"No qual nosso herói e nossa heroína aproveitam cada momento."
Trabalhei a manhã inteira pensando na dama mordaz e no quanto ela é doce ao mesmo tempo. Um verdadeiro enigma em forma de mulher. Um encanto no qual me perdi e agora estou irremediavelmente preso.
O mais surpreendente nessa história é que estou feliz por ter virado refém de um sentimento novo e tão forte que me pôs de joelhos. Se eu tivesse imaginado como era bom estar apaixonado, teria prestado mais atenção às mulheres ao meu redor antes.
Se bem que nenhuma delas era Maria Carbonell e, por isso mesmo, não despertaram tal paixão em mim. Elas não poderiam. Meu coração, enterrado no corpo de um libertino e anestesiado por aventuras efêmeras, estava esperando por ela para vir à tona, se libertar e bater de verdade.
Enquanto eu trabalhava assobiando no meu laboratório, também fiquei pensando nos limites que Maria impôs à nossa relação dentro da minha propriedade.
Embora uma parte de mim tenha ficado muito frustrada por não poder agarrá-la em cada canto e beijá-la como bem desejo sempre que quiser, entendi o seu lado na questão. No fundo, admiro Maria por ser alguém tão obstinada a ponto de resistir ao meu charme inegável em prol de suas convicções pessoais.
O resumo da ópera é que Maria não quer misturar as coisas no território profissional mais do que nós já misturamos. Porque ela gosta e precisa desse trabalho, da sua independência financeira, de ser útil. É uma mulher forte e especial, sem dúvida.
Por outro lado, pensando em aproveitar cada minuto em que os papéis de patrão e empregada ficarão em suspenso, convidei Maria para almoçar comigo no seu intervalo de refeição.
Para meu deleite, o raio de sol ficou tão descompassada quando sussurrei a proposta em seu ouvido, enquanto ela arrumava a sala de estar, que balançou a cabeça de maneira afirmativa num gesto sútil e sorriu, parecendo nem perceber que fez tais coisas.
Ao me afastar, fiz questão de passar os lábios muito perto de sua boca de modo perigoso, deliciando-me ao ver que Maria entreabriu os dela também sem notar.
Não a beijei. Não por falta de vontade, já que estava muito inclinado a sucumbir à armadilha que eu mesmo criei. Entretanto, Maria estava em horário de serviço naquele instante, e eu prometi respeitar suas regras quanto a isso, não prometi?
Quando veio me encontrar à mesa no jardim — porque eu propus um almoço ao ar livre —, tive certeza que ela se jogaria nos meus braços. Ao notar Jarvis saindo da mansão, segurando a enorme bandeja com a refeição e ultrapassando-a com as pernas compridas que ele tem, Maria estacou o passo de maneira tão cômica que meu peito encolheu em solidariedade.
Ela ainda estava visivelmente constrangida e incerta quando afastei a cadeira para que se sentasse ao meu lado. E continua assim agora, enquanto meu mordomo e melhor amigo dispõe os pratos e talheres sobre a mesa com precisão clínica.
Combinei com Jarvis que eu mesmo serviria nós dois, porém ele fez questão de ajeitar a entrada e os refrescos.
Depois de muitas orientações sobre o cardápio preparado e de fazer uma boa propaganda do suflê de frutas vermelhas como sobremesa, ele enfim se despede com um meneio de cabeça, vira-se e está prestes a dar o primeiro passo quando...
— Sr. Jarvis! — Maria chama num tom alto demais, causando um sobressalto no pobre homem.
Ele se volta para ela de imediato.
— Pois não, Srta. Carbonell?
Inquieta, Maria se mexe na cadeira e pergunta com um desconforto que me intriga:
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Gênio Infame, Dama Mordaz
FanficDepois de sofrer uma desilusão amorosa, Maria Carbonell prometeu que nunca mais cairia nas garras de mulherengos traidores. Agora, ela só quer seguir em frente de cabeça erguida. Cientista e empresário brilhante, Howard Stark não esconde de ninguém...