Doce Perdição

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No qual nosso herói e nossa heroína...


No fundo, eu desconfiei que estava perdida no instante em que cruzei o portão da mansão Stark. Tomei consciência que não era forte o bastante para resistir à tentação quando vislumbrei o dono dela, deitado de modo relaxado e alheio a minha presença, naquela espreguiçadeira diante da piscina. Eu percebi que estava embarcando em uma batalha que não poderia vencer no momento em que ele colocou os olhos em mim e sorriu, lânguido e incrivelmente sincero. Tanto percebi que cheguei a cogitar dar meia volta, sair pela tangente e, com sorte, conseguir escapar da força magnética que Howard ainda exerce sobre mim.

O que me surpreende é que estou satisfeita comigo mesma por não ter ido embora. Orgulhosa, atrevo-me a concluir.

Primeiro, porque não me perdoaria se fugisse dele feito uma covarde. Segundo, porque... o patife tem razão num ponto crucial, eu sinto saudade dele. E de nós dois juntos. Tanta que chega a doer.

Então, se posso fazer algo para aplacar essa dor, vivendo o agora com ele pura e simplesmente, com a promessa de que não precisarei tocar no assunto depois, nem mesmo pensar a respeito, por que não me permitir e mergulhar, por um momento que seja, nessa doce perdição?

Sim, doce.

Tão doce quanto os beijos que me deu ainda na piscina. Tão doce como a sua respiração contra o meu pescoço enquanto ele o trilhava com mais beijos. Tão doce quanto o rompante que parece tê-lo dominado ao me pegar no colo e me trazer até seu quarto. Tão doce quanto o resvalar de seus dedos agora em minha pele à medida em que ele desliza o maiô pela minha cintura lentamente, por meu quadril, pernas e, por fim, passando pelos meus pés.

Completamente despida diante do seu olhar dardejante de paixão, só consigo imaginar que longe de Howard Stark, talvez, eu ficaria a salvo. Porém, não estaria feliz como me encontro agora, com essa sensação de plenitude e expectativa ganhando força dentro de mim a cada instante.

É engraçado, não me sinto mais como alguém que perdeu a batalha. Sinto apenas que estou me rendendo ao inevitável, estratégica mas também de corpo e alma, pois me entregar ao gênio infame agora é algo que realmente quero fazer. Que preciso fazer. Nem que seja só por hoje. Só para matar a saudade, como ele, indecentemente, sugeriu quando estávamos na piscina lá fora.

Paro de pensar nessas reflexões quando Howard solta o meu maiô no chão, permitindo que a peça encontre o seu roupão largado por ali também. Depois, ele segura um dos meus tornozelos entre as mãos, lança-me um olhar perigoso e dá um beijo um tanto reverencial nele.

A carícia me causa cócegas e uma risada me escapa.

O patife me encara com certo ar de protesto antes de beijar o outro tornozelo com a mesma deferência.

Aperto os lábios para não rir de novo.

— Você não faz ideia do quanto eu sonhei com isto — ele confessa de repente, o ar fresco da respiração soprando em minha pele ainda úmida da piscina. — Você. No meu quarto. Na minha cama. — Ele se curva em minha direção e beija meu joelho com carinho provocante. — Nua...

Respiro fundo, meio desconcertada e irremediavelmente ansiosa.

Howard vem se aproximando pouco a pouco, com a elegância felina de um predador, os olhos cravados nos meus. Encosta os lábios em minha coxa, morde de leve, e eu prendo a respiração de modo involuntário.

Mordo os lábios quando ele me dá mais um beijo. Desta vez, na virilha.

Como se não fosse tortura o bastante, logo é a vez de resvalar um beijo suave no meu baixo ventre, causando um furor delicioso pelo meu corpo inteiro.

Gênio Infame, Dama MordazOnde histórias criam vida. Descubra agora