Amor não é Tudo

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Passaram alguns dias desde a última vez em que estive com a Vitória. Apesar da sua declaração de amor, não nos falamos mais. Eu estava tentando me proteger e respeitar esse espaço. Sei que ela se declarou e que as coisas poderiam estar "favoráveis", isso até eu pensar que em menos de uma semana ela viajaria para Polônia. Tudo o que se referia a isso me amedrontava, realmente não estava disposta a sofrer mais do que já estava.

Hoje era o dia da tal despedida, tinha decidido, não iria, pois além de ter que fingir qualquer coisa que não era meu feitio, não queria ter que lidar com o Rodolfo que provavelmente estava na área.

Era sábado, só iria no hospital visitar alguns pacientes operados, mas não iria fazer mais nada, queria curtir meu dia sozinha com meus pensamentos e fazendo coisas para mim ou para Malu.

Fui inclusive no quarto da Malu para falar que iria ao hospital. Ela estava mexendo no computador, tão compenetrada que chegava a ser fofa. Me aproximei lentamente por trás e dei um beijo na sua cabeça.

- Mãe?! Que susto!!! - ela exclamou com a mão no peito.

- Não queria te assustar... - comentei carinhosamente.

- O que houve? - ela indagou preocupada.

- Não houve nada, uma mãe não pode vir aqui dar um "alô" para sua filha???

- Você não é muito disso... Esta sempre tão acelerada!

- Sabe que você tem razão?! - respirei fundo, sentei na cama ao lado da mesa do computador e continuei: - Mas hoje vou fazer diferente.

- Talvez por ser sábado, certo?

- O que estava fazendo aí no computador? Nunca te vejo sentada aí, só celular o tempo todo... - indaguei curiosa.

- Você é muito curiosa, sabia?

- Se não quiser, não precisa contar. - respeitei o espaço dela.

- Acho que estou descobrindo uma coisa que gosto de fazer. - Malu respondeu empolgada.

- Jura?! E o que é??? - indaguei mais curiosa ainda.

- Programação... Estou aprendendo linguagens de programação e quero  atuar em projetos de games.

- Uau! Filha, isso é incrível e tão complexo... São muitas letrinhas aí na tela. - apertei os olhos para enxergar as letras emaranhadas na tela do computador.

- Eu estou amando, não sabe o poder de cada letrinha dessa. - Mali estava muito animada, dava gosto de ver.

- Posso imaginar! - saber que ela estava se envolvendo em algum projeto novo, me deixava muito feliz.

- Mãe?! Você não veio no meu quarto só para saber o que eu estava fazendo, não é? - Apesar de ser sutil, Malu sacou algo na minha expressão.

- Sim, claro que sim... - desconversei olhando para baixo.

- Eu não acredito em você. - ela respondeu confiante.

- Ok, é que eu queria dividir algo com você, saber sua opinião. - resolvi me abrir com minha filha, ela vinha sendo uma das minhas confidentes.

- A dra. Suzana querendo minha opinião??? - ela sorriu e cruzou os braços.

- Sempre vou querer saber a sua opinião minha filha, você é a pessoa que mais importa na minha vida... - respondi emocionada.

- Ok, ok, mãe antes que eu chore aqui, fala, quero te ouvir. - Malu não era uma pessoa muito sentimental.

- Hoje a noite é a despedida da Vitória e eu não vou. - comentei.

- Hum... E??? - ela franziu a testa com insignificância.

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