolvimento.

- Estou preocupada. - ela respondeu confusa. Eu pensei então que talvez estivesse alimentando algo em relação a Vitória que nem existisse, não estava notando algo mais importante e que provavelmente ela estivesse precisando de mim... Respirei fundo e tomei coragem para sentar ao seu lado na cama. Tentei olhar ela nos olhos e falei tocando em sua perna:

- Ei... O que te preocupa?

- Gustavo falou que não sou capaz de fazer o curso, que sou auto centrada, e que quero chamar atenção...

- Sabe que isso não é verdade, não é?

- E se for Su? - ela me encarou com tristeza no olhar.

- Já saiu a classificação do curso? Você entrou?

- Acho que vou entrar pela minha pontuação. Foi alta...

- Certo, medicina realmente não é um curso para qualquer um...

- Até você, eu sabia... - ela olhou para baixo e percebi seus olhos marejarem.

- Vai ter que aprender a escutar quando for médica. - a repreendi colocando a mão sob seu queixo e procurando pelos seus olhos.

- Hum... - ela me olhou.

- Vih, preciso começar falando que você não é qualquer um! - sorri e continuei a falar encarando-a nos olhos: - Tenho certeza absoluta que você vai se sair bem, que será uma ótima médica e que vai ser motivo de muito orgulho para toda sua família... Mas principalmente não só para sua família, amigos e sim antes de tudo vai se orgulhar de você mesma. - apontei para ela.

- Era o que a minha mãe queria, não é? Ela queria ser médica...

- Ela não foi adiante... Mas sim, sua mãe queria ser obstetra, queria trazer vida ao mundo. Ela era muito ideológica.

- Quero ser oncologista.

- Eu lembro que você já dizia isso quando era bem novinha...

- Quero ajudar pessoas que tiveram a mesma doença que minha mãe.

- Vih, se isso está aqui dentro... - coloquei a mão sob seu coração e continuei: - Não tem ninguém que diga ao contrário e se alguém o fizer, apenas ignore, prove o contrário... Você é capaz e precisa acreditar nisso. - dei uma pausa e completei: - Você nem estava estudando para o vestibular e quase gabaritou... É um gênio! - nos olhamos e sorrimos. Minha mão permanecia sob o peito da Vitória, ela segurou na minha mão e começou a acaricia-la, eu fiquei nervosa e tirei a mão.

- Você acredita em mim mesmo, não é? - mesmo que eu tenha recolhido a mão, nossos rostos estavam próximos e nossos olhares conectados.

- Sempre vou acreditar... - falei em um sussuro. Estava praticamente impossível resistir a ela. Vitória aproximou seu rosto pedindo um beijo, eu tirei o cabelo do ombro descobrindo seu pescoço e comecei a dar alguns beijos curtos no seu pescoço e desci até seu ombro, ela fechou os olhos. Em seguida, Vitória puxou meu rosto para perto do seu e nos olhamos, queria beija-la, envolve-la com todo o desejo que tinha em minha alma, eu não aguentei com o conflito que me assolava, meus olhos marejaram e lágrimas insistentes desceram pelo meu rosto.

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