Me recuperei do choro, enxuguei as lagrimas e saquei o celular no bolso da minha calça e resolvi mandar mensagem para ela:
" Oi... Você está em casa? Queria conversar..."
Enviei e fiquei aguardando ansiosa com os olhos vidrados na tela do celular, logo em seguida a mensagem, ouvi batidas na porta, meu coração disparou, gritei:
- Já vou! - me ajeitei no espelho, achei que fosse ela, fui atender a porta prontamente. Era a Malu, imediatamente encolhi meus ombros desanimada e falei:
- Ah, é você filha.
- A tia Eloise pediu para eu te chamar...
- Ok, já estou indo.
- Você estava chorando mamãe?
- Eu?! Claro que não meu amor, é que estou com alergia.... - olhei para o celular, ainda sem resposta da Vitória, ela visualizou mas não respondeu, provavelmente estava muito magoada comigo. - Vamos lá ver o que a tia Eloise quer? - peguei no ombro da menina e seguimos juntas para o escritório. No caminho eu perguntei para ela: - Filha, por acaso você viu a Vih???
- Não vi não mamãe... Eu estou entediada, não tem nada de legal para eu fazer, as tias só ficam falando do orfanato, isso e aquilo...
- Que tal se eu e você fossemos dar uma volta daqui a pouco? - pensei em animar um pouco minha filha.
- De novo mamãe?- Dessa vez seria só eu e você. O que acha de irmos ao cinema ver aquele filme que lançou???
- Eba! Eba! Vamos logo?!
- Primeiro a mamãe precisa ajudar um pouco as tias lá no escritório, também preciso ver os horários do filme. Um segundo... - peguei o celular e nada de respostas da Vitória, já sabia que ficaria angustiada o resto do dia com isso. Olhei os horários do cinema e me organizaria para sairmos por às seis da noite, tinha uma sessão por volta das sete. Fui até o escritório e comecei a ajudar as meninas com os embrulhos dos brinquedos. Passamos o dia inteiro embrulhando os brinquedos, colocando nomes das crianças que a Eloise conseguiu junto ao orfanato. Tambem estavamos separando as roupas e acessórios da Helena que ja estavam lavados e passados. A visita seria depois de amanhã, então precisavamos ser ágeis para que tudo estivesse pronto amanhã a noite. Como eu sairia com a Malu, me comprometi em fazer alguns biscoitos artesanais para levarmos na visita, eu tinha uma receita que era de fazer inveja.
A noite chegou e eu olhava para o celular de tempo em tempo, disfarçava, Laura estava discretamente na minha cola. Nada de respostas da Vitória, ela também parecia não estar na casa, não a vi em nenhum momento. Ela costumava circular, a menos que estivesse trancada em seu quarto, pensei. Enfim, eu e Malu fomos ao cinema, ela estava animadissima, amou o filme. Estava tão ligada que já passavam das onze quando voltamos para a casa e ela ainda estava acordada, empolgada, falando do filme.- Filha, fala baixinho agora, ok? Não queremos acordar ninguém... - pedi com o dedo na boca, ela me obedeceu mas não parou, continuou falando em sussuros. Eu prestava atenção e respondia a ela. Assim que subimos a escada e viramos no corredor para chegarmos ao nosso quarto, dei um encontro de cara com a Vitória. Nos olhamos assustadas e com a mesma conexão de sempre. Ficamos nos olhando por um tempo que provavelmente foi curto, mas para mim o tempo parecia parar, meu coração disparou, queria sair ela boca.
- Vihhhh!!! - Malu pulou no colo da Vitória cortando nossa conexão, ela e eu desviamos o olhar sem graça.
- Oi baixinha, onde você estava? - Vitória falou com a Malu, ao mesmo tempo me olhava pelo canto dos olhos.
- Fomos no cinema! - Malu falou exaltada, empolgada.
- Shiii! Fala baixo filha... -reprendi Malu.
- Assistimos Sonic... - Malu baixou o tom da voz.
- Que bacana! Eu estou doida para assistir esse filme.
- Nós podemos te levar, né mamãe? Eu não ligo de assistir de novo... - enquanto Malu fazia o convite, Vitória olhou para mim sorrindo, eu sorri de volta e falei:
- Malu, vai para o quarto? A mamãe precisa conversar com a Vih...
- Mas é que eu quero contar o filme para ela...
- Amanhã você conta filha, já está tarde e é hora de dormir. Vai para o nosso quarto que já estou indo, obedece a mamãe.
- Tá bem... - Malu foi arrastando os pés um tanto contrariada. Nós duas esperamos que ela entrasse e eu puxei Vitória pela mão até um ponto morto do corredor, era um lugar que poderiamos ter uma conversa mais privada. Assim que chegamos nesse espaço, eu falei:
- Tentei falar com você... Te mandei mensagem.
- Eu sei.
- Onde estava? Porque não me respondeu?
- São muitas perguntas... - ela virou a cara tentando desviar o olhar.
- Não quer mais falar comigo? - indaguei franzindo a testa e buscando por seu rosto.
- Eu deveria querer?
- Sei que errei com você...
- Lá vem você com o seu "mas"...
- Eu simplesmente não sei como reparar o que fiz ontem.
- Talvez eu precise de terapia, MAS vou sobreviver...
- Você vai sair? - olhei que Vitória estava arrumada, muito bonita por sinal, senti ciúmes.
- Preciso pedir autorização? - Vitória cruzou os braços e franziu a testa.
- Tudo bem... Eu não vou mais tentar. - me virei para ir embora, Vitória segurou na minha mão e nos olhamos.
- Eu só queria que você fosse sincera comigo.
- Vitória, eu confesso que não estou sabendo lidar com tudo isso. Estou assustada, confusa... - respirei fundo e continuei: - O que aconteceu ontem não foi sua culpa, você é incrível, perfeita e eu queria saber se...
- Se...
- Quer fazer biscoitos comigo amanhã?
- Essa foi a coisa mais inusitada que você poderia ter dito... - ela respondeu surpresa.
- Quer ou não? É para o abrigo...
- Ok. - ela sorriu e me olhou nos olhos provavelmente eu destilava paixão dos meus olhos, podia sentir meu rosto esquentar e minhas bochechas corarem.
- Obrigada, vai ser divertido dividir minha receita com você.- sorri animada e um pouco tímida.
- Preciso ir... - ela sorriu e se despediu.
- Boa noite. - eu falei e então ela foi embora. No fundo eu queria pedir que ela não saisse, que passasse mais uma noite comigo, mas precisava ser racional. Laura me fez prometer que não alimentaria mais nada. Vitoria também parecia querer algo, isso porque ela titubeou para ir embora, mas não se atreveu, estava claramente insegura, eu a deixei dessa forma. Assim que ela desceu as escadas, fui para meu quarto suspirando. Eu estava me apaixonando...
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Nova chance para o Amor
FanfictionSuzana (Suranne Jones) amou sem limites sua melhor amiga a Helena. Na época era um amor proibido, Helena teve medo de assumir o romance e deixou Suzana para casar e ter filhos. Suzana seguiu a vida, formou em medicina e reencontrou com Helena alguns...