Doçura Selvagem

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"No qual nossa heroína toma duas decisões."


Não acredito que você foi capaz de cometer tamanha estupidez, Maria! Onde diabos estava com a cabeça? Beijar o seu patrão! Howard Stark! O gênio infame, o mulherengo que não leva nenhuma mulher a sério, o patife! Um homem por quem você não devia ter se apaixonado, para começo de conversa! E enquanto ele dormia! O homem dormia, pelo amor de Deus!

No que você estava pensando quando teve essa brilhante ideia? E o que esperava que fosse acontecer? Como pôde não medir as consequências do seu ato? Como pôde não se importar?

O problema é justamente esse. Eu sabia que havia um risco, que ele podia acordar a qualquer momento e, apesar disso, arrisquei tudo. E com certeza também sabia que era errado beijá-lo por uma série de motivos, inclusive porque ele estava dormindo!

Atormentada pelo que fiz essa manhã, gemo de desespero, sopro o ar com força e praguejo baixinho, enquanto meu rosto esquenta com a lembrança de tudo.

A única coisa que me mantém um pouco menos aflita é o esforço que faço para me concentrar no trabalho. Tirando o pó das estantes na biblioteca e colocando os livros por autor e ordem alfabética de volta aos seus respectivos lugares me distraio um pouco e quase esqueço como fui uma idiota. Quase.

A cadeira reclinável de leitura, na qual encontrei o Sr. Stark esparramado essa manhã, me encara como um lembrete, feito uma testemunha do momento insano e constrangedor que protagonizei por escolha própria.

Foi exatamente isso, aliás. Escolha própria. Eu me coloquei na situação porque quis, porque agi por impulso, porque não estava pensando em mais nada que não fosse ele, porque simplesmente não resisti à ideia de beijar... Howard Stark. Uma única vez que fosse. E consegui.

— Excelente trabalho, sua tonta! — resmungo, inconformada com minha estupidez.

O pior é que agora ele deve estar se sentindo um rei! E com toda a razão! E por minha culpa!

Como se não bastasse todo esse tormento no qual me coloquei, ainda estou perturbada pelas coisas que o Sr. Stark disse. E pela maneira segura e provocativa como as disse.

Ele falou mesmo que me quer? E o que exatamente posso concluir disso? Que ele me quer como deseja todas as mulheres à sua volta? Apenas para uma aventura? Nada mais, certo? Nesse caso, por que dizer algo tão óbvio e com tanto... ardor?

Engulo em seco, sentindo meu corpo inteiro se arrepiar ao lembrar do olhar quente que o Sr. Stark manteve no meu enquanto dizia aquelas coisas perturbadoras. E ele falou mesmo que eu o quero?

Maldição... Como eu gostaria de desmenti-lo, mas a essa altura é inútil negar.

Eu cheguei a tentar, inclusive, rindo como se tivesse ouvido um tremendo absurdo. Só que, lá no fundo do meu coração idiota, sei que é a mais pura verdade, que Howard Stark está coberto de razão sobre o que sinto por ele, que estou perdida.

Eu o quero sim. Muito. Não devia, mas quero. Para o meu desespero, para minha surpresa. Não estava nos meus planos me apaixonar de novo. Pelo menos, não por ele. Muito menos por ele. Ainda assim... aqui estou eu. Apaixonada por um homem de quem não sei o que esperar.

E maldição, apesar de toda essa dor de cabeça que o beijo suave nos lábios dele me trouxe, eu não consigo me arrepender por completo de ter feito aquilo. Porque foi bom. Incrivelmente bom para um resvalar despretensioso de lábios. Foi... revelador. Foi como acordar depois de um sono longo e profundo. Como sentir o mundo à minha volta pela primeira vez. Um mundo belo e vibrante.

Gênio Infame, Dama MordazOnde histórias criam vida. Descubra agora