Cheguei na maternidade apressada e logo fui na uti para avaliar a condição clínica da Helena.
Ela ficaria ali por quarenta e oito horas para ser observada, avaliada, estabilizar e tomar o antibiótico intravenoso.
Eles a colocaram em um bercinho aquecido, era aberto. Não tinha necessidade de ficar na incubadora fechada. Higienizei as mãos e me aproximei dela:
- Oi meu amor... - Peguei ela no colo tomando todo cuidado com os fios que a monitoravam. - Você está indo muito bem, logo vai poder ficar com sua mamãe e ir para casa... - falei com carinho e sorri para a bebê que tinha o olhar vivo e muito atento.
- Olá, você é a médica responsável por ela? - uma mulher de jaleco se aproximou.
- Sim, sou a dra Suzana. - ajeitei Helena no meu colo para me apresentar.
- Eu sou a dra Larissa, responsável aqui pela uti neonatal. Tomamos a iniciativa de passar ela para o berço aberto, pois não tinha indicação da incubadora.
- Claro, achei ótima a idéia. Sabe me dizer se a mãe conseguiu vir aqui para visitar a bebê?
- Veio sim, ela até amamentou.
- Isso é ótimo! Logo darei alta da bebê para o quarto... - comentei animada.
- O pai também esteve aqui e colocamos inclusive a neném no método canguru, esse método permite o contato pele a pele com os pais e ajuda muito na recuperação dos bebês. - a dra Larissa comentou e parei de escutar, meu corpo inteiro gelou. Rodolfo tinha voltado, pensei.
Senti meu coração entrar em descompasso, junto com o Rodolfo, toda minha insegurança voltou.
Certamente deixei algo transparecer, pois a dra Larissa comentou preocupada:
- Está tudo bem? - meu olhar estava perdido, meus pensamentos em outro plano. Só conseguia pensar no Rodolfo junto com a Vitória, a médica balançou a mão na frente do meu rosto e falou: - Ei?! Quer que eu pegue a bebê??? - a dra Larissa parecia preocupada e com razão, eu estava com a bebê no colo, paralisada. Até que dei por conta do cenário e recuperei a razão, coloquei Helena com cuidado no berço. Recuperei minha postura:
- Desculpa! É que lembrei de algo importante, preciso ir. - dei uma pausa e um sorriso forçado e continuei: - Se algo acontecer podem me ligar na hora, meu telefone pessoal está no prontuário da bebê. - falei um pouco atrapalhada e saí da sala apressada.
Assim que deixei a uti neonatal, senti as lágrimas descerem pelo meu rosto, entrei em um choro involuntário, estava tão cansada de sofrer que meu corpo se manifestava sozinho a isso.
Corri para o banheiro mais próximo, ficava no mesmo corredor e me tranquei, não queria que ninguém me visse...
Quando eu imaginava que tudo poderia ficar bem, acontecia isso. Logo agora que estava começando a mais uma vez quebrar minhas barreiras. As lágrimas não cessavam, fiquei ali dentro da cabine do banheiro por algum tempo até me recuperar.
Queria fugir dali, mas não poderia, precisava encarar e visitar a Vitória, tinha que falar com ela sobre a cirurgia da Helena, os cuidados que deveria ter e tudo que se referia a isso.
E também cheguei a cogitar que o Rodolfo poderia estar ali apenas pela bebê, Vitória reforçou várias vezes que eu pediria o divórcio, então ainda haviam esperanças.
Respirei fundo, sequei minhas lágrimas e sai da cabine. Antes de sair do banheiro, me arrumei de frente para o espelho e falei em voz baixa para mim mesma : " Eu me amo e me respeito ". Quando eu falava isso eu acreditava que deveria aceitar o destino me respeitando em primeiro lugar. Minha terapeuta sempre dizia que eu costumava me anular e isso me prejudicava em todos os sentidos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nova chance para o Amor
FanfictionSuzana (Suranne Jones) amou sem limites sua melhor amiga a Helena. Na época era um amor proibido, Helena teve medo de assumir o romance e deixou Suzana para casar e ter filhos. Suzana seguiu a vida, formou em medicina e reencontrou com Helena alguns...