Café da manhã

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No qual a nossa heroína precisa de um espelho; e o nosso herói, de jogo de cintura.


Howard Stark me transformou em uma devassa. Ou, pelo menos, despertou a devassa que eu não sabia existir dentro de mim até conhecê-lo. De um jeito ou de outro, a culpa é dele! Aquele demônio...

Sinto o rosto aquecer só de lembrar que me sentei em seu colo com a intenção de seduzir. E que quando ele deslizou a mão pela minha perna, quase esqueci de tudo e me deixei seduzir! Só o que desejei foi que os dedos ágeis subissem mais um pouco e se perdessem em mim do jeito pecaminoso que só o patife descarado sabe fazer.

Esses são os pensamentos nada decentes que me acompanham enquanto sigo — com as pernas ainda trêmulas de desejo e o coração acelerado — pelo jardim de sua mansão.

Levo a mão à boca, contendo um riso ao me lembrar do que lhe respondi sobre jantarmos mais tarde. Eu sugeri mesmo que devemos começar pela sobremesa para abrir o apetite? Usando a palavra sobremesa de uma maneira... hum, corrompida e sensual?

Tento afastar todo e qualquer pensamento quando avisto meu irmão e o Sr. Jarvis conversando à beira da piscina, mas até isso — a piscina, no caso — me remete a lembranças libidinosas do gênio infame e é difícil ignorar a ansiedade para que o dia passe voando e a noite chegue logo. Nunca desejei tanto uma deliciosa sobremesa!

Ao me ver, o mordomo lança um olhar discreto e depois... meio encabulado em minha direção. Jimmy, que estava de costas para mim, vira-se e tem a mesma reação que ele. Quase a mesma, para ser justa. Seu olhar não é discreto como o do Sr. Jarvis, é alarmado e em seguida... desconfiado? Indignado? Furioso? Um pouco de cada coisa.

O que aconteceu com você? E por que demorou tanto? — meu irmão questiona, e suas narinas ficam meio dilatadas enquanto ele escrutina meu rosto.

Por falar em meu rosto, ainda o sinto quente, deve estar bem ruborizado. Meus lábios ainda estão ardendo pelos beijos. E não preciso passar as mãos pelo cabelo para deduzir que talvez estejam um pouco desalinhados também. Tudo em mim, inclusive a respiração um tanto ofegante, deve exalar... devassidão.

Por um instante, pergunto-me se Howard me deixaria sair da casa sem um mísero alerta sobre minha aparência. E no instante seguinte, lembro que ele, de fato, não fez qualquer menção de me avisar.

Aquele. Demônio.

Por mais que estivesse atordoado de excitação e por isso incapaz de raciocinar direito, aposto que uma parte de Howard ficou feliz ao imaginar que Jimmy me veria assim e tiraria conclusões óbvias. E erradas porque não aconteceu nada entre nós. Digo... aconteceu alguma coisa certamente, mas não tudo o que poderia ter acontecido. Ou seja, estou levando a fama sem ter me deitado na cama. Infelizmente.

Expiro com força, com raiva de Howard e Jimmy ao mesmo tempo, e ergo o queixo reunindo certa dignidade para responder apenas a última pergunta:

— Eu estava convencendo o patife a conversar com você, ora!

Jimmy abre a boca para dizer algo. E fecha, sem ter dito nada. Suponho que ele fosse questionar em tom acusatório "Convencendo de que forma?"

Para meu alívio, achou melhor não perguntar. Talvez por perceber que não é da conta dele. Ou, o mais provável, porque no fundo prefere não confirmar os detalhes. Melhor assim.

— Ele vai demorar um pouco, mas irá te receber, é o que importa.

Ao lado dele, o Sr. Jarvis convida:

Gênio Infame, Dama MordazOnde histórias criam vida. Descubra agora