Os chuviscos frios penetravam em minha pele enquanto olhávamos as palmeiras balançarem com o vento forte da noite.
- Me conte seus desejos secretos, Drew.
Ele curva um dos cantos da boca em um pequeno sorriso espiando a chuva aumentar lá fora.
- São...
Algumas semanas se passaram desde que vim para Chicago pra ficar com minha mãe. Nesse periodo, ela passou por mais 2 sessões de quimioterapia e parecia estar bem, embora um pouco rabugenta. Ela ficava um pouco irritada quando a ajudavamos com os remédios ou quando perguntavamos se ela estava bem a cada segundo, todos os dias. Suas mãos as vezes tremiam muito e quando acontecia, eu sentia muito medo e seus cabelos começaram a ficar muito ralos e ela decidiu raspar. Foi até engraçado no dia quando Paul se ofereceu pra raspar também em solidariedade e ela brigou com ele falando que não queria que os outros pensassem que eles eram um casal de pirulitos ambulante.
Mas, ela continuava linda. Até quis comprar uma peruca para testar, mas disse que se sentia uma idiota usando aquilo, então ela afirmou que se sentiria melhor se tratassemos aquilo como uma piada... É, acho que eu puxei minha mãe em questão a isso porque agora ela se sente melhor quando falamos "Caramba, deixa eu ver como a luz está pela sua careca" ou "Quem quer ver o futuro na careca da mamãe?"
Ela sempre ria com isso e era uma maneira de faze-la se sentir melhor, então nos obrigavamos a esquecer as vezes que ela tinha uma doença.
Drew parou de me ligar e mandar mensagens a mais ou menos uma semana e eu... Sinto muito a sua falta. Sinto falta do seu cheiro, de me sentir acolhida, do abraço de urso, do seu sorriso, da sua voz, de tudo... As vezes fico olhando para a puseira em meu pulso e começo a chorar, pensando se ele ainda usa a dele.
Ontem a noite quando fui dormir, eu não parava de pensar no que aconteceu. Será que eu estava agindo feito uma neurótica? Eu claramente não estava bem e precisava dele, mas eu não conseguia parar de pensar em como fui traída. Não conseguia parar de pensar em Drew com ela também. Era uma tortura.
— Até quando vai se torturar desse jeito filha? — minha mãe pergunta como se lesse minha mente.
Estávamos na clínica para o terceiro ciclo da quimioterapia. Eu odiava aquele lugar, pois fazia o câncer parecer mais real do que eu podia encarar, mas fiz o melhor que eu pude para esconder esse medo durante o tempo que estou aqui. Mamãe precisava que eu fosse forte.
Mas, era difícil pra mim observar as enfermeiras colocarem vários cateteres nos braços da minha mãe. Ela estremecia de dor, e isso era quase a morte pra mim. Ainda assim, tendo agir normalmente.
— Não sei do que está falando.
— Você ama esse rapaz e eu tenho certeza que ele te ama também minha filha. Por que não dá uma chance pra ele se explicar?
Reviro os olhos, negando.
— Eu... — respiro fundo. Não posso mencionar meu relacionamento com Logan, ela não sabe nem da metade do que rolava entre eu e ele. — Não quero pensar nele.
