Os chuviscos frios penetravam em minha pele enquanto olhávamos as palmeiras balançarem com o vento forte da noite.
- Me conte seus desejos secretos, Drew.
Ele curva um dos cantos da boca em um pequeno sorriso espiando a chuva aumentar lá fora.
- São...
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➤ 𝐍𝐚̃𝐨 𝐬𝐞 𝐞𝐬𝐪𝐮𝐞𝐜̧𝐚𝐦 𝐝𝐞 𝐜𝐮𝐫𝐭𝐢𝐫 𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐚𝐫 🩷
Em um segundo eu estava de pé e no outro estava deitada no chão com o rosto pressionado contra a grama, Aaron cobrindo meu corpo com o dele e gritos ecoando pelo parque.
Aconteceu tudo tão depressa que meu cérebro levou varios instantes para alcançar meu coração acelerado.
Jantar. Parque. Tiros. Gritos.
Palavras individuais que faziam sentido sozinhas, mas eu não conseguia juntá-las em um pensamento coerente.
Houve outro tiro, seguido por mais gritos. Aaron, em cima de mim, resmungou um palavrão, mas a voz dele era tão baixa e ríspida que eu mais senti do que ouvi.
— Quando eu contar até três, corremos para o meio das árvores. — a voz firme dele amenizou um pouco meu nervosismo. — Entendeu?
Assenti. O jantar ameaçava voltar, mas me obriguei a manter o foco.
Não podia surtar, não quando estávamos expostos a um atirador.
Agora eu o via. Estava tão escuro que eu não conseguia ver mais detalhes além do cabelo dele e as roupas. Moletom, calça jeans, tênis. Tudo em preto, e isso o tornava mais aterrorizante.
Estava de costas para nós, olhando para alguma coisa, para alguém - uma vítima -, mas podia se virar a qualquer instante.
Aaron mudou de posição para eu poder me apoiar sobre as mãos e os joelhos, sem me levantar. Tinha sacado a arma, e o homem tenso, mas atencioso, do jantar havia desaparecido, substituído por um soldado frio e duro.
Focado. Determinado. Letal.
Pela primeira vez, vislumbrei seu lado militar e reparei que Aaron escondia bem uma arma em suas roupas, e um arrepio percorreu minhas costas. Tive pena de qualquer um que tivesse sido forçado a enfrentá-lo no campo de batalha.
Aaron contou com a mesma voz calma:
— 1...2...3
Eu não pensei. E corri.
Outro tiro soou atrás de nós e eu me encolhi e tropecei em uma pedra. Aaron segurou meus braços com mãos firmes, ainda usando o corpo como um escudo para proteger o meu, e me guiou para a parte mais densa das árvores, no limite do parque. Não podíamos chegar à saída sem passar diretamente pelo atirador, onde não havia nenhum tipo de proteção, por isso teríamos que esperar a polícia chegar.
Eles chegariam logo, certo? Alguém no parque já devia ter chamado a polícia.
Aaron me empurrou para baixo e para trás de uma árvore grande.
— Espera aqui e não se mexa até eu dar o ok — ordenou. — Acima de tudo, não deixe ninguém te ver.
