Contagem Regressiva

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"No qual nosso herói conta de 5 a 1, e nossa heroína fica em choque."

Um formigamento. Um quente e delicioso formigamento. Foi essa a sensação que atingiu minha pele ao segurar a mão da adorável - e mordaz - Maria Carbonell por apenas alguns segundos.

Confesso que fiquei um tanto desnorteado e tentado a não soltá-la nunca mais. Porém, clamando à voz da razão, consegui romper o contato e disfarçar meu estranho abalo, antes que a situação ficasse constrangedora.

Como cientista, eu diria que a sensação despertada pelo seu toque foi algo quase magnético. Como homem, não tenho ideia do que diabos aconteceu comigo quando sua pele encostou na minha com tanto... calor e suavidade.

Agora, por sobre o ombro, acompanho os passos ligeiros dela. Maria deixa a Marsh's Bakery enquanto me pergunto se a verei de novo. Não resisto e dou uma olhada - talvez a última - nos seus delicados tornozelos.

Orgulhosa, ela não lança um olhar sequer para trás e, infelizmente, logo desaparece do meu alcance.

Ciente de que a decisão de aceitar ou não trabalhar para o homem que despreza gratuitamente é apenas dela e que fiz o meu melhor para convencê-la que é uma boa oportunidade de emprego, endireito-me na mesa e termino o café.

Apesar de manter a imagem de homem inabalável, a agitação dentro de mim ainda persiste e um meio sorriso acaba por romper a superfície.

- Que criatura peculiar e atrevida - penso alto, deixando uma boa quantia sobre a mesa, suficiente para a despesa da refeição e uma generosa gorjeta também.

Saio da Marsh's Bakery assobiando, as mãos no bolso. Com um curioso sentimento de felicidade, sigo pela calçada até o meio-fio. Entro no carro assim que Jarvis, sempre a postos, abre a porta traseira do sedã.

Mal se acomoda no banco do motorista, ele me olha pelo retrovisor e indaga de um jeito intrigado:

- Sr. Stark, desculpe a indiscrição, mas aconteceu alguma coisa lá dentro? Atípica?

Alguma coisa? Definitivamente, sim. Atípica? Com certeza. Só não me peça para explicar o que foi aquilo. Penso, porém o que digo é uma réplica:

- Por que a pergunta, Jarvis?

Depois de dar a partida e com as sobrancelhas ligeiramente arqueadas, ele reformula:

- Eu vi a Srta. Carbonell deixando o lugar e imagino que vocês tenham se encontrado e conversado. Acontece que ela me pareceu, hum, desnorteada demais.

Não nego, uma ponta de orgulho me invade ao ouvir isso. Interessado, alimento a conversa:

- É mesmo? Desnorteada em que sentido?

Ele pensa um pouco, como se visitasse a lembrança por um momento, e só então esclarece:

- Ela passou por mim e não me viu. Apesar dos meus acenos e chamados, ignorou totalmente tais cumprimentos. Não por falta de educação, presumo, mas porque estava muito absorta e um tanto atrapalhada com as próprias pernas. Tenho certeza que a Srta. Carbonell tropeçou no mínimo duas vezes antes de dobrar a esquina.

Aquela ponta de orgulho vira uma montanha, fico profundamente satisfeito por tomar conhecimento do estado dela ao desaparecer de minhas vistas.

Por baixo da muralha que ela sustenta de forma tão defensiva, existe uma mulher que, talvez, não seja tão imune assim aos meus encantos.

- Não me diga, Jarvis. Folgo em saber. - Recosto-me no banco e dobro os braços atrás da cabeça. - Então ela também sentiu aquela... fagulha - deduzo, murmurando baixinho.

Gênio Infame, Dama MordazOnde histórias criam vida. Descubra agora