No qual nosso herói e nossa heroína mergulham de cabeça.
Não quero perder a esperança, mas confesso que tem sido difícil manter o otimismo em relação ao plano de reconquistar o raio de sol.
Depois do dia que a procurei e almoçamos juntos, não tive mais nenhuma ideia para me reaproximar dela aos poucos. No fundo, acho que eu esperava que não fosse necessário pensar no movimento seguinte; pensei que ela sentiria minha falta antes e logo daria o próximo passo por si só.
Contudo, a semana foi passando, e nem sinal da bendita criatura.
Para piorar, Jarvis anda me azucrinando, dia após dia, com seus conselhos impertinentes. Ele argumenta que, uma vez que o plano não esteja saindo como o desejado, preciso mudar de estratégia. Em resumo, procurar Maria, jogar limpo com ela e dizer que lhe quero de volta.
Será que daria certo deixar a máscara cair assim ou isso apenas faria a dama mordaz fugir de mim?
Se fugisse, como eu conseguiria lidar com a rejeição e frustração?
Pior, ela ficaria com raiva por eu ter mentido sobre a proposta de amizade?
Enquanto não encontro respostas que me deem alguma segurança, tenho continuado assim, estagnado. E de mau humor, segundo Jarvis.
Pelo menos, consegui me livrar dele por hoje, dando-lhe uma folga extra e praticamente lhe enxotando da mansão há pouco.
Um barulho estridente vindo de alguma cadeira perto da piscina me faz concluir que, na verdade, não me livrei coisa nenhuma. O teimoso ainda está por aqui.
Expiro com força e xingo baixinho antes de resmungar em alto e bom som:
— Jarvis, pela milésima vez, hoje é a sua folga, não precisa se preocupar com o meu almoço. Se eu sentir fome, dou uma olhada na cozinha ou saio pra comer alguma coisa, mas duvido que será necessário. Como eu já disse, mil vezes também, estou sem o menor apetite. Aliás, sem a menor vontade de fazer qualquer coisa hoje. Só quero ficar sozinho aqui, pode ser? Obrigado. Tchau.
Alguns segundos depois, uma voz retruca cheia de desfaçatez:
— Um dia tão lindo e uma piscina tão convidativa não combinam com tanto mau humor. O que te aflige, Howard?
Abro os olhos, alarmado. Porque não é a voz de Jarvis.
Recuso-me a acreditar que foi uma alucinação.
Surpreso e com uma estranha palpitação no centro do peito, mexo-me na espreguiçadeira a fim de girar o corpo para encontrar a origem desse som. Abaixo o óculos de sol e estreito o olhar na direção da ninfa em forma de mulher a poucos metros de distância.
— Você! — respondo, embora Maria não esteja me afligindo nesse momento, para ser justo.
Ao contrário, sua presença é simplesmente um deleite. O que me atormenta mesmo é a sua ausência.
Abro um sorriso devagar porque é meio impossível não sorrir para ela. E também é inviável permanecer sentado por mais tempo. Quando dou por mim, já levantei e estou caminhando até Maria.
Quando me detenho em sua frente, ela brinca de modo teatral:
— Surpresa!
Por falar em surpresa, ainda não assimilei essa situação e me sinto meio aparvalhado diante dela.
Podem me chamar de convencido, mas também sinto Maria um tanto desnorteada enquanto olha para mim.
Sendo mais específico, percebo muito bem o rápido olhar que recai no meu peito, já que o roupão está meio desalinhado nessa parte de cima e deixou um bom pedaço de pele à mostra.
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Gênio Infame, Dama Mordaz
FanfictionDepois de sofrer uma desilusão amorosa, Maria Carbonell prometeu que nunca mais cairia nas garras de mulherengos traidores. Agora, ela só quer seguir em frente de cabeça erguida. Cientista e empresário brilhante, Howard Stark não esconde de ninguém...