Capítulo 149

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Day's POV

Durante o caminho para minha casa, Carol havia me dito que tinha uma surpresa pra mim, eu não tinha ideia do que poderia ser, mas como já estávamos perto da minha casa, resolvi não fazer perguntas e apenas esperar até a hora que ela fosse me mostrar.
Quando o Uber parou em frente a casa, Carol pagou o motorista e nós descemos. Eu estranhei que todas as luzes estavam apagadas, Zayn deveria estar em casa, então porque nenhuma luz estava acesa?

- O que tá acontecendo? - Perguntei pra Carol que continuou seu caminho até a porta.

- Você não vai saber se ficar parada aí, vem amor, vamos entrar. - A ruiva falou, esperando eu me aproximar para abrir a porta. Nesse ponto eu já imaginava o que estava a minha espera, só não tinha a total certeza.

A porta foi aberta e a luz acesa, eu tomei um susto quando ouvi gritos de "bem vinda de volta", era algo clichê e besta, mas tirando o susto que eu tomei, a surpresa tinha deixado meu coração quentinho. Todos meus amigos estavam ali, meu irmão, minha mãe, até alguns alunos que eram mais próximos de mim estavam presentes. Carol entrou logo atrás de mim, ela tinha um sorriso enorme no rosto, provavelmente percebeu que eu tinha amado a surpresa e estava feliz de ver todos ali por mim. Cada um deles me deu um abraço, alguns me falaram algumas coisas, outros brincaram falando que vaso ruim não quebra e por isso não estavam preocupados, coisas comuns entre amigos, mas eu sabia que todos eles se preocupavam comigo e com meu bem estar, por isso estavam felizes de me ver fora da cama de um hospital de novo. Os dias que passei deitada sem poder me mexer direito foram quase os piores dias da minha vida, só não perdia para a época em que eu estava psicologicamente destruída. Eu preferia tomar outra facada do que ficar do jeito que eu estava quando meu pai foi assassinado. Todos os dias eu sonho que ele vai simplesmente aparecer na minha frente, mas não é algo possível, embora seja algo que eu queira muito. Senti a mão da minha namorada na minhas costas e a encarei, ela mantinha aquele sorriso no rosto, ela era tão linda, eu tinha tanta sorte de tê-la por perto. Talvez tudo que eu preciso está bem aqui na minha frente, eu tenho a mulher mais foda do mundo do meu lado, a mãe mais atenciosa e o irmão mais incrível que eu poderia pedir.

- Tá tudo bem? - Carol perguntou, me tirando completamente da bolha que eu havia criado em mim mesma. Olhei em volta e todos meus amigos estavam fazendo algo, alguns ajudando minha mãe na cozinha, outros mexendo no celular.

- Tá sim, meu amor. Só pensando. - Segurei sua mão e a trouxe até minha boca pra deixar um beijo em sua palma.

- Pensando em que?

- Primeiro eu tava pensando em como eu fiquei feliz de ter todo mundo aqui, aí lembrei do meu pai e dos piores dias da minha vida, mas você chegou com seu sorriso que sempre me deixa boba e eu parei na pensar na sorte que eu tenho por ter você do meu lado, por ter minha mãe e meu irmão que sempre me dão o suporte que eu preciso, vocês são minha família. Eu me sinto uma pessoa horrível por estar falando isso, mas tudo que tá acontecendo hoje, não teria acontecido se meu pai ainda estivesse vivo. - Tentei explicar, eu realmente me sentia péssima de ter sido a culpada pela morte do meu pai, mesmo todo mundo falando que não era culpa minha.

- Então você tá dizendo que mesmo com a morte do seu pai, não mudaria nada do que aconteceu? - Carol perguntou, ela não parecia estar me julgando, só tentando me entender, como ela sempre fazia.

- Basicamente isso. Se ele estivesse vivo, Zayn nunca iria se tornar a pessoa que é hoje, eu nunca teria ficado daquele jeito, mas nunca teria conhecido você. E talvez até conhecesse sua música, mas sem o Zayn pra me apresentar pra você, a gente não estaria aqui hoje. Eu só tô tentando parar de me prender ao passado, ele não vai voltar e nada do que eu faça vai mudar isso. Então eu sei lá, só tô tentando ver o lado bom até dos piores momentos da minha vida. - Eu não poderia ficar me apegando a algo que já passou. Esses meses com a Carol estão sendo os melhores meses da minha vida e eu não queria me sentir mal cada vez que lembrasse da época que eu conheci o trabalho dela.

- Eu te entendo, amor. Você sabe que eu quase nunca falo dos meus pais, porque bom, você sabe que eles não aceitam o jeito que eu sou. Queriam que eu estivesse casada com um homem e sem toda essa exposição que eu tenho como cantora, e por isso eu nem falo com eles hoje em dia, mas eu também tento ver o lado bom disso. Depois que eu me assumi e sumi de casa, minha vida melhorou tanto, tudo começou a dar certo, eu conheci pessoas incríveis que eu jamais teria conhecido se tivesse ficado trancada dentro do armário e presa em casa sem poder ser quem eu sou. Tudo bem que a dor que você sentiu foi maior, mas mesmo assim. - Carol raramente falava dos pais, eu sabia o quão difícil era pra ela, as pessoas que deram vida a ela, não a aceitavam. Não queriam que ela fosse cantora e mesmo depois de dar tudo certo e ela se tornar A Carol Biazin, eles ainda não aprovavam, eu não sei se era orgulho de não querer assumir que estavam errados ou só eram idiotas demais.

- Se for pra falar bem a verdade, eu perdi meu pai e você perdeu seus pais, os dois ao mesmo tempo. Teve que amadurecer antes do tempo, deixou de viver uma parte da sua vida pra ter que lutar só pra ser quem você é. Não existe uma dor maior que a outra. A dor da perda é igual. - Minha ruiva sorriu, balançando a cabeça em negação.

- Essa conversa tá muito profunda pra se ter em uma comemoração, não acha? - Ela brincou e eu ri, assentindo.

- É, acho que sim. - Minha mãe voltou até a sala, avisando que a comida estava pronta e que "pra comer se chama uma vez só". Frases de vó que minha mãe ama usar. Se considerar que ela vai ser vó em breve, faria sentido.

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