Sobremesa

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No qual o nosso herói e a nossa heroína pulam o jantar...

Estou profundamente grata a Jimmy por ter engolido o orgulho besta e acertado os ponteiros com Howard essa manhã. Apesar disso, meu irmão me irritou pelo resto do dia pois, quando perguntei por que veio me visitar afinal, ele desconversou, sugeriu almoçar comigo amanhã no intervalo do meu trabalho, depois sugeriu um lanche depois do expediente e por fim simplesmente sumiu do mapa sem esperar por minha resposta e sem me contar em qual hotel encontra-se hospedado.

Alguma coisa está acontecendo e o trouxe para Nova York de novo, disso eu tenho certeza. Não preciso ser muito perspicaz para supor que tem algo a ver com o infeliz do William. O que me deixa apreensiva, por mais que ele seja uma página virada na minha história.

Seja lá o que estiver acontecendo, decido que não vou ficar com caraminholas na cabeça esta noite. Não quero que nenhum problema me acompanhe feito um fantasma até a mansão Stark. Quando eu cruzar aquele portão novamente, quero esquecer de tudo e aproveitar o resto desse domingo nos braços do patife delicioso.

Patife delicioso... Seguro o riso e faço uma nota mental para nunca dizer isso em voz alta.

A necessidade por ele é tanta que chega a doer e vai muito além do anseio físico. É um sentimento tão forte e criou raízes tão profundas que é difícil acreditar que, há poucos meses, eu o julgava um completo idiota e o último homem na face da Terra com quem imaginaria ter um romance.

— Chegamos, Srta. Carbonell.

O aviso do Sr. Jarvis me arranca desses pensamentos e só então percebo que o carro com o qual ele me buscou no Griffith já está dentro da propriedade de Howard. Num instante, a porta do veículo é aberta para mim e eu aceito a mão do Sr. Jarvis como apoio para sair. Ele me acompanha até a porta da mansão, gira a maçaneta e abre a porta, dando-me passagem.

Depois que passo pelo umbral, olho para trás e questiono:

— O senhor não vai entrar?

Com uma postura rígida e muito profissional, ele responde:

— Não, fique à vontade. O jantar está pronto e o Sr. Stark dispensou os meus serviços pelo resto da noite. Com a sua licença, senhorita.

Ele fecha a porta um instante depois, sem me dar tempo de replicar e me deixando sozinha na imensa e silenciosa sala.

Acho que foi melhor ele ter desaparecido tão rápido porque se houvesse permanecido um ou dois segundos a mais na minha frente, teria visto o meu rosto corar exponencialmente e seria constrangedor.

Não estou fazendo nada de errado, eu sei; ainda assim, fico sem graça por estar aqui no meio da noite. Aposto como o Sr. Jarvis deve imaginar aonde esse jantar irá me levar e é embaraçoso sentir minha intimidade tão exposta.

Tentando desanuviar a mente, caminho devagar até a mesa, admirando um lindo arranjo de flores no centro dela. Os pratos estão cobertos por cloches de inox que devem manter a comida numa temperatura agradável. Uma garrafa de champanhe que descansa em um balde de gelo e outra de vinho esperam pelo momento de serem servidas em delicadas taças de cristal.

— Se me recordo bem, você disse sobremesa primeiro. Jantar depois.

A voz inconfundível do patife me faz olhar de imediato para a escada, de onde o som se originou. Ele está na metade dos degraus, apoiado no corrimão, vestindo o seu roupão favorito, que já considero um clássico, e exibindo um sorriso enviesado enquanto me observa. Um sorriso capaz de incendiar uma plantação facilmente.

É bom que ele esteja a certa distância, pois assim não pode notar o novo rubor que se espalha em meu rosto. Se eu ganhasse um dólar para cada vez que isso acontece comigo, Howard não seria o único milionário na sala.

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⏰ Última atualização: Jul 06 ⏰

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Gênio Infame, Dama MordazOnde histórias criam vida. Descubra agora